Capítulo 34

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Point of View - Normani Hamilton

Depois que os enfermeiros foram até Dinah eu deixei que Brittany fosse vê-la. Já que eu ficaria ali por muito tempo com ela, se Dinah quisesse é claro. Não que eu fosse embora, mas preferia ficar no quarto com ela do que na sala de espera.
Observei Brittany passar pelo corredor rodando no dedo uma aliança prata. Igual a que a Dinah estava usando.
Respirei fundo. E me levantei me preparando para ir até a sala. Não importava como, eu só queria estar lá com ela.
- Eu volto amanhã. - Brittany disse sorrindo, simpática como sempre.
- Nos vemos então. - eu falei. Não me importava com o que ela pensava eu não estava ligando se ela estava com Dinah ou não. Eu ficaria ali e ponto final. Eu já havia ligado para dona Milika e ela viria logo, só estava esperando Gordon chegar.
Segui nervosa pelo corredor que agora parecia girar. Apressei meus passos e dei duas batidas antes de abrir um pouco a porta.
- Com licença. - falei sorrindo para Dinah, ela sorriu de volta e aquilo foi tão bom.
Havia um bom tempo em que eu mantinha uma conversa comigo mesma naquela sala. - Como está se sentindo?
- Lenta. - eu ri e puxei a poltrona para perto da cama.
Jonah havia mudado desde que eu disse o quão desconfortável era. E isso só me fez sentir-me mal por ter explodido com ele. - Obrigada por ter ficado aqui, Normani. Você não precisava...
- Não foi nada. - eu a cortei.
- O doutor Jonah me contou que você veio todos os dias. - eu assenti. - Como você está?
- Bem. - respondi sem me prolongar. - Dinah, me desculpa por ter sido um pouco... Fria no aeroporto.
- Você não precisa se desculpar. E eu não te culpo. - Dinah olhou para o teto e então respirou fundo. - Eu fiquei um mês aqui, então? Uau.
- Foi bastante.
- Foi a maior soneca da minha vida. - eu ri baixo, ela sempre me faria rir. - E ainda estou com sono.
- São os remédios. - expliquei. - Você quer que eu saia pra você poder descansar agora?
- Na verdade... Esse lugar é estranho, não sei se vou conseguir dormir direito. Você pode ficar aqui comigo até eu dormir? Se não for pedir demais, não quero que você fique cansada nem...
- Eu fico. - falei me ajeitando na poltrona. - Não vou sair daqui.
E pela primeira vez desde que aquilo tudo começou, quando eu apertei a mão de Dinah ela apertou a minha de volta.

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Senti um aperto forte na minha mão e abri os olhos devagar por conta da luz. Eu estava com a bochecha amassada na cama de Dinah e ela olhava com uma careta para a enfermeira que preparava uma agulha.
- Que bom que acordou. - Dinah disse e soltou minha mão.
- Você não me deixou muitas opções. - falei massageando meus dedos. - Está com medo de uma agulha, DJ?
- É enorme. - eu voltei a pegar na mão dela.
- Eu deixo você se distrair me admirando. - Dinah rolou os olhos e ia falar algo, mas aposto que sentiu a agulha furando-a. - Nem doeu. É só pra um exame.
- Deixa eu enfiar isso no seu braço. - ela reclamou.
- Você tem tatuagem, mas está reclamando de uma agulhinha dessa? - foi a minha vez de rolar os olhos.
- Então Dinah, você vai precisar da minha ajuda para tomar banho ou a senhorita aqui vai te ajudar? - eu estava pronta pra negar, mas ela apertou minha mão me impedindo de falar.
- A senhorita aqui vai me ajudar. Obrigada. - a enfermeira assentiu e saiu da sala. - Não quero imaginar ela me ajudando, Mani, por favor.
- Como nos velhos tempos. - falei e ela riu enquanto eu a ajudava a se levantar. Ela já conseguia andar devagar, mas ficava com tontura quando ficava mais que 8 minutos em pé.
