Capítulo 16 - Sem Encenação

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Filipe

E lá estava eu, no quarto de uma total estranha que havia me salvado de alguma coisa estranha, na parte superior de uma balada, chorando à morte dos meus pais.

O dia não poderia piorar. Eu sou grato por não ser um Vampiro completo. Eu não suportaria viver a eternidade relembrando a morte de meus pais, eu me mataria. Um dos grandes erros cometidos pela sociedade ao esteriótipar Vampiros, é que eles são insensíveis, sem escrúpulos. É uma mentira absurda, eu não conheço pessoa mais sensível que minha mãe. Conhecia, na verdade...

- Você está bem? - A garota entrou trazendo um copo de água com açúcar.
- Acho que eu nunca vou ficar bem... - Disse enxugando algumas lágrimas secas junto as novas com a barra da capa da minha fantasia de Drácula.

- Não sabia que vampiros se vestiam assim ainda.
- Nós não... Ah deixa pra lá.
- Meu pai deve ter alguma coisa que te serve no quarto dele. Quer?
- Oh, eu não quero incomodar...
- Não é incômodo. - Ela se levantou e rapidamente trouxe uma camisa social de cor vermelha pastel, com pequenas listras azul escuras.
Me troquei ali mesmo, na frente dela.
- Sabe, eu agradeço pelo que fez. Mas eu tenho que ir embora.
- Entendo.
- Mas antes, o que você disse, sobre Puladores? Sono de transição?
- Você realmente não sabe? Você teve algum bruxo na sua família que te ensinou alguma coisa?
- Sim, meu pai. Diogo Treveli.
- Diogo Treveli é seu pai?! - Samanta até prendeu o cabelo quando eu disse isso.
- Sim. Você o conhecia?
- Ele é uma lenda no conselho dos bruxos. Haviam boatos que ele tinha tido um filho com uma vampira, mas parece que não eram só boatos...
- Boatos?
- Você sabe. Antes de tirarem sua magia, ele fez um ritual de sacrifício para que nenhum membro do conselho achasse ele ou sua família.
- Não, não sabia.
- Ele é uma personalidade bruxa! Entrou pra história.
- E agora está morto.
- Oh meu deus, me desculpe. Como eu sou insensível. - Ela até tremeu ao perceber que tinha falado besteira.
- Não tem problema. Só me explique por favor, eu preciso encontrar minha irmã. E eventualmente esses seres. Eles vão pagar.
- Calma aí garoto. Puladores, são só os apelidos dos Khran. São entidades malignas que se apossam de corpos. Uma vez que eles adentram em alguém, o "dono" do corpo está morto para sempre. Você foi muito forte ao resistir a transição. Sorte sua eu estava lá pra te puxar de volta.
- Esse sono? Também é um apelido?
- Na verdade não tem nenhum nome específico. Quando eles tentam entrar no corpo de alguém, a mente da pessoa luta contra uma escuridão e geralmente, elas desistem e assim os Puladores se apossam do corpo. Você resistiu até bastante tempo. Já vi humanos sendo dominados em questão de dez segundos.
- Já viu? E o que aconteceu com eles?
- Eu os matei.
Houve um silêncio por um momento. Foi uma frase um tanto quanto chocante.
- Sim, eu os matei. Puladores tem de ser mortos! Eles só querem expandir a si mesmos possuindo mais corpos e mais corpos, matando as pobres almas fragilizadas por aí. Um só Pulador pode possuir centenas de corpos.
- Você acha que eles podem ser responsáveis por algumas mortes que estão acontecendo?
- Eu tenho certeza. Quando um Pulador não consegue dominar um corpo, ele tende a mata-lo. Isso é um aviso pra você. Eles vão te perseguir...
- Nenhuma novidade. Obrigado pela explicação. - Sai em uma velocidade razoavelmente rápida do quarto.
- Se você precisar de algo, aparece aqui. - Ela gritou.
- Eu venho pra devolver a camisa.

Encontrei com Lúcia em casa. Ela me garantiu que tudo estaria seguro, pois fez um encantamento de sangue para proteger a casa. Usara o sangue de minha mãe, já que já estava morta.
- Eu vou providenciar um enterro digno para eles.
- Nós vamos falar o que para funerária? Que eles caíram do penhasco? Não podemos nos expor.
- Lúcia. Você esqueceu que eu posso hipnotizar qualquer ser humano? Eu vou fazer isso.
...

