Capítulo 30 - Drama

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Pov: Samanta Barones.

- Espera! Ainda não. Tem algumas coisas que eu preciso explicar a ela primeiro. - Filipe disse e foi até um canto comigo.
- Sam, eu sei que você só está querendo ajudar mas você devia...
- Eu posso escuta-los. Eu sou uma vampira agora. Esqueceu Treveli!? - Ana falou com o tom mais raivoso e irônico que eu já havia escutado.
- Da um tempo. - Filipe falou e estalou os dedos. Eu senti que ele fez o feitiço de ocultamento. Assim Ana não poderia escutar a nossa conversa.
- Filipe, o que foi?
- Sam. Nós não estamos em um filme ou em uma série de televisão esqueceu. Esses feitiços só duram uma hora. Ao menos que você consiga um pergaminho verde que prolonga o feitiço por cinco horas.
- É, acho que eu esqueci desse detalhe... - Falei envergonhada.
- Eu sei mais do que você possa imaginar. Eu convivi de perto com vampiros. Minha mãe, e seus amigos...
- Ok! O que você quer que eu faça?
- Nada. Eu acredito que seja melhor deixar que ela se adapte sozinha. Não é o melhor caminho facilitar as coisas nesse momento. Vou dar o endereço da minha casa se ela quiser passar algum tempo lá, já que meu pai colocou todas aquelas películas da Europa.
- Sim. Agora eu preciso que você faça o feitiço de Glamoury na escola toda. Transforme todo o sangue em água.
- Ok. Se cuida.
Sai da área do feitiço e dei o colar de Ana na mão da mesma.
- E quanto ao feitiço?
- Eu não posso...
A cara dela foi de confusa.
Sai da sala e fui até o corredor escolar. Estava um desastre. Mas fiz o que Filipe havia me pedido. O feitiço de Glamoury nada mais é que uma ilusão de ótica. Todos vêem uma coisa, mas na verdade é outra bem diferente.
Glamoury um feitiço muito simples. Muitas crianças bruxas fazem isso no Halloween. Gostam de transfigurar seus rostos para ganhar mais doces e ficarem com as melhores fantasias da vizinhança. Digo isso por experiência própria...
Lembro-me da minha infância muito bem. Era um pouco complicada devido ao meu pai passar maior parte do tempo no The Wiz. Minha mãe cuidava de mim a maior parte do tempo. Mas mesmo os dois sendo ausentes, e eu não deixava de ser feliz. As vezes nós íamos em um lugar chamado "Encosta da Figueira". Era como um casarão enorme em uma estrada de chão paradela a estrada principal para outro estado. Ali aconteciam as maiores reuniões e comemorações entre bruxos e inclusive membros do conselho da magia. Algo que me recordo é que muitas crianças se aproximavam de mim. Crianças magas se tornaram difíceis de acontecer depois de uma época, por isso todos sentiam curiosidade sobre o que eu podia fazer apenas com o pensamento. Lembro de pegar uma lagarta do jardim e coloca-la em minhas mãos. Tudo o que eu pensei era voe, voe lagarta. E quando a abri era uma borboleta...
Eu percebi algo. Eu não estava desempenhando meu papel de maga ali. Feitiços guiados qualquer um faz, qualquer bruxo inciante. E nos últimos tempos eu só tenho feito magia escrita. Na verdade, eu estava fazendo tudo isso por Filipe. Qual era realmente meu papel nisso tudo? Meu pai, aparentemente sumiu de vez. Minha mãe, morta. The Wiz, deixado com a Val. E tudo o que eu fazia era seguir Filipe e tentar ajudar no que ele pedisse.
- Que se dane. - Terminei o feitiço que ele havia me pedido e sai da escola.
Fui direto para meu apartamento e me joguei na cama. Olhei para o teto e vi... O teto. Do que adiantava eu vir para meu apartamento e ficar encarando o teto.
Me levantei num impulso e fui até o banheiro. Olhei para meu rosto e meu cabelo e fiquei fazendo caras e bocas.
- Estou enjoada disso! Muito! - Disse para o espelho, sem resposta.
Meus cabelos pretos de sesessenta e cinco centímetros não eram cortados desde que eu tinha quinze anos de idade.
Peguei um tesoura e resolvi corta-los. Sem rumo e nem direção, e sem um pingo de técnica fui cortando e vendo aquela quantidade absurda de cabelo cair no chão. Quando finalizei, eu havia cortado um pouco acima dos ombros. Não havia ficado ruim, parecia repicado. Também não queria mais o preto. O Glamoury tornou minhas mechas loiras como uma boneca barbie.
Coloquei um vestido preto básico e passei um batom com uma cor vermelho escura. Um salto alto que eu não usava desde o funeral da mãe da Val. Decidi que hoje, eu ia passar o resto do dia no "The Wiz".
Estava cheio, como sempre. As luzes estavam do jeito que eu sempre gostei. Fui até o balcão e pedi para que o Barman me surpreendesse. Me deu um drink de coloração vermelha que era muito bom por sinal...
- Val! - Gritava pois a música era alta.
- AHHH! - Ela gritou como se tivesse visto a própria morte. - O que você fez com seus cabelos?!
- Resolvi inovar.
- E até pintou de loiro?! - Ela dizia sem acreditar que eu era eu.
- Sim! Hoje eu estou me sentindo outra pessoa.
- Eu em... - Ela parecia pensar que eu estava usando drogas.
Eu dançava em um ritmo frenético quando vi um homem me olhando. Olhos verdes e cabelos castanhos bagunçados. O mesmo se aproximava de mim lentamente quando chegou bem perto. E começamos a dançar, nos olhando.
- Gostei do seu cabelo! - Ele disse.
- Também gostei do seu!
- Você é da cidade?! - Ele perguntou.
- Sou! E você?
- Eu estudo na universidade da cidade vizinha!
- Legal!
Nos próximos trinta segundos nos dançamos e nos olhamos até que ele veio e me deu um beijo.
Nesse instante as luzes do The Wiz todas se apagaram e a energia acabou. Eu empurrei o homem ele se afastou.
- O que foi isso? Ele perguntou e me olhou assustado. - O Glamoury de alguma forma saiu e meus cabelos voltaram ao preto.
- Eu não posso fazer isso. Meu coração pertence a alguém. - Sai correndo.

AscensãoWhere stories live. Discover now