State of Grace - Norminah

Capítulo 2

Point of View - Dinah Jane

E lá estava a doutora novamente. No seu carro preto em meio a chuva.

— O táxi já está vindo. – eu anunciei falando alto para que ela ouvisse em meio ao barulho da água que batia contra tudo o que encontrava pela frente, e com certeza ela havia me encontrado. Seth estava enrolado na minha jaqueta e encolhido contra minha perna.

— Esperança é realmente ótimo, mas bom senso em momentos como esse é essencial – ela falou com um sorriso. Eu neguei com a cabeça — Por favor, não vai querer que seu irmão pegue um resfriado.

— Venceu! – eu falei e ela abriu a porta da frente enquanto eu ajudava Seth a entrar atrás. A doutora tinha sido certeira em falar que Seth poderia ficar doente. Eu não queria nem imaginar como eu me sentiria se o fizesse pegar gripe além de machucar o braço.

— Não se fazem mais taxistas como antigamente – ela comentou ainda com um sorriso. Agora que não estava mais recebendo a água gelada no meu corpo passei a sentir frio. Meus braços se arrepiaram e eu me abracei discretamente, mas os olhos dela não deixavam escapar nenhum detalhe. — Vocês devem estar congelando.

Normani ligou o ar quente e olhou para trás verificando se Seth estava bem. Ela foi atensiosa com ele, tirando minha jaqueta molhada das costas dele e afirmando que o ar quente seria suficiente e até melhor. Ela ficou me encarando por um tempo. Acho que meu cabelo molhando seu banco de couro não era muito agradável.

— Desculpe! – eu falei e coloquei o cabelo sobre meu ombro direito.

— Não, não é isso – ela disse sacudindo as mãos. Como não pensei antes? Eu estava com as roupas completamente molhadas. Que diferença teria meu cabelo? — Fica com minha blusa, você se molhou muito mais que seu irmão.

Então eu observei enquanto Normani tirava sua blusa de frio, parecia realmente confortável e quente. Tudo o que eu precisava agora.

— E quanto a você? – eu perguntei.

— Estou bem, e seca – falou num tom divertido. Eu não estava vendo graça.

— Obrigada – eu falei pegando a blusa de sua mão estendida — Por tudo.

Nossos dedos não se tocaram naquele clichê que eu sempre sonhei que acontecesse. Mas nossos olhos ficaram tanto tempo um no outro que nada poderia ter sido mais real.

— Agora é o momento que você me diz onde mora e nós poderemos ir – Normani olhou para Seth pelo retrovisor e voltou a me encarar. Eu nem precisei explicar, disse o nome da rua e ela assentiu como se sempre fosse lá. Será que ela ia? — Duas amigas minhas moram perto da sua rua. Atrás, para ser exata.

— Como elas se chamam? – eu perguntei por não saber o que dizer.

— Camila e Lauren, aliás, Lauren é psicóloga. Acho que vocês se esbarraram.

— Ah, sim, Camila e Lauren – eu assenti me lembrando delas — Elas são um pouco conhecidas na rua.

— Porque? – Normani perguntou parecendo intrigada.

— Bom... As duas são casadas, e tem uma filha. E isso é mais do que motivo para as pessoas comentarem por aí.

— Olá, Sociedade. – Normani falou com tom irônico — Elas são ótimas, e Alexandra é a melhor criança que já vi. Mas vamos falar de outra coisa, quantos anos você tem, Dinah?

— 25 – eu falei — Não me julgue por eu ainda não ter um carro.

Ela gargalhou preenchendo todo o ambiente com o som da sua risada.