- Não sei se a Nina vai gostar, mas eu estou um pouco debilitada.
- Como sabe da Nina? - perguntei sustentando seu corpo enquanto andávamos até o banheiro.
- Um dia... Eu liguei pra você, e ela que atendeu disse que você estava ocupada ou algo assim. Era a sua ex-namorada, não era?
- Sim. Você ligou os pontos ou alguém te contou? - fechei a porta do banheiro e ela ficou apoiada em mim.
- Sou bem esperta.
- É... E nós não estamos mais saindo. - Dinah esboçou um sorriso que eu não entendi. Ajudei-a a se apoiar na barra do box do chuveiro. - Tem certeza? Posso chamar a enfermeira.
- Eu nem sei o nome dela. - eu assenti e prendi o cabelo da Dinah com cuidado para colocar a touca. Já que ela ainda não podia molhar o cabelo. - Isso me deixa parecendo uma velha?
- Está tão linda quanto o habitual. - tranquilizei-a enquanto desabotoava os botões da roupa hospitalar que ela usava.
Liguei a torneira enxendo a pequena banheira dali. Ajudei Dinah a se sentar e me apoiei na borda.
- Quer saber de uma coisa que aconteceu enquanto esteve fora? - ela assentiu. - Tirei o piercing.
- Não acredito. - fiz que sim e ergui um pouco a camiseta só pra mostrar para ela que riu. - Mani?
- Pode falar. - Seria nosso primeiro banho "juntas" desde que ela voltou e estava bem longe do que eu havia imaginado.
- Porque você e a Nina não estão mais juntas?
- Ela disse que era o amor da minha vida. - falei. Dei a volta me sentando na borda atrás de Dinah e deixando ela apoiar a cabeça em mim.
- E ela não é? - eu ri.
- Claro que não.
- Quer me contar a história toda? - ela fez um pedido disfarçado de pergunta.
Passei o dedo pelo pequeno corte na sua bochecha.
- Eu reencontrei a Nina numa balada, nós saímos por algumas semanas e eu estava estudando quando ela me ligou me chamando pra sair dizendo que eu não iria querer perder a chance de estar com "o amor da sua vida". Então eu encerrei qualquer relação que poderíamos ter além da amizade. Não estava sendo real, era uma coisa puramente física e ela certamente não mudou muito desde o ensino médio.
- Um pouco convencida ela, não? - eu ri e concordei.
- Você nem imagina.
- Realmente acha que ela não é o amor da sua vida?
- Tenho toda certeza que não. - estiquei o braço pegando a toalha branca e ajudei Dinah a se levantar. - Seus pais devem estar chegando.
- Será que o Seth vai vir dessa vez?
- Acho que sim.
- Eu me sinto muito mole, isso é normal? - ela deixou a toalha cair e ia se abaixar para pegar, mas eu a segurei e ela me olhou com uma careta que eu ignorei.
- Sim, dada as circunstâncias.
- Eu acho que essa roupa é ridícula, isso é normal? - eu ri enquanto fechava os botões.
- Também acho. - ouvi batidas na porta. - Acho que eles estão aqui.
Sustentei-a novamente enquanto iamos andando para o quarto. Seth quando ouviu a porta do banheiro ser aberta correu para cima de Dinah e eu tive que segura-lo pela camiseta.
- Você não pode fazer isso, Seth. - DJ falou rindo. - Você cresceu demais, não acha?
- A mamãe disse que eu sou um homenzinho agora. Eu estou quase ficando do seu tamanho.
- Espero que não. - ajudei Dinah a se deitar e a ligar os fios nela novamente.
- Eu vou deixar vocês sozinhos. - falei e hesitei em dar um beijo em Dinah. Porque era tão comum pra mim ainda, mas eu não podia. - Volto depois.
- Obrigada, Mani. - eu sorri em resposta e baguncei o cabelo de Seth antes de sair.
Comprei um refrigerante e me sentei na sala de espera enquanto esperava a família de Dinah sair de lá, o que deveria demorar um pouco.
