Point of View - Dinah Jane
Eu estava caminhando para a casa de Mani, ela tinha ido embora ainda de madrugada, pois não queria deixar a mãe dela sozinha. Na verdade, ela queria, mas eu meio que... Expulsei-a de casa. Quando toquei a campainha quem atendeu foi Andrea.
— Dinah, que bom que você veio. – ela sorriu animada e me puxou para um abraço carinhoso. Eu poderia abraça-la o dia todo.
— Como a senhora está?
— Muito bem, obrigada. A Normani foi ao mercado, não sei como ela sobrevive sem nada nessa geladeira. – eu ri, era verdade. Normani só tinha comida congelada e telefones de restaurantes. — Mani me contou que você é uma ótima cozinheira, quer me ajudar a fazer o almoço?
— Claro. – eu sorri, nós fomos até a sala esperar que Normani chegasse com as coisas. Já que ela literalmente, não tinha nada além de temperos.
— E como vocês estão? Eu a ouvi chegando de madrugada, mas nós não conversamos.
— Estamos bem... – eu falei um pouco nervosa com o rumo que essa conversa poderia tomar. E se ela me perguntasse quais eram as minhas intenções com a filha dela?
Andrea não disse mais nada, ela deixou a TV ligada em volume baixo e ficamos em silêncio. Era um pouco constrangedor. Seus braços tinham inúmeras cicatrizes, eu observei discretamente durante uma parte do tempo. Fiquei intrigada, mas não quis perguntar.
— Normani está demorando. – ela falou e se levantou saindo, quando voltou estava com um celular na mão. — Você pode me ajudar a mandar uma mensagem pra Normani? Eu não consigo achar nada nesse troço.
— Claro, é bem simples. – eu ri e mostrei a ela onde deveria apertar. Provavelmente Andrea iria esquecer assim que saísse do aplicativo.
— Eu não sei por que ela insiste que eu tenha um desse. Sabe, as cartas eram bem mais simples.
— Ela se preocupa com a senhora, o celular é bem mais rápido. – Andrea pareceu ponderar meu argumento e no fim assentiu. — Posso fazer uma pergunta?
— Claro que pode.
— Se eu estiver sendo muito invasiva, não precisa responder, eu vou entender. – ela assentiu prestando atenção no que eu falava. — Porque a senhora tem tantas cicatrizes nos braços?
— Pensei que Normani tinha te contado sobre. – neguei com a cabeça. Bom, que eu saiba Mani não me disse nada sobre sua mãe. Além de algumas pequenas lembranças de sua infância e adolescência. — Acho que ela quis te livrar do drama familiar. Ela fala muito pouco sobre isso, acho que ela nunca falou realmente. Eu... Bem, meu ex-marido, o pai de Normani. Eu o conheci quando era adolescente, e me apaixonei, ele era o típico aventureiro que todas queriam. Muito bonito, e educado. Era um sonho, mesmo. E se transformou num pesadelo.
Ela sorriu, mas eu sabia que aquelas lembranças a machucariam. Eu queria encerrar o assunto, mas estava curiosa.
— Eu sai de casa para morar com ele, nós morávamos numa casinha de dois cômodos e um banheiro. Mas estava bom pra mim no momento, porque o amor era só o que importava. Em dois meses eu engravidei e ele começou a sumir. Afundou-se nas drogas, o álcool consumiu toda sua gentileza. Nós não conversávamos mais, e eu sabia que ele estava com outras. Buscando algo que eu não podia dar no momento. Normani era tudo o que eu tinha, e eu passava os meus dias conversando com ela. Pode soar solitário, era um pouco. John em nenhum momento segurou Normani nos braços, ele só registrou e nem olhava para ela direito. Se não fosse pelo meu irmão nós teríamos passado fome, mas ele sempre foi muito bom e não deixou faltar nada. Eu sempre vou dever isso a ele. As coisas realmente começaram no primeiro aniversário da Normani, eu havia vendido alguns doces no bairro e juntei dinheiro pra comprar algo para ela. E comprei um ursinho simples de pelúcia, era um cachorrinho. E ela adorou. Mani ainda não sabia de nada, não entendia que o pai dela não estava em casa, e muito menos que ela era o único motivo para eu estar ali. Eu coloquei Normani no berço, e fiquei observando-a que estava sonolenta brincando com o cachorrinho.
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State of Grace - Norminah
Romance"Uma alma gêmea é alguém cujas fechaduras coincidem com nossas chaves e cujas chaves coincidem com nossas fechaduras. Quando nos sentimos seguros a ponto de abrir as fechaduras, surge o nosso eu mais verdadeiro e podemos ser completa e honradamente...