A emboscada

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Acordei mais ou menos seis horas da manhã, sobressaltada e com um nervosismo muito grande, um pesadelo horrível me fez dormir muito mal aquela noite, maníacos, como sempre.
Snake entrou no meu quarto, parecia estar nervoso também, e ele não costuma ficar nervoso por qualquer motivo deveria ser algo importante.
- Blade?- Ele sussurrou.
- Snake, o que foi?
- Fala baixo por favor.- Ele continuava sussurrando.
- Ok.- Abaixei meu tom de voz como me foi solicitado.
- Eu preciso de um conselho seu.
"Achei que fosse alguma coisa mais importante." Pensei.
- Tá, pode falar.
- Ok... é meio estranho mas preciso de opinião feminina pra isso...
Franzi as sobrancelhas.
-... Eu estou namorando escondido com a Kindness, faz um tempo, Archer não sabe de nada ainda.
- E qual é o problema?
- O problema é que Kindness quer se casar comigo.
- Uau...
- Eu sei, estranho.
- Não, é normal querer casar mas, vocês são tão jovens, não podem deixar para outra hora?
- Tentei falar com ela mas ela simplesmente não me escuta!
Ele colocou as duas mãos na cabeça e a abaixou.
- Eu amo a Kindness, de verdade, mas casar agora... não dá.
- Uma perguntinha, as pessoas tem o costume de casar cedo aqui na Cidadela?
- Blade não faz piada, eu tô falando sério.
- Tá desculpa.
- Respondendo a sua pergunta, não, somos livres para escolher.
- Ok...
- O que acha que devo fazer?
- Snake, você quer mesmo casar com a Kindness?
- É claro que eu quero! Mas não agora! Isso me dá uns nervos! Eu vou ficar louco assim! Casar é um passo muito grande ela não podia esperar?!
- Calma, não grita.
- Ai meu Deus.
- Snake você tá se irritando à toa, é uma pergunta simples, só diga "sim" ou "não".
- Você diz isso porque a pergunta "simples" não foi feita para você!
- Tá chega.
- É... chega, vou dizer para ela a verdade, direi que não quero casar agora.
- Tem certeza que é o que você quer?
- Tenho.
Ele abriu a porta.
- A propósito, obrigado Blade.
- De nada.
Ouvimos batidas na porta.
- Eu abro- disse para ele.
Abri a porta e era o Patrick.
- Tá a fim de uma caçada?
Ele me mostrou algumas facas sorrindo.
- Só se for agora.
- Ah não, espera aí Blade!- Snake disse.
- Que foi?
Ele jogou uma laranja para mim.
- Não pode sair de casa sem comer nada.
- Você não é meu pai.
- Sou quase isso- Ele piscou.
- Vai sonhando.
Saí de casa e fui descascando a laranja com uma faca no caminho, comi ela antes de sairmos da Cidadela.
Estava até tranquilo nos portões, então fomos para um bosque que havia lá perto, nunca tinha ido para lá mas eu não gostava de como estava indo, parecia que estávamos andando em círculos.
- Patrick, você sabe pelo menos para onde a gente está indo?
- Não faço a menor idéia Kim.- Ele disse sorrindo.
- Não tem graça Hunter, e se a gente se perder?
- Ai, se me chamou de "Hunter" a coisa tá feia.- Seu tom irônico começou a me irritar.
- Droga Hunter dá pra levar alguém a sério pelo menos uma vez na sua vida?!
- Calma Kim, esse bosque é muito perto da Cidadela, não tem como a gente se perder.
Escutamos um barulho vindo da mata.
- Patrick, fica alerta.- Eu sussurrei e ele pegou a arma dele, peguei a minha e começei a olhar em volta.
- Vamos andando.
Andamos mais um pouco e uma fila de maníacos nos cercou.
Tentamos sair por todos os lados mas percebemos que estávamos cercados.
- Aprender a armar emboscadas faz parte da evolução?!
- Provavelmente sim. A inteligência deles deve ter evoluído em todos os sentidos.
Um deles entrou no círculo.
- Vocês dois são muito inteligentes...
Fiquei assustada e segurei na mão dele.
-...Notamos que vocês moram em um lugar muito bonito, acho que os dois tem consciência disso.
- Sim senhor.- Patrick disse.
- Patrick o que você tá fazendo? Não converse com ele.- Sussurrei.
- Calma garota, está com medo de nós?
- Toda a humanidade ainda presente tem medo de vocês, será que só você não percebeu isso ainda?
Eu e minha boca grande, ele começou a rir.
- Sei que você e sua raça patética tem medo de nós, mas temos notícias muito boas para vocês.
Continuamos parados.
- Poderíamos escravizá-los ou torturá-los, mas não vamos fazer isso, vocês não sofrerão tanto assim...
- Não sofreremos tanto? Já estamos sofrendo, não se esqueça de que sua raça destruiu famílias e acabou com muitas vidas, acha que não sofremos com isso?
- Que engraçado, pensei que seres humanos não se importassem uns com os outros.
- As coisas costumavam ser assim, mas pessoas mudam, nós mudamos, porque não tentam mudar também?
- Garota, a minha mudança quem decide sou eu.
Ele sorriu de um jeito demoníaco.
- Quero os dois mortos.
Então eles começaram a avançar, nós atiramos mas eram muitos, o círculo foi sumindo e logo eles começaram a se espalhar.
Fomos atirando até que conseguimos matar a maior parte deles, um deles me agarrou por trás, Patrick atirou nele.
- Kim, sobe na árvore!
Eu assenti e subi na primeira árvore que vi, começei a atirar neles de lá até que senti alguma coisa me empurrando, perdi o equilíbrio e caí.
Senti uma forte dor ao colidir com o chão minha visão começou a escurecer, e eu apaguei...

Diário de uma sobrevivente_Livro 1Where stories live. Discover now