Os Filhos do Tempo 3 - A Batalha dos Deuses

XXII - Despedida

Neste instante, Kenan resmungou, pigarreando.

— Claro, ao lado do Conselheiro Kenan.

Todos sorriram.

— Então eu concedo o perdão real a ambos, mesmo tendo violado essa lei e autorizo que possam viver felizes na Terra ao lado dos que vocês amam, porque o amor é universal. O bem que fizeram à humanidade jamais poderá ser recompensado e isso é o mínimo que eu poderia fazer.

Merko, Zara e Nícolas agradeceram o gesto, cheios de felicidade.

Finalmente, o cruzador de batalha Star Hunter estava pronto para decolar, após uma rápida e eficiente manutenção feita pelos engenheiros e robôs do hangar da base. Os três sabiam que se despediam mais uma vez dos seus, sem previsão de voltar. Sentiriam saudades de todos os amigos.

Sivoc, Crom, Tíbor, Drako e o restante da tripulação foram se despedir dos viajantes, que finalmente iriam para casa. Zara ficou com os olhos marejados, assim como Nícolas. Não era fácil ter o coração dividido entre dois planetas, mas tinham de fazer as suas escolhas.

— Amigo Merko, nunca me esquecerei das aventuras que vivemos juntos — disse Sivoc, dando-lhe um abraço.

— Um dia eu voltarei. Confesso que apesar de estar feliz no planeta Terra, uma parte minha sempre tem vontade de voltar. Quando precisarem de mim, basta avisar e estarei sempre pronto para ajudá-los.

— Não se preocupe, amigo. Acho que vamos dar conta do recado. Parabéns pelo seu filho. Já perdi a conta de quantas vezes ele nos salvou com sua coragem e ideias geniais — continuou Sivoc, sentindo-se triste por saber que demoraria a vê-los de novo.

— Agradeço ao senhor, comandante. As ideias foram de todos, eu apenas contribuí com o grupo. Nós somos uma equipe! Gostei muito de conhecer vocês e mesmo em casa vou olhar na direção de Andrômeda e me lembrarei de todos — Nícolas sabia que ali tinha amigos de verdade.

— Obrigado, Nick, por lutar conosco e nos ajudar a salvar o nosso planeta. Quando precisar da gente, é só entrar em contato. Drako está sempre conectado — Tíbor apertou a mão de Nícolas. — Viu como aprendi os cumprimentos dos terráqueos? — Comentou antes de dar um abraço no jovem.

Ambos sorriram, se despedindo. O coronel Fizard se aproximou de Merko e disse:

— Comandante, gostaria de parabenizá-lo pelo sucesso da missão. Quando chegar ao planeta Azul, procure o espião Dargan. Use o sinal de comunicação de sua nave que o equipamento dele o reconhecerá. Conte-lhe o que aconteceu e dê este anel para ele. Dargan saberá então que fui eu que ordenei a sua volta ao planeta Vida. O anel emitirá uma mensagem holográfica, que gravei informando sobre a morte de Mirov e a mudança dos planos. Dê a ele uma nave batedora que está no hangar da Star Hunter. Ela está preparada para viajar de volta ao planeta Vida — o capitão assentiu, entendendo todas as instruções. — Obrigado por me fazer enxergar a verdade e me dar uma nova chance. Eu agora sou um homem melhor e vivo feliz ao lado de minha mulher e filhos.

— Fizard, desde o começo eu sabia que você era um bom homem. Há sempre um caminho melhor na vida esperando por nós. A escolha deve ser feita individualmente. Você optou pelo caminho certo depois de muitos erros, agora está feliz com sua família. Aproveite a vida, amigo.

Um clima de comoção tomou conta do ar. No entanto, a Zara restava apenas a satisfação. Estava satisfeita por voltar à Terra e finalmente rever a filha. Mas, permanecia preocupada, pois sentia algo estranho, sabia que precisavam voltar depressa.

Da base, a rainha Isadora com lágrimas nos olhos, Kenan e todos os amigos acenavam se despedindo deles. Essa foi a última visão de dentro da Star Hunter antes de levantar voo em direção ao hiperespaço.

— Zara, não precisa ficar ansiosa. Voltaremos para casa e cuidaremos de nossa filha.

— Estou sentindo que Helen corre perigo. Tem algo me avisando...

— Mirov e seus comparsas morreram no passado terrestre. Não há razões para se preocupar, querida.

— Nick, não se esqueça da equipe de agentes de capturas alienígenas. Eles são perigosos e Helen está aprendendo a usar seus poderes. Precisamos ficar perto dela e ensiná-la, principalmente, a ficar anônima e invisível. Qualquer manifestação sobrenatural entre os seres humanos pode ser fatal. Ela é só uma criança e precisa de proteção.

Merko chegou perto deles e entrou na conversa:

— Também concordo com você, Zara. Precisamos voltar o mais rápido que pudermos. Já pedi a Z8 que dê o máximo de velocidade na transdobra para a viagem de volta. Eu quero proteger minha neta, Lorena e Sophia; qualquer risco para Helen será perigoso para elas também. Esta missão ao passado da Terra foi de extrema necessidade e se não a realizássemos, o futuro da humanidade estaria comprometido. Agora vamos retornar à normalidade de nossas vidas.

— Penso como vocês. Vamos seguir em uma boa viagem — concluiu Nícolas empolgado com a volta para casa.

Zara somente olhava pela escotilha da ponte de comando. Ela fitava as estrelas, enquanto na sua mente a única imagem que via era a de Helen sorrindo. Aquele sonho que tivera há dias atrás a deixara preocupada com a filha. A sensação de perigo iminente não a deixaria tão cedo.

Nícolas, com seu otimismo peculiar, apenas pensava em chegar em casa e rever a família. Na cabeça dele, a morte de Mirov havia colocado um ponto final nos problemas. Mas será que ele estava certo?

O capitão morria de saudades de Lorena e queria ver sua esposa de cachos dourados. Sua voz doce lhe fez falta durante todo o tempo. Também queria rever sua neta, a doce Helen que gostava de passear com ele aos domingos no parque próximo de onde moravam. Breve, ele estaria na companhia de sua família.

— Coordenadas um, zero, nove, oito. Comandante Merko, estamos saindo da galáxia Andrômeda — a voz feminina de Z8 informou.

Era chegada a hora de reencontrarem o lar.

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