No dia seguinte estava eu, Lúcia e o pastor que fazia parte da funerária, que dava palavras de conforto à nós. Eu não acreditava naquilo. Nós bruxos sabemos que o destino após a morte é em outra circunstância. Em outras palavras, outro mundo. Nossa essência mágica, retorna para o lar inicial, que é feito de pura magia, o que nos dá o talento atual. Todos vão para lá também, porque todos tem magia, nem que seja muito pouca. Magia faz parte da vivência, é como o combustível de um carro, porém da vida.
- Lúcia! É aquela garota caçadora! Ali!
- Onde? Ela deve ser perigosa. - Provavelmente ela não conseguiria ver, já que era bem longe.
- Ah, na verdade nem tanto. Sabe, agora eu estou preocupado. Com a morte dos meus pais, talvez o conselho venha me matar. O tal feitiço que o Papai fez talvez tenha sido quebrado.
- Como você sabe sobre o feitiço?
- Ela me contou.
- A caçadora?
- Não. A dona da balada, Samanta. Ela é uma feiticeira também, maga na verdade.
- Hm... Você pode ficar tranquilo. O Papai não fez o feitiço com a magia dele. Foi com a minha, já tinham retirado a dele na época. Ou seja, apenas se eu morrer, o feitiço será desfeito.
- Na verdade esse é apenas um dos problemas... Você já ouviu falar dos puladores?
- Entidades antigas extintas. Porque?
- Aparentemente... Tem algum, ou alguns aqui.
- O QUE!?
- Olha! A Garota desmaiou! Vamos lá ajudar.
- Tem certeza? Ela talvez tente nos matar ou algo básico assim.
- Ela precisa entender que eu não sou assassino.

Corri até a garota de forma bem humana, e vi algumas pessoas, provavelmente sua família, lidando com aquilo de forma aparentemente normal. Exceto por uma garota que aparentava ter a minha idade, algo entre vinte dois, e vinte cinco anos.

- Oi. Eu vi que a garota caiu? Ela está bem?
- Ela vai ficar bem.  - Uma mulher mais velha disse.
- Mãe! A Ana desmaiou! Isso é grave! - A Garota que eu mencionara falou.
- Meu nome é Marcus, Marcus Oliver. Sou Médico Cirurgião residente. Vocês permitiriam que eu a checasse? - Menti, convencendo a todos eu acho.
- Claro! Prazer, Julie. - A Garota respondeu.
- Ela está com pulso, mas está febril. Isso já aconteceu antes?
Eu recebi respostas controvérsias entre os membros da família. E de repente com minha audição vampírica, escutei um carro vindo em alta velocidade e estacionando na calçada mais próxima. Saíram quatro homens do carro pelo barulho das portas.
- Se vocês me permitem... - Nem esperei e bati com força em seu tórax e ela acordou subitamente.
Não foi nenhuma manobra de salvamento. Apenas um pouco se magia e encenação.
- Oh, onde eu estou? - Ana disse.
- Ana, esse é o doutor Marcus! Ele te salvou!
- Salvou? O que Julie? Pera aí, Marcus?
- Sim, Marcus. - Olhei fixamente para que talvez ela entendesse o motivo de eu ter mentido. E deu certo.
Fui ajuda-la a se levantar e susurrei em seu ouvido.
- Preciso falar com você, é sobre uma ameaça. E parece que seus amiguinhos de preto ali atrás não gostaram de eu ter te acordado.
Ana se virou rapidamente e viu os caras que a observavam olharem de uma forma estranha e irem embora.
- Então você está se sentindo melhor? - Falei continuando o teatro.
- Sim, estou muito obrigada. Como posso te contatar? - Ela perguntou.
- Ligue para meu escritório. - Rapidamente tirei um cartão de visita com o nome Marcus Oliver e meu telefone, uma das vantagens da manipulação de objetos através de encantamentos ocultos.
- Eu posso ligar também? - A garota ao fundo.
- Claro. Eu tenho horários para todos. - Ana me encarou com desaprovação mas mesmo assim despediu de mim, deixando claro que era a deixa para que eu fosse embora.
- Adeus. - Sai em direção a Lúcia, que estava em frente ao túmulo ainda lamentando.
- Conversou com ela?
- Ela vai me encontrar, vou contar sobre os Puladores.
- Mas você vai ter que me contar primeiro.

AscensãoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang