Um dia tranquilo

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- Precisam de alguma coisa, garotas?
- Não, só queríamos dar uma olhada no lugar.- Cally respondeu tranquilamente.
- Ficarei muito feliz em mostrar a vocês!- Rebecca disse sorrindo.- Por favor me acompanhem.
Ela começou a andar em direção à um dos túneis, seguimos ela e logo chegamos a uma praça com um ipê roxo no meio.
- Estamos na praça principal, aonde a maioria de nós passa o tempo, ela dá acesso à todo o resto do subterrâneo.
Apenas olhávamos ao redor, haviam muitas pessoas na praça, algumas conversavam, outras se alimentavam, outras trabalhavam em pequenas hortas que haviam ali.
Continuamos atrás de Rebecca e ela logo nos levou a outro local. Era um lugar fechado e logo vimos várias salas, ouvíamos barulhos de pessoas falando.
- Estamos em uma pequena escola que construímos para as crianças.
- Ótima idéia, mas sobre o que aprendem se o mundo está tão devastado?- Leslie perguntou.
- Um pouco de tudo; a morbo, o Antigo Mundo, técnicas de lutas, estratégia...enfim, acho que você entendeu.
- Entendi sim.
Passamos por outro túnel e chegamos em um lugar enorme, o chão era completamente plano e pintado de azul escuro, haviam várias barracas com comida e o lugar estava repleto de pessoas.
- Agora estamos no mercado principal.
- Como conseguiram tanta comida?- Callyssa perguntou.
- Mark e a família dele sabem de um lugar que tem bastante comida, às vezes os próprios vendedores cultivam os produtos.
- E como fazem para comprar coisas se não existem mais leis ou dinheiro?- Perguntei, Rebecca deu um sorrisinho.
- Sabemos o número de habitantes no subterrâneo, então sabemos de quanta comida por dia cada um deles precisa para sobreviver.
- Interessante.
- Pois é.
Mark apareceu do nada, parecia estar feliz.
- Becca, preciso falar com você.
- É tão urgente assim?
- Sim, e seu pai também está te esperando.
- Tudo bem, espere só um segundo.
Ela se virou para nós, parecia um pouco frustrada com a situação mas logo deu um sorrisinho.
- Meninas, eu sinto muito mas eu preciso ir.
- Tudo bem.- Cally disse.
Leslie se despediu e foi para o quarto dela, Cally fez o mesmo, eu estava indo para quarto quando vi Olivia e Logan no meio de uma das praças.
- Kim, estávamos procurando você.
- Por que?
- Liv quero ir para casa.- Logan disse.
- Por isso, ele tá com saudade dos nossos pais e eu não sei o que dizer para ele.
- Deixe-me falar com ele.
- Fique à vontade.
Olhei para o garotinho e dei um sorrisinho.
- Logan?
- Tia Kimberly, eu quero voltar para casa!
- Você gosta de aventuras?
- Sim.
- Isso é uma aventura.
- Mas e o meu pai e a minha mãe? Continua sendo uma aventura sem eles?
- Continua sim, apenas preste atenção no que está acontecendo aqui e agora.
- Você é muito boazinha tia Kimberly.
- Obrigada.
- Sabe quando vou ver meus pais de novo?
- Logan não faz pergunta difícil.- Olivia interrompeu, seus olhos marejavam.
- Calma Liv.
- Maninha, você está bem?
Ela forçou para não chorar.
- Estou sim, mas acho que você precisa descansar um pouquinho.
- Eu não quero ir!
- Não perguntei se você quer ou não, vamos.- Ela disse pegando ele no colo.
- Não!
- Se ficar quietinho prometo que vou contar quantas histórias você quiser.
- Tá bom.
Sorri.
- Tchau Liv.
- Tchau Kim.
Ela acenou e foi andando para o quarto...
No final da tarde a praça em frente ao meu quarto começou a ficar mais vazia, me sentei debaixo de uma árvore e começei a ler um livro.
- Você sumiu o dia inteiro, sabia?
Olhei para cima.
- Desculpa Pat, só não sabia em que quarto você estava.
- Tudo bem.
Ele se sentou meu lado.
- Meu Deus, esse lugar é um saco!
- Por que acha isso?
- Não tem nada pra fazer!
- Sei lá...gostei daqui.
- Porque você tem o que fazer Kim, cuidar da Olivia e do Logan, conversar com os novos colegas de quarto e tal...
- Você também pode fazer isso.
- Vamos embora logo, então não pretendo fazer amizades.
- Só daqui a três dias! Só você não tá a fim de conhecer o lugar e socializar. Patrick se tem uma coisa que posso lhe dizer é: Viva enquanto puder, nosso tempo de vida é muito curto, então aproveita!
- Não precisa me dizer coisas que eu já sei, tá bom?! Acha que não sei que nós não vamos durar nem um ano nessa droga de mundo?!
- Patrick...não começa.
- Você começou Kimberly!
Ele respirou fundo, fechei meu livro e dei para ele.
- Toma, para passar o tempo.
Ele me olhou seriamente por alguns segundos e pegou o livro.
- É sobre o Antigo Mundo, você vai gostar.
- Valeu Kim, e desculpe por te tratar mal, ok?
- Não me tratou mal, falou a verdade, pode até doer às vezes mas eu não ligo, o importante é ser sincero comigo, entendeu?
- Entendi.
Ele sorriu e eu o abraçei.
Leslie apareceu do nada.
- Ora ora ora.- Ela sorria sarcasticamente.
- Ahn...falou Kim, vou deixar vocês duas conversarem.
- Tá, te vejo mais tarde, eu acho.
- Ok.
Ele saiu de perto.
- Amigo, é?
- Ai Leslie deixa de ser chata.
Ela começou a rir.
- Para onde vai agora?
- Para o quarto aonde estou temporariamente.
- Vou com você.
- Por que?
- Eu não perderia a chance de passar algum tempo com minha melhor amiga, além disso, quero conhecer seus colegas de quarto, já que a minha é tão caladona.
- Tá, então vamos.
Eu levei ela para o quarto dos gêmeos.
Abri a porta e logo vi os meninos, estavam comendo ameixas.
- Oi meninos.
- E aí Kim? Vejo que trouxe sua amiga.- Jason disse.
- Eu tenho nome sabia?- Lie disse em tom de indignação.
- Foi mal, é que esqueci seu nome.
- O nome dela é Leslie.- Jeff disse.
- Pelo menos um de vocês lembra.- Ela disse sorrindo irônicamente.
Ela se sentou em uma das camas de frente para eles e eu fiz o mesmo.
- Então o que devemos fazer agora?
- Não sei.
- Ah garotas, não acredito que não pensaram em uma coisa tão legal assim.- Jeff disse.
- O que?- Lie perguntou.
Jeff deu um tapa na cabeça de Jason.
- Vamos encher o saco dele.
- Olha aqui mano se você não parar de sacanagem eu quebro a sua cara.
- Na frente das meninas? Não é muito educado mano.
- Vá se ferrar Jeffrey!
- Não é homem o suficiente para vir aqui me bater Jason.
- Espera aí, esse negócio tá ficando tenso então vamos parar por aí.- Eu disse com um tom de nervosismo.
- Ah, deixa Kim, assim que fica interessante mesmo.- Leslie olhou de um jeito diabólico e irônico ao mesmo tempo para os dois.
- Não acredito que gosta de brigas Lie.
- Qual o problema? Na Cidadela não pude ver nenhuma mesmo!
- Aí, fica tranquila não vou machucar meu próprio irmão, pelo menos não muito.- Jason disse sorrindo sarcasticamente.
- Eu me acostumei com o lance: "Nada de agressão física a outros humanos."
- Desde que Cally não esteja aqui acho que não tem problema.
- Tudo bem...mas se acontecer qualquer coisa eu assumo a responsabilidade.
- Claro que não Kim! Eu não vou deixar!- Leslie disse quase gritando.
- Não quero saber eu vou e ponto final.
- Gente, acho melhor vocês não brigarem ela vai surtar se der errado.
- Tá com medo lindinha?- Jeff disse em tom malicioso.
- Desculpe mas o que você falou?
- O que você ouviu?
Leslie lançou um olhar ameaçador para ele e se levantou da cama com um sorrisinho irônico.
- Pode vir babaca.
Jeff deu uma gargalhada.
- Fala sério, acho que vai quebrar as unhas lindinha.
Ela não hesitou e deu um chute no "amiguinho" dele.
- Aaah sua vadiazinha!!!- Ele caiu no chão eu, ela e Jason começamos a rir.
- Você mereceu.
- Golpe baixo o seu hein Leslie?- Jason disse enquanto ria.
- Cala a boca mano!!!- Jeff se levantou.- Depois disso eu vou dormir.
- Desculpa Jeffrey.
- Você vem me chutar no lugar menos adequado e vem pedir desculpas?
- Eu não teria feito isso se não tivesse me subestimado.
- Nem vem, não sou eu que devo desculpas a ninguém.
- Além de machista é orgulhoso?
- Cale a boca!
- Vem calar.
- Agora você está me subestimando.
- Você consegue?
- Jeffrey você consegue?- Jason disse rindo.
Jeff olhou para Leslie e se aproximou dela agarrando sua cintura.
- É assim que dá em cima dos caras? Se for é horrível.
- Eu tenho meus truques.
- O Noah vai arrebentar a sua cara Leslie.- Eu disse rindo.
- Meu irmão não é ciumento assim.- Leslie empurrou Jeff.
- Vamos embora Kim? Cansei de discutir com babacas.
- Te acompanho.
- Tchau Leslie.- Jeff disse.
- Tchau idiota.- Ela respondeu piscando.
Saímos de lá.
- Você vai contar para o seu irmão?
- Isso não tem nada a ver com o Noah, é a minha vida Kim, tenho direito de vivê-la.
- Nesse ponto você tem razão.
- E tem outro ponto?
- O ponto dele, ele só quer seu bem, você sabe.
- Sei...mas a minha vida não interessa a ninguém.
- Acho que você está sendo muito radical.
- Eu não estou nem aí.
- Calma Lie eu só estou falando.
- E eu estou respondendo.
- Se não quiser falar sobre isso não precisa.
- Tá, assunto encerrado.
Ficamos quietas até chegar ao quarto dela, nos despedimos e voltei para o meu, os gêmeos estavam conversando mas logo dormiram, eu fui dormir também.

Diário de uma sobrevivente_Livro 1Where stories live. Discover now