Depois de uns 15 minutos o pai de Dinah saiu sozinho.
- Então vocês voltaram? - Gordon se sentou ao meu lado puxando assunto. Na verdade sendo direto ao que queria saber. - Você e a Dinah.
- Na verdade, não.
- Pensei que vocês estavam juntas. - ele comentou.
- Eu só estou ajudando com o que posso. Dinah tem outra pessoa agora, mas ela ainda é minha amiga e eu me importo com ela. - falei passando o dedo pelas gotas de água na lata.
- Não sabia que ela estava namorando. - ele comentou. — De qualquer forma saiba que você é muito bem vinda na nossa casa e sempre será importante para nós, Normani.
— Muito obrigada, isso é muito legal. – falei e ele riu. Milika apareceu estreitando os olhos para o marido. Seth vinha logo atrás dela parecendo meio triste.
— Ele estava te importunando, Mani? – eu sorri e neguei com a cabeça.
— Era só uma conversa. – eu falei e ele assentiu e levantou ficando ao lado da mãe de Dinah. — Foi bom ver vocês, eu vou voltar lá antes que não possa mais.
— Quando você vai em casa? – Seth perguntou puxando minha camiseta para mim olhar para ele.
— Uh... Não sei bem. Assim que eu puder, okay? – ele fez que sim e eu me abaixei para beijar a bochecha dele. — Nos vemos logo.
— Cuida da Dinah pra gente. – ele disse e eu sorri em resposta.
Fui até a sala mais uma vez, bati na porta antes de entrar como eu sempre fazia.
— Então agora você é a professora Hamilton huh?
— Eu prefiro que me chamem de Normani mesmo. – falei dando de ombros. — As pessoas te contam as coisas, não?
— Você deveria ter me contado. É algo importante. – ela falou e eu me sentei, já que não tinha muito o que fazer. — Você está gostando?
— Sim, é bem distante do que eu fazia no hospital, mas é legal. É bom interagir com as  pessoas e ensinar algo.
— Tomara que esteja fazendo bons médicos, porque provavelmente eu vou precisar deles ainda.
— Só se você nascer de novo, DJ. Eu já te expliquei que sou pediatra. Eu só atendia as pessoas em outras situações por necessidade, no plantão você tem que fazer de tudo.
— Eles podem se especializar, não é? Ta vendo, Mani, eu entendo um pouco.
— Muito pouco. – eu ri e ela me olhou com uma careta. — Você já tem um trabalho por aqui?
— Eu estava indo para o restaurante quando aconteceu... – assenti e me encostei no poltrona. — Como você soube que eu estava aqui?
— Eu vi quando você chegou, precisava de uns papéis pra faculdade e ouvi os procedimentos de emergência e ai quando me dei conta você estava na maca... Eu pirei por um tempo e fui para sua casa querendo ter certeza que estava lá, você não estava, claro e a Laur foi atrás de mim e sua mãe ficou sabendo assim.
— Isso não me contaram.
— Você me deu um baita susto, você assustou todo mundo, na verdade. Dinah Jane não seria Dinah Jane se não estivesse sempre aprontando.
— Está certa nisso. – ela riu. — Eu comprei um carro agora, tem tantos botões quanto o seu.
— Isso é ruim. Pra quem eu vou dar carona agora?
Nós passamos um bom tempo conversando assuntos aleatórios, falando sobre pequenas coisas que havíamos feito e não sei se Dinah queria me poupar ou simplesmente não quis tocar no assunto, mas ela não falou sobre o namoro. E eu não perguntei, eu mesma não queria falar sobre isso.
— Você está com sono. – eu comentei observando o modo como seus olhos fechavam lentamente e ela fazia força para que eles abrissem.
— Você não vai passar a noite aqui, né? – olhei para o relógio eram 10 horas ainda, mas eu teria que levantar cedo para ir dar aula.
— Vou ficar mais um pouco.

State of Grace - NorminahOnde as histórias ganham vida. Descobre agora