O abrigo

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Eu já estava sem forças para conseguir andar, caí no chão, no meio da fila.
- Kim tá tudo bem?!- Patrick me perguntou.
Minha visão estava completamente torta, eu estava tonta e sentia uma fraqueza que nunca senti antes.
- Não.- Consegui dizer.
Ele me pegou e começou a me carregar.
- Você...vai ficar...mais cansado.
- Vale a pena. Agora tenta ficar quietinha.
Dei um sorrisinho e tentei dormir mas não conseguia, por mais que estivesse com muito sono.
A fila andou por mais de três horas seguidas, até que parou repentinamente.
- O que...aconteceu?
- Olha para cima.
Obedeci e vi uma casa enorme feita entre árvores, na porta havia um homem colhendo tomates em uma pequena plantação ao lado da construção.
- Santo Deus.- Ele disse olhando para a fila.
- São todos humanos?
- Sim.- Líder respondeu.
- Entrem por favor.
Fomos entrando na casa, um por um.
- Pat, acho melhor você me soltar.
Ele me colocou no chão mas continuei me apoiando em um de seus ombros.
Assim que entramos o homem trancou a porta, ele ordenou que sentássemos em um circulo e obedecemos.
- Meu nome é Michael Carter.
- Olá, sou Finnick King, mas estes meus amigos me chamam de Líder.
- O nome dele é Finnick?- Perguntei para Patrick em voz baixa.
- Eu não sabia, mas agora sei.
- Prazer em conhecê-lo Finnick.
- O prazer é todo meu.
- Não há nenhum maníaco entre esses seus amigos, certo?
- Posso afirmar com toda a certeza que não.
Uma garota armada aparece na sala.
- Pai você me assustou. Quem são esses?
- Primeiro me dá essa arma.
A garota revirou os olhos e jogou a arma para ele.
- Quero apresentar a vocês minha filha Olivia Carter.
- Me chamem de Liv, é mais fácil.
- O que é que está havendo aqui Liv?- Uma mulher mais velha aparece com um menininho no colo.
- Michael quem são eles?
- Não se preocupe são humanos.
- Vou tentar não me preocupar.
- Gente, essa é minha mulher Deborah Carter e o garotão ali é Logan Carter.
Ela colocou o filho no chão.
- Bom, sejam bem vindos à nossa casa. Vou mostrar os quartos de vocês.
- Quartos?- Líder perguntou parecendo surpreso.
- É, suponho que precisem de quartos para passar a noite; é perigoso que um grupo tão grande de humanos fique lá fora, ainda mais quando já está anoitecendo.
- Bom, não pretendíamos ficar aqui.
- Eu insisto, muitos já morreram, pense em todos que estão com você, quantos tem?
- Éramos trinta e dois, agora somos vinte.
- Viu? Não quer mais mortes em seu grupo, certo?
- Desculpe, mas não somos só um grupo, somos uma família agora.
- Tudo bem, você e sua família podem se hospedar aqui o tempo que quiserem.
- Ficaremos uma noite, acho que alguns deles precisam descansar um pouco, já andamos demais.
- Ok, Sigam-me.
Ela foi andando e nos levou aos nossos quartos, cada quarto teria que ter quatro pessoas, eu dividiria o meu com Patrick, Leslie e Snake.
Deborah foi muito gentil conosco desde que chegamos, nos deu comida, água, meu alívio por não estar andando era tão grande que eu não queria andar nunca mais.
Fui para a sacada de um dos andares da casa e fiquei olhando para o céu, estava muito estrelado.
- Gosta de estrelas?
Olhei para o lado e vi Olivia.
- Sim.
- Eu também.
- Que legal.
- Qual o seu nome?
- Kimberly Sparks.
- Gostei do seu nome, é muito bonito.
- Obrigada Olivia.
- Já falei que pode me chamar de Liv.
- Ok Liv.
Patrick apareceu.
- Boa noite para as duas.
- Boa noite desconhecido.
- Oi Olivia, sou Patrick Campbell.
- Já falei que podem me chamar de Liv, vocês são surdos ou o que?
- Uau, que grosseria.
- Foi mal.
- Ela está sendo grossa assim com você Kim?
- Acho que ela só é grossa assim com quem ela percebe que é idiota.
- Você sacou mesmo isso de primeira?- Ela perguntou rindo.
- Aí, qual é o preconceito comigo?
- Não haveria preconceito nenhum se não fosse um completo babaca.
- Você quer mesmo jogar na frente da garotinha?
- Tenho quatorze anos seu estúpido.
- Nossa! Mudou tudo!
Ela revirou os olhos.
- Você irrita até garotinhas Pat.
- Principalmente garotinhas como você.
- Primeiramente, essa garotinha aqui já salvou sua vida várias vezes.
- Quem foi que te carregou hoje enquanto estava cansada?
- Quem te salvou do seu próprio pai?
- Jogou pesado!- Ele começou a me carregar.
- Me põe no chão!- Eu dizia rindo.
- Você não merece ficar no chão.
- Aff, falou, vou deixar o casal a sós.
Olivia saiu e foi para seu quarto.
- Irritou ela.
- Que bom que ela saiu, agora sobra mais tempo para irritar você.
Ele começou a ameaçar me jogar da sacada, segurei a gola da camisa dele com força, ele riu da minha reação e eu dei um tapa na cara dele.
- Seu louco!
- Sou louco mas sou feliz.
Ele me colocou no chão.
- Se tentar me jogar de uma altura dessas mais uma vez leva uma surra!
- Você não bateria em mim.
Dei um soco no nariz dele.
- O que você falou?
- Aai, sua vagabunda!- percebi que o nariz dele estava sangrando e começei a rir.
- Foi mal, doeu?
- Ah não foi como ser socado por uma pluma.
- Já que é assim não se importa de levar mais um- Eu disse levantando a mão e cerrando o punho.
- Para com isso! Não tô a fim de apanhar de uma mulher!
- Mas vai se não deixar de ser idiota.
- Vá se fo...
- Olha o palavrão.
- Não estamos mais na Cidadela Kimberly.
- E alguma coisa mudou?
- Sim.
- O que?
- Acho que não lhe diz respeito.
- Certo, então vou dormir.
- Ok, durma bem Kim.
- Tchau Pat.- Dei um beijo na bochecha dele e ele desviou o olhar, fui para o meu quarto, Leslie e Snake já estavam dormindo, deixei a porta encostada, me deitei na cama e dormi em poucos minutos.

Diário de uma sobrevivente_Livro 1Where stories live. Discover now