37. Decisões - Giovanni

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Permaneci parado à frente de seu prédio por algum tempo depois dela ter entrado como um furacão e desaparecido. Havia criado a certeza de que nos amávamos tanto que ela iria comigo, mas eu estava dolorosamente errado. Respirei fundo e liguei o carro. Talvez ela ainda mudasse de ideia. Havia ainda esperança para nós.

Envolvi-me com os preparativos da viagem por três dias, na esperança de dar espaço para Emily pensar e mudar de ideia. Aproveitei para fazer combinações com a faxineira para cuidar do apartamento por mim e avisar minha família antes de minha partida. Minha mãe fez uma cena, dizia que morreria de saudades e fez com que eu comprasse uma webcam para colocar no computador de Filippo e a ensinasse a usar para podermos conversar. Giordana pulou de alegria por saber que eu iria realizar meu sonho e me garantiu que eu fizera a escolha certa, pois ela tinha certeza de que Emily voltaria atrás e me acompanharia.

Contei para Rebeca ao telefone e ela pareceu surpresa e estranhamente contente com minha novidade. Marcamos um jantar em seu apartamento para organizarmos como seriam as visitas com Nina e para contar à minha filha. Sua bondade me pegou de surpresa.

Sabia que sentiria muita falta de Nina, afinal estava acostumado a passar muito tempo com ela e agora só seria possível vê-la pela webcam e em alguma visita de férias.

Rebeca fez minha massa preferida para o jantar e tratou-me demasiadamente bem, como não ocorria desde antes de nos separarmos. Passei parte da noite envolvido com explicações para Nina sobre a viagem e como ela poderia falar comigo todos os dias pelo computador. A cada palavra dita à minha filha na tentativa de tranquilizá-la, questionava-me se não fazia exatamente o mesmo que condenara no ato da mãe de Emily ao e ter ido embora.

Nina adormeceu no sofá com a cabeça no meu colo, enquanto víamos um de seus desenhos preferidos. Rebeca se mantivera discreta durante minha presença sem dar seus chiliques ou atirar-me suas palavras irônicas.

Era estranho estar com Nina no sofá de meu antigo apartamento, com Rebeca sentada logo em frente em silêncio, como fazíamos quando ainda éramos casados. Passei a mão nos cabelos de minha filha, os quais escureceram com os anos e passaram de um loiro quase branco para um castanho claro. Senti-me culpado por deixá-la por dois anos.

— Será que fiz a escolha certa? — fazia a pergunta mais a mim do que na esperança de ouvir uma resposta de Rebeca. — Serão dois anos longe.

— Pela primeira vez, posso te dizer que finalmente fez a escolha certa. Decidiu investir em sua carreira. — Rebeca me encarou e sentou-se ao meu lado. — Parece que finalmente decidiu amadurecer e tomar decisões de homem.

— Não tive a oportunidade de conseguir essa bolsa antes. — defendi-me.

Os olhos e a as palavras de Rebeca me desconcertavam, não conseguia ler se eram sinceras ou irônicas.

— Aceitar a oportunidade já é sinal de que amadureceu. Se agisse assim quando éramos casados talvez não estivéssemos separados agora. — ala me fitou sincera. — Você me amava?

— Sim. — respondi sem jeito ao me levantar do sofá. Nina se mexeu incomodada, mas não acordou. — O que quer, Rebeca?

Devia ter ficado calado e apenas ido embora, pois Rebeca sorriu maliciosa ao ver minha confusão e puxou-me para si pela camisa beijando-me.

Separei-me dela, constrangido. Não podia imaginar que depois de tantas palavras de ódio em um passado recente, ela ainda tivesse algum desejo por mim que pudesse explicasse sua reação.

— Está na hora de ir embora.

Disse firme ao me dirigir até a porta, ela alcançou-me e segurou o meu braço para impedir que eu saísse. Teria me soltado dela com facilidade, todavia estava curioso para ouvi-la.

— Se não fosse aquela fedelha que é sua namorada, me levaria contigo?

— É uma pergunta inusitada. — puxei o ar confuso. —Rebeca, parece fora de seu juízo normal.

— Me levaria?

— No passado sim, após nossa separação não. — ela me olhava desamparada. Senti pena. — Por que age assim? Achei que queria me ver pelas costas.

— E queria. — ela baixou a cabeça. — Desculpe-me pelo meu rompante. Apenas estou triste com o fim de meu namoro e queira buscar a felicidade em algo que já conheço.

A notícia de ex-namorado me pegou de surpresa. Ele baixou o olhar, envergonhada. Acenei para Rebeca ao me despedir com pressa e sair antes que mais algo constrangedor acontecesse.

Ao entrar no carro tentei ligar outra vez para minha namorada sem ser atendido. Apesar de Emily não responder minhas ligações e nem aceitar minhas visitas desde o comunicado de minha viagem, eu ainda tinha esperanças em meu coração que ela mudaria de ideia e viria comigo.

Eu não voltaria atrás em minha escolha. Amava Emily sem dúvida, mas fizera uma promessa a mim mesmo no passado de não abandonar mais meus sonhos por nenhum motivo.


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