I m p a l a 6 7

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— Sério isso?! — falei franzindo o cenho e cuspindo o resto da água para a direita.

       Se entreolharam novamente, dessa vez parecia estranhar. O loiro tirou uma faca prateada de algum lugar que não pude visualizar direito, e meu coração voltou a palpitar à medida que ele se aproximava.

— Ei, ei, espera, espera. O que você está fazen... — ele deslizou a faca sobre um dos meus braços e fez um pequeno corte — AI! — gritei.

      O olhar deles parecia mais confuso que o meu. O que estava acontecendo?  Era o que o meu pensamento dizia constantemente. Já estava claro que eles não eram agentes do FBI, mas até então, minha única teoria era de que estava fazendo parte de uma seita satânica à julgar por aquele pentagrama no centro do quarto.

— Okay, eu não sei o que está acontecendo. — apresentei meu tom confuso — Eu posso ir embora? Tenho uma temporada de The Walking Dead pra terminar.

— Você não vai à lugar algum até nos explicar o que aconteceu, e o que você é. — o senhorzinho disse.

— Eu não sei o que quer que eu diga, mas eu sou humana. — menti — Agora eu posso ir?

— Como escapou dos demônios?

— Demônios? — aquilo explicava algo. Eu sabia que não se tratava do arcanjo — Como assim demônios?

      Todos os olhares à minha frente se cruzaram novamente, sabiam que não conseguiriam tirar nenhuma informação de mim, e que na verdade eu sabia tão pouco quanto eles. Meu receio era de que me matassem pela minha inutilidade.

— Dean... Vamos deixá-la ir. — o moreno falou lançando um olhar reconfortante e se aproximando de mim.

      Os cabelos lisos e castanhos foram todo para a frente de seu rosto quando ele se abaixou para me desamarrar. Havia uma delicadeza em suas mãos, um cuidado para que as cordas não me machucassem mais do que estava machucando. Eu queria saber o nome dele, havia algo em seu rosto que me fazia lembrar de alguém. Quem?

      Dean me fuzilava com os olhos. Estava claro o quanto ele não confiava em mim, e infelizmente ele tinha toda razão. Mas que culpa eu tinha? Embora eu tivesse mentido na parte de ser humana, e de me importar com Bridgit, eu não sabia o que estava acontecendo, como poderia contar à eles o que eu realmente era?

— Vamos. — ele pressionou a mão em volta do meu quadril, e lancei uma bitch face para o loiro e o velhinho.

      Apoiei meu braço em volta do pescoço do grandão, que se inclinou um pouco para que eu não precisasse erguer os pés. Fingi uma leve dor nos tornozelos, e cambaleamos vagarosamente até o lado de fora. Eu não sabia como, mas tinha que fugir dali.

— Isso é um Impala? — arregalei os olhos ao ver o carro à minha frente, já armando planos para um futuro próximo. Roubo quem sabe?

— Sim. — sua voz foi abafada pelo esforço que ele fazia em me ajudar a caminhar — Era do meu pai.

— O que houve com ele? — arrisquei uma pergunta pessoal, que talvez ele não responderia.

— Está por aí. — aquilo não respondia a pergunta, mas assenti.

— Eu sou apaixonada por carros antigos. Tinha um Corvette antes daquela vadia destruí-lo todo. — fiz uma careta, me lembrando da noite anterior.

— Puxa. — expressou desdém abrindo a porta — Está com dor? — seus olhos verdes encontraram os meus castanhos, e então eu tive a certeza de que o conhecia.

If I Had Wings (Hiato)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora