27. Revelações - Giovanni

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A revelação de Emily me deixou sem chão, um misto de pesar e ciúmes idiota por ela ter compartilhado tanta cumplicidade com outro alguém me consumiram.

Compreendi, então, por que ela não contara nada antes e por que caíra num choro tão sentido, seu temor não se referia ao que realmente fosse acontecer após o sexo e sim quanto à forma como eu enfrentaria o seu segredo. Mostrei-me compreensivo, ficaria ao seu lado e ouviria suas angústias.

Saber que o garoto responsável era o tal do Ricardo não me tranquilizou. Emily defendeu seu ex-amado com veemência, teria preferido que ele fosse um mau-caráter. Ouvir que ele queria casar-se com ela deixou-me quase cego de ciúmes.

Apesar de desejá-la loucamente, fui sensível ao dar-me conta que ela ainda precisaria de mais um tempo para organizar seus sentimentos, mais do que realmente para prevenir-se de mais uma gravidez. Restando-me só levá-la para o seu apartamento.

À noite, a revelação de Emily tirou-me o sono. Conhecera mais um pouco de sua história, que me parecia bastante longa para uma garota de apenas dezenove anos. Lembrei-me que ela só comentara sobre seu pai uma vez e fizera de modo que deixava claro que ele não tivera participação em sua vida. Senti que ela guardava outros segredos em seu coração, isso me intrigava fazendo meu encanto por ela crescer.

****

Descuidado com a chuva eu acabei por passar a semana doente em casa. Apesar das dores no corpo, o nariz entupido e a garganta arranhada, eu apreciei permanecer em casa aos cuidados de minha doce namorada.

Sentia-me quase recuperado quando Sérgio veio me fazer uma visita amigável. Emily já havia ido embora quando ele apareceu:

— Vim ver se está melhor. Emily me contou que estava com uma gripe muito forte. Precisa de alguma coisa?

— Não, obrigado, sua protegida já deixou chá quente, remédios e cobertores para mim.

— Ela é uma ótima cuidadora. — ele riu e trouxe o chá para mais perto. — Quando morava lá em casa, brigava com Maria para cuidar de mim.

— Ela e sua mulher não parecem se dar muito bem. — contestei após espirrar.

— São muito diferentes e acabam se exaltando. Emily é um espírito livre e Maria preferiria tê-la embaixo de suas asas como fez com nossos filhos.

Sérgio sentara-se relaxado no sofá aparentava disposição para conversar. Senti-me um pouco manipulador em aproveitar-me deste momento para conseguir mais informações sobre minha misteriosa namorada.

— Realmente livre! — concordei. — Ela foi muito corajosa em querer morar sozinha com apenas dezesseis anos.

— Está mais teimosia. — ele riu. — Ela queria se ver livre dos olhos controladores de minha mulher. E sua mãe cedeu à sua vontade.

— Ela a mima? — questionei com curiosidade ao me ajeitar no sofá.

— A mãe de Emily nunca foi de ceder, mas depois que se mudou se sentiu culpada e, apesar eu ir contra, não conseguiu negar o pedido. Eu a achava muito nova para ter tanta responsabilidade. — ele soltou com frustração. — Mas não é minha a última palavra.

— Talvez isso tenha feito com que ela amadurecesse. — tentei defendê-la.

— Na aparência, não emocionalmente. — ele me fitou sério. — Ela ainda é muito dependente dos amigos, principalmente de Gustavo.

— Só queria entender por que ela é tão ligada nele. — a voz saiu áspera, não pude evitar.

— Sente ciúmes dele? — Sérgio me encarou.

— Um pouco. — assumi minha grande falha em um sussurro.

— Não deveria ter ciúmes, é como se ele fosse um irmão. — Sérgio sorriu compreensivo, mas minha vergonha continuou forte. — E um irmão que se escolhe é uma união mais forte. — Sérgio se levantou para ir embora, e me deu um tapinha de consolo. — Não queira interferir nessa amizade. Eu saio perdendo, a mãe dela sai perdendo e você também perderá. Emily e Gustavo apoiaram-se um no outro de forma que se sentem seguros e isso ninguém tirará.

— Quer dizer que ela o escolheria? — questionei chocado.

— Não é questão de escolher, é questão de cada um ter o seu papel numa relação. Você é o namorado e pode ter certeza que ela não o trairá. E Gustavo é a bússola. — Sérgio me mirou nos olhos antes de fechar a porta às suas costas. — Deveria unir-se a ele, Gustavo não é seu rival.

A conversa com Sérgio me deixou inseguro. Isso era tão infantil, contudo meu coração não conseguia evitar. Por mais que não era minha intenção pedir que ela escolhesse, eu me sentia desapontado por não ser o seu preferido. Será que com o tempo eu o seria?



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