XXIII - O Segredo

Começar do início
                                    

— Fala sério, Helen! Que imaginação fértil você tem — Henry soltou umas boas risadas. — Você está lendo muito livros de ficção científica ou vendo séries de aliens?

— Viu, Henry?! Eu sabia que não podia confiar em você... devia ter escutado os meus pais.

— Eles também são ETs?

— Somente minha mãe e meu avô são. Meu pai é meio-humano, como eu.

— Então você nem é uma ET completa... — Henry não conseguiu conter as risadas. — E você falou tão sério que parece que acredita mesmo nisso. — Sorriu mais uma vez.

Ela apertou os lábios, o achando um idiota.

As outras crianças olhavam para eles, achando que Helen estava contando algum tipo de piada. Começaram a prestar atenção, curiosas. A menina viu que as risadas de Henry estavam chamando a atenção dos outros e o encarou, furiosa. E para piorar, leu os pensamentos dele e percebeu claramente que o amigo achava que ela estava brincando. Com um sorvete na mão, ele a encarava, rindo alto.

Para fazê-lo parar, quando ele foi lamber o sorvete, ela fez com que o enfiasse no meio da testa, sujando a testa do garoto de creme, o doce escorrendo pela face espantada.

— O que aconteceu?

— Isso é para você aprender a não rir de mim.

— Não acredito que foi você que fez isso!

Helen, já arrependida, pegou o lenço em uma bolsinha rosa que trazia a tiracolo e lhe deu para que se limpasse. Mas sentia que ele ainda não tivera provas suficientes. Esperou que os alunos parassem de encará-los e falou, por fim:

— Você está vendo os óculos do professor Alfred? Ele está sentado naquele banco, no canto do pátio, conversando com a professora Kelly — o garoto assentiu. — Continue olhando...

Henry fitou o casal curioso. Repentinamente, os óculos sumiram dos olhos do professor e foram parar na sua cabeça, em questão de segundos. O professor colocou as mãos sobre o nariz, pois a vista dele tinha embaçado de repente, mas não achou os seus óculos. Interrompeu a conversa e começou a procurá-los. Enquanto a professora Kelly o olhava espantada, Helen fez os óculos descerem vagarosamente até o chão, sem danificá-los.

— Que coisa estranha! Como os meus óculos foram parar no chão? Devo ter esbarrado neles sem querer.

— Nem me pergunte...

Ninguém no pátio reparou no fato, a não ser as duas crianças.

— Que coisa louca, parece sobrenatural. Foi você quem realmente fez aquilo?

— Claro que fui eu, não viu? Não pedi que você olhasse para os professores na hora certa? Como saberia que isto aconteceria? Não precisa acreditar em mim, se não quiser.

— Me desculpe, Helen. Não é todo dia que uma colega da escola me conta que é uma alienígena. Mas como eu posso ajudar você?

— Não sei, Henry... Só de me escutar, já me ajudou bastante...

— Obrigado por confiar em mim, Helen. Eu prometo que guardarei o seu segredo.

***

Dargan estava no hotel, descansando um pouco no sofá depois de um dia agitado, perdido em pensamentos. Recordava-se do que aconteceu há algum tempo, quando voltou ao lugar onde deixara o engenheiro alemão, antes de tomar a sua identidade. Ponderava sobre o que faria para salvá-lo, já que o deixara em maus lençóis com toda a polícia americana e os caçadores de extraterrestres. Depois de descongelá-lo, o teletransportou até o quarto.

Os Filhos do Tempo 3 - A Batalha dos DeusesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora