À procura

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Acordei com passos pela casa, era o Aaron e parecia já estar pronto para sair do abrigo.
- Aonde você vai? Pergunto deixando claro o nervosismo em meu tom de voz.
- As pilhas da lanterna acabaram, precisamos de mais.
- Posso ir com você?
- Não, você está ferida, precisa ficar aqui.
- Olha eu sei me cuidar tá?! Eu sobrevivo a essa epidemia desde os meus doze anos de idade, ferida ou não eu sempre dou meu jeito.
- Kim, é pro seu bem.
- Você acha que sabe o que é melhor para mim?! Aaron, fala sério!
- Eu já perdi muitas coisas na minha vida, Kim! Não vou arriscar perder você!
Eu fiquei calada e ele disse em tom de medo e preocupação:- Eu não aguentaria... perder você!
Ele me deu uma faca.
- Se eu não voltar até o final da tarde ou me perdi ou estou morto.
- Não...Aaron, espera aí...por favor não vai...
Ele olhou para mim e se aproximou o que me reconforta muito, ele coloca as duas mãos em meu rosto.
- Kim...
Ele mal terminou de falar e me beijou eu fechei meus olhos e coloquei as duas mãos em seus ombros, só paramos por falta de fôlego.
- Prometo tentar voltar vivo.
- Você precisa voltar vivo, eu preciso que você volte.
- Não se preocupe comigo.
Ele se afastou e acenou, eu fiquei olhando para ele e acenei também, ele saiu do abrigo e fiquei olhando ele se afastar a cada passo, agora tenho certeza, não conseguirei mais viver sem ele.
Eu me sentei no chão perto da escada e fiquei lá olhando para as paredes.
Eu li vários livros enquanto estava lá, nem vi o tempo passar, só parei quando percebi que estava escurecendo.
Eu tenho duas opções ou fico parada esperando o pior ou começo a procurar o Aaron antes que eu perca a única pessoa que realmente importa para mim agora.
Eu peguei um isqueiro, uma faca e saí do abrigo, claro que fechei a escotilha para que nenhum maníaco consiga entrar lá.
Eu olhei em volta, a floresta ainda tem um ar macabro para mim, me amedronta muito e eu nem sei direito o "por que" de tanto pavor.
Eu andava, andava e andava, mas parecia não ter destino, parecia uma andarilha, uma nômade ou coisa assim.
A noite chegou lentamente, a escuridão tomava conta de cada árvore, cada folha, cada pedacinho de terra.
Eu ascendi o isqueiro e dava passos rápidos, cada som produzido naquele lugar era uma tortura.
Cheguei perto de uma grande árvore, estava tão cansada, mas eu não podia falhar, não quanto a isso, tenho que arranjar forças de todos os jeitos possíveis!
Escuto o barulho de folhas secas sendo pisoteadas.
- Quem está aí?! Pergunto tentando disfarçar o medo em minha voz.
- Kim?!
Eu congelei... não acredito que encontrei ele.
- Aaron?
Ele apareceu, estava com muitos arranhões no braço mas não estavam sangrando, tinha sangue seco na camisa dele, ele largou a sacola que carregava e me deu um abraço.
- Por que não ficou lá como eu te pedi?
- Porque eu estava preocupada com você.
- Você está conseguindo andar bem?
- Claro que sim, só levei uma facada, não tive a perna amputada.
- Fiquei com medo que estivesse machucada demais para vir comigo.
Ele deu um sorriso sem graça e eu olhei para os arranhões.
- O que foi isso?
- Eu só me arranhei em umas barras de ferro.
- Tem certeza?
Ele hesitou, mas disse:- Absoluta.
Eu olhei fundo em seus olhos, ele não estava falando a verdade, dava para sentir a insegurança em sua voz.
- Precisamos ir. Ele disse desviando o olhar.
- Vamos.
Nós voltamos para o abrigo e nos preparamos para dormir, antes disso, nos alimentamos.
O isqueiro estava aceso em cima da mesa, enquanto eu bebia um pouco de água, Aaron afiava uma faca, quando eu fechei a garrafa ele parou imediatamente o que estava fazendo.
- Posso desligar o isqueiro?
- Espera só mais um pouquinho.
Ele olhava fixamente para mim.
- Por que?
- Quero te olhar mais um pouco.
Eu ri e ele deu um sorriso.
- Kim, tem idéia do quanto você é linda.
- Não sou tudo isso, sou só uma garota normal.
- Uma garota normal que mudou minha vida.
Ele foi se aproximando, e colocou as duas mãos na minha nuca, minha respiração e a dele ficaram ofegantes, eu o beijei.
É a primeira vez que me apaixonei por alguém, e a sensação é de felicidade pura, nunca me senti tão bem em toda a minha vida.
Quando paramos desliguei o isqueiro e nós fomos dormi, eu estava tão cansada que adormeci em menos de cinco minutos.

Diário de uma sobrevivente_Livro 1Where stories live. Discover now