Capítulo 14 - Túmulo

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Ana

- Christine? - virei para ver quem era e foi como uma luz no fim do túnel.
- Christopher? O que você tá fazendo aqui? - perguntei.
- Você não está vendo? - ele apontou para sua fantasia - eu vim para a... "Festa".
- E coincidentemente você é o...
- Fantasma da Ópera. Mas... Cadê o seu Fantasma da Ópera?
- Parece que ele foi embora. Mas pelo menos alguém reconheceu minha fantasia.
- Haha! Eu não estou entendendo o que aconteceu aqui. Mas enfim, eu te levo pra casa assim você pode me explicar melhor.
- Ok! - fomos até seu carro e não foi difícil acha-lo, já que não tinha mais nenhum estacionado perto dele.
No caminho eu expliquei tudo que tinha acontecido. Falei da garota que foi morta no meio da festa e que depois encontrei dois sobrenaturais, mas não consegui lutar contra eles e que havia uma garota que podia conversar com a morta... Ele ficou calado por um tempo.
- O que foi? Porque você não fala nada? - perguntei.
- É só que... Eu não entendo vocês!
- Peraí, 'vocês' quem?
- Vocês da agência, os caçadores. É que vocês não pensam antes de agir.
- Do que você tá falando? Você também é um de nós.
- Eu sei, mas eu não tenho escolha. Mas como eu estava falando, você começou a ameaçar aquele garoto sem nem saber se ele realmente tinha matado alguém. Você simplesmente tentou o matar porque ele é... Diferente.
- Não é só porque ele é diferente. Ele é uma ameaça. E que história é essa de "eu não tenho escolha"? - perguntei, cruzando os braços de tanta raiva.
- Eu não posso contar. É essa aqui? - ele apontou para uma casa com fachada branca.
- Não! Mas pode parar aqui mesmo.
- O que foi? Eu posso te levar até sua casa!
- Eu sei, mas é que minha mãe me deixou de castigo e eu tenho que entrar sem ela perceber. Não quero que ela veja seu carro na porta.
- Tem certeza que é só isso?
- Tenho - falei desinteressada - Obrigada por me deixar aqui - sai do carro e o ouvi dizer 'tchau'.
Agora eu teria que encarar minha mãe ou tentar entrar sem ela perceber, o que seria totalmente impossível já que ela provavelmente já sabia do meu sumiço.
Resolvi entrar pela frente já que ia receber xingamentos de qualquer jeito.
Quando entrei, vi minha mãe sentada no sofá ligando desesperadamente para alguém e meu pai com as mãos na cabeça olhando para ela. Não vi sinal de Julie.
- Ah! Graças à Deus! - Mamãe veio correndo em minha direção e já ia me abraçar, mas depois olhou para minha roupa e começou a me dar vários tapas no braço  - Onde você se meteu, menina?
- Ai, mãe. Para! - falei enquanto desviava dos seus tapas - eu fui numa festa.
- Assim?! - meu pai perguntou.
- Era à fantasia. Eu vou tomar um banho.
- Não sem antes a gente conversar. Isso aqui é sangue? - minha mãe pegou na barra do vestido e perguntou.
- O quê? Não! Era uma festa a fantasia. Isso é sangue falso - disfarcei. Devo ter esbarrado no chão na hora que atacava Filipe - Agora deixa eu ir, por favor?
- Pode ir. Mas não pensa que se safou dessa. Isso tá muito mal explicado.
Subi as escadas e percebi que Julie não estava no seu quarto. Talvez ela tenha feito o mesmo que eu... Fugido. Haviam várias ligações perdidas de Matt, mas não retornei nenhuma. Estava muito irritada com ele para ligar.

***
Não tinha grandes esperanças para uma simples sexta-feira. Acordei e já comecei tendo que aguentar minha mãe me dando lição de moral. Ela me manteve no castigo e disse que se eu aprontar mais fico sem celular (como se isso fizesse grande diferença na minha vida). Eu não conseguia parar de pensar naquela menina morta e no que teria causado sua morte. Mas tinha que guardar isso pra mim.

- Aonde você pensa que vai?- ela perguntou enquanto eu saía.
- Pra escola!
- De jeito nenhum. Nós vamos ao cemitério. Hoje completam 5 anos que sua avó morreu.
- Afff! Eu tenho mesmo que ir nisso? - ela simplesmente me olhou com a pior cara do mundo e eu já imaginava a resposta.

Julie tinha chegado tarde de uma festa e dizia estar passando mal, mas não fugiu da visita ao cemitério, nem do castigo.

***
Não gosto de cemitérios. Fomos até o túmulo de minha avó e meus pais começaram a rezar. Julie fez cara de tédio e cruzou os braços.
No meio da reza, meu celular começou a vibrar. Eu aproveitei que meus pais estavam concentrados e de olhos fechados e sai de perto pra atender.

- Alô?!
- Ana? Graças à Deus! É o Matt, onde você tá?
- Ah, oi Matt - falei com desdém - to no cemitério visitando o túmulo da minha avó.
- Mas você tá bem? Não consegui te achar depois daquela confusão e você não veio à escola então fiquei preocupado.
- Ficou, é?
- Muito. Eu...
- Olha, Matt eu não posso falar agora. Depois a gente se fala.
- Mas...
Simplesmente desliguei e voltei para os meus pais, que me xingaram um pouco por eu ter me afastado.
Aquela sensação esquisita voltou de novo. Por pouco caí, mas meu pai me segurou.
- Tá tudo bem? - ele perguntou.
- Tá, só vamos sair daqui por favor.
Eu sabia que isso era a agência me chamando mais uma vez. Provavelmente para falar daquele desastre que aconteceu na festa e como eu cumpri mal o meu papel de caçadora. Eu só precisava arranjar um jeito de ir pra lá mesmo estando de castigo.
Antes de irmos embora, vimos um funeral sendo realizado. Havia uma mulher chorando e um homem tentando conforta-la. Pedi para os meus pais esperarem para eu poder ver quem havia morrido. Era Marisa, a garota morreu na festa de Hugh. Me aproximei um pouco fingindo que eu estava vendo o túmulo de outra pessoa e meu colar começou a brilhar.
Reconheci alguém no meio daquelas pessoas. Era Elisa. Ela parecia estar falando com alguém, mas não tinha ninguém conversando com ela. Provavelmente ela estava falando com a própria Marisa. Não acho que ela me viu.
Tentei me aproximar para conversar, mas minha mãe me puxou pelo braço e falou que tínhamos que ir embora. E nesse momento eu desmaiei...

AscensãoWhere stories live. Discover now