A caminhada

6.3K 362 19
                                    

- Meus filhos, agora, precisamos nos unir mais do que nunca, a Cidadela caiu, e se nós cairmos a humanidade também cai. Vocês são uma gloriosa geração, a luta pela sobrevivência de vocês a cada dia me dá orgulho! Mas agora precisamos de forças para lutar, a partir de hoje, lutem até a morte! Lutem pelas vidas de quem amam e por suas próprias vidas. Com a evolução deles não podemos mais ficar em um lugar só.
- E para onde iremos?- Kindness pergunta.- Todos teremos que lutar, não é novidade, mas o que faremos agora?! Não podemos nos arriscar no resto do planeta.
- Kindness, minha filha, é mais arriscado deixar que eles venham nos matar, eles não vão parar até matar todos nós. Sei que é difícil para a maioria de vocês mas não temos opção.
- E qual é o plano.
- Viveremos como nômades a partir de agora, precisamos ficar juntos, a vida de vocês é a prioridade, entenderam meus filhos?
Eu sentei no chão.
- O que vai ser agora Pat?
- Eu não sei Kim...só sei que muitos de nós morrerão.
- Está sendo pessimista.
- Pelo contrário, estou sendo otimista.
- Não diga isso Pat.
- Kimberly só você não percebeu?! A gente tem menos tempo de vida do que uma mosca!
- Eu sei que talvez nossos dias estejam contados, mas eu não ligo.
- Não tem medo de morrer?
- Porque você acha que eu luto desde os meus doze anos de idade com essas coisas?! Patrick eu já consegui sobreviver por seis anos! Talvez não seja muito para você mas é muito para mim!
- Você não sabe o que é precisar sobreviver.
- Você tinha sua mãe Hunter! Eu não tinha nem tenho nada! A morbo tirou tudo de mim!
Ele ficou sério.
- E eu continuo aqui...tentando...mas sei que estou aqui por algum motivo.
- Desculpa Kim, eu não sabia que doía tanto para você.
Franzi as sobrancelhas.
- Não sabia?
Ele permaneceu quieto.
- Bom, agora você sabe.
Me afastei dele e fui andando até Snake, que continuava olhando a Archer.
- Ela já acordou?
- Não.
- Não se preocupe, ela está respirando normalmente, com certeza está bem.
- Tomara que sim.
- Meus filhos.- Escutamos Líder nos chamar.- Façam uma fila, por favor.
Todos nós obedecemos, Snake pegou Archer e a carregou.
- Meus filhos, precisamos ir agora, temos que marchar para qualquer lugar longe daqui.
Ele ordenou que começássemos a andar, o dia amanheceu mais rápido do que imaginávamos, e quando percebemos já estávamos à quilômetros de distância da Antiga Cidadela.
- O Líder não se cansa de andar?- Patrick disse ofegante.
- Já está cansado?
- Você nem imagina o quanto.
- Não mesmo, estou acostumada a andar assim.
- Que bom para você, então.
- Frouxo.
- Desculpe, o que disse?
- Nada.
- Se eu sou frouxo você é o que?
- Provavelmente uma garota mil vezes mais esperta do que você.
- Com certeza, e muito chata também, e reclamona, grossa, exibida, exagerada, tagarela, escandalosa, etc.
- Que bom que acha isso.
- Bom, por que?
- Porque você é duas vezes pior.
Olhei para frente e vi a cidade, parei de andar imediatamente.
- Kim tá tudo bem?
- Tá sim, é só que não tenho boas memórias relacionadas a este lugar.
- Já esteve aqui?
- Duas vezes.
Ele pegou a minha mão.
- Tá tudo bem ok? Agora precisamos continuar.
- Valeu.
Fomos andando ainda na fila para a cidade, parecia mais assustadora do que nunca agora, a cada passo me lembrava da quantidade de maníacos presente ali.
Sentia a sensação de estar sendo observada, o que me assustava, eu suava frio.
Escutamos um barulho e olhamos para onde estava vindo, alguém explodiu um prédio, fazendo ele começar a cair.
- Merda!- Patrick gritou.
O resto da fila começou a correr enquanto gritava, eu corria e o chão tremia, parecia um terremoto.
Quando o tremor parou olhamos para trás, um pequeno grupo de pessoas que estava na fila foi esmagado pelo prédio.
- Pat a gente vai morrer.
- Eu concordo, mas não hoje nem agora.
Algumas lágrimas que não consegui conter rolaram pelo meu rosto.
- Você está chorando?
Enxugo as lágrimas imediatamente.
- Não.
- Kim, não precisa chorar tá? A gente vai achar um jeito de sair dessa.
- Eu estou bem, só preciso ir falar com o Líder.
Fui em direção ao Líder.
- O que nós vamos fazer agora?!
- Continuar, não podemos fazer mais nada, infelizmente.
- Quantas pessoas morreram?
- Pelos meus cálculos, dez pessoas nos deixaram agora.
- Dez?!
- Sim minha filha.
- E quando o resto de nós morrer?! Vai conseguir fazer cálculos?!
- Sei que está assustada minha filha, mas com essa doença infectando o que sobrou de nós e nos matando...
- Eu só quero que tudo acabe logo.
- Quem sabe a cura seja descoberta, a esperança é a última que morre, não é mesmo?
- O senhor tem razão.
- Agora volte para o seu lugar na fila e prove que é realmente forte.
Sorri e voltei para a fila.
- O que ele disse?
- Apenas a verdade.
- Que vamos morrer?
- Não, que precisamos de esperança...

Diário de uma sobrevivente_Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora