24. A família dele - Emily

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Convoquei Gustavo para me auxiliar a escolher uma roupa e ensaiar formas educadas de apresentação na manhã do dia do almoço com a família de Giovanni. Afinal, não desejava parecer uma adolescente desmiolada e infantil. Tomei algumas canecas de chá de camomila para me acalmar, o que não pareceu resolver nada.

Giovanni me buscou, elogiou minha roupa e torceu o nariz ao perceber que Gustavo descera também. Cumprimentaram-se secamente. Quando eles se dariam bem? Qual o problema desses dois? Pensei emburrada ao entrar no carro.

Paramos a frente do antigo apartamento de Giovanni para buscar Nina. Ela parecia gostar de mim e eu dela, ficava feliz por não termos problemas de relacionamentos, apesar de algumas vezes questionar o pai se ele e sua mãe não iriam voltar a morar junto. Para o meu a alívio, ele sempre afirmava que não.

Eu confiava no meu namorado; no entanto, me dava um formigamento no estômago quando ele contava que havia pegado Nina e conversado com sua ex-esposa. Eu sabia que não existia mais nada entre eles, contudo uma pontinha de ciúmes sempre me contagiava, mesmo que eu não demonstrasse.

Também me angustiava vê-lo na faculdade conversando com outras alunas, pois ali eu reconhecia um perigo real. Afinal se ele namorava uma aluna, por que não poderia se interessar por outra? E o que mais me corroía era não poder demonstrar para aquelas oferecidas que ele estava comigo. Para meu alívio, a maioria das meninas tinha verdadeiro encanto por Pedro; porém sempre existiam aquelas que arrastavam asinha para o meu Giovanni.

— Oi, Emily! — a menina entrou saltitante no carro e beijou minha bochecha ao apoiar-se no banco da frente, tirando-me assim de meu transe.

— Oi, Nina! — sorri em resposta.

Rebeca com expressão azeda nos olhava do portão. Eu já a havia visto algumas vezes quando buscamos Nina, ela nunca me cumprimentara e eu correspondia da mesma maneira. Afinal não tinha nenhuma intenção de conhecê-la mais de perto.

Nina, como toda a criança, não tinha muita noção do que era adequado comentar ou não, já tinha me contado diversas vezes que sua mãe me odiava e que me achava uma criança. Ela percebia isso mais como um elogio, pois dizia que ficava feliz por eu ser criança porque assim podia brincar com ela. Giovanni divertia-se com as diversas saias justas que eu passava com sua filha.

— Feliz em visitar os nonos, os tios e primos? — Giovanni perguntou ao colocar-lhe o cinto de segurança.

O aglomerado de parentescos que ele anunciou fez um frio percorrer minha espinha. Seria mais tranquilo se fosse só um pequeno almoço com seus pais.

— Nossa muito! — ela falou animada. — O Lele vai?

— Claro.

— Você vai adorar o Lele! — ela me comunicou. — Ele é muito fofo e ainda não fala direito. Mas cuidado! — Nina arregalou os olhos, preocupada. — Nas férias ele mordeu meu braço, só porque eu queria ver seus brinquedos.

— Então não vou mexer nos brinquedos dele. — concordei ao me divertir com a cena, Giovanni também ria discreto enquanto dirigia.

— É... isso é melhor. — ela concordou pensativa.

Com certeza o fato do primo, que devia ter uns dois anos, tê-la mordido a havia deixado receosa.

Em breves minutos a garota já mostrava sinais de impaciência pela demora da viagem. Os pais de Giovanni moravam em outra cidade e o trajeto levaria mais ou menos duas horas.

Tivemos que inventar diversas brincadeiras de adivinhações, cantamos e contamos histórias. Realmente duas horas para uma criança parecia uma eternidade. Ao menos, o fato de Nina estar no carro me distraia do embolado em meu estômago ao pensar em conhecer toda a família de meu namorado de uma vez só. Eu era a primeira que ele levava para casa depois da separação. Na verdade, ele havia me garantido que eu era a segunda pessoa que sua família conheceria, já que Rebeca tinha sido a sua única namorada. Isso parecia muita pressão.

Jovem AmorWhere stories live. Discover now