50. Coração partido - Emily

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Ao chegar um pouco mais cedo à faculdade me sentei no banco do jardim central para ler um pouco enquanto esperava a hora da aula. Em todo esse tempo que Giovanni esteve longe, eu não me permitira mais sentar naqueles bancos, como se fossem uma dolorosa recordação.

Contudo hoje encontrei certo conforto em permanecer ali. Até avistar ao longe Giovanni que conversava com um grupo de alunos, nossos olhos se cruzaram e o sentimento em meu peito quis me mover até seus braços. No entanto, senti braços envolverem meu pescoço por trás; e sem que eu conseguisse evitar Marcelo me roubo um beijo.

— O que está faz aqui? — disse assustada.

— Vim fazer uma surpresa. — ele me olhou profundamente. — Não parece ter gostado.

— Não é isso. — comentei confusa com meus próprios sentimentos, enquanto frustrada meus olhos focavam o ponto agora vazio onde Giovanni estivera. — Eu não esperava.

Andei até a porta da sala, não me sentia bem em ficar perto de Marcelo no jardim que era só meu e de Giovanni. Senti-me péssima por estar mais focada em meu ex do que no meu atual.

— Então, nos encontramos no almoço? — Marcelo me observou confuso ao pararmos à frente da porta.

— Não sei. Acho que vou almoçar em casa, já havia combinado com o Gustavo. — deu uma desculpa, eu precisava ficar sozinha e repensar o que eu queria.

— Está fugindo de mim? Eu sei que sim. — Marcelo me fitou acusatório, havia raiva em seus olhos. — Desde que seu ex voltou você está estranha. — o observei sem entender como ele sabia, e como se lesse minha mente ele bufou. — Pedro me contou do tal professor do doutorado.

Experimentei frustração, raiva de mim, culpa e amargura na boca. Eu nunca quis magoá-lo, mas não estava sendo muito honesta com ele e agora ele me desmascarava.

— Ainda gosta do seu ex? — ele elevou a voz com raiva. — Diz que não olhando em meus olhos. — eu queria dizer que ele estava enganado, mas eu não conseguia. Baixei a cabeça culpada. — Sua... — ele afastou-se enfurecido. Esperei qualquer palavra desaforada, pensando que merecia. — Como pôde fazer isso comigo? Me usar dessa maneira?

— Sinto tanto. Eu nunca quis te magoar. — suspirei. —Eu só...

— Espero que saiba o que faz! — ele me olhou com raiva. — Pois não vai ter volta.

Marcelo se virou enraivecido e saiu, era evidente que nunca mais trocaríamos qualquer palavra. Tive um sentimento de pesar, pois era agradável estar com ele e saber que eu fora causadora de seu sofrimento era uma sensação terrível.

Mas não podia mais enganá-lo; mesmo que não voltasse para Giovanni, não podia continuar com ele enquanto amasse outro. Precisava resolver os sentimentos presentes em meu coração antes de me envolver com outra pessoa.

Permaneci parada na frente da porta da sala, pensativa. Sentia-me péssima. E para piorar avistei Pedro no corredor. Ele aproximou-se sério. Sim, eu merecia um terrível sermão sobre ter enganado e iludido seu primo. E sobre eu não ser uma pessoa tão legal como ele achava. Conformei-me a aceitar qualquer coisa que Pedro fosse dizer.

— Sabia que isso iria acontecer. — ele sorriu, sem raiva no olhar.

— Pedro, sinto muito. Eu não queria magoar o Marcelo.

Meu rosto estava vermelho, de vergonha por ter feito seu primo de idiota. Ele sorriu debochado. E fez sinal para eu entrar na sala, enquanto dirigia-se à sala ao lado.

— Ele supera. Já estou pensando na organização de uma festa para animá-lo. — ele acenou contrariado. — Não poderei te convidar, é claro.

O aparente perdão de Pedro não fazia com que eu deixasse de me sentir uma má pessoa. Durante a aula, minha visão estava marejada com lágrimas que eu tentava segurar. Eu não prestava atenção a nada, apenas o olhar desapontado de Marcelo me era visível.


Jovem AmorWo Geschichten leben. Entdecke jetzt