XV - Monstro de Gelo

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Merko olhou para um lago adiante, recoberto por uma fina camada de gelo. Sentiu que ali seria a sua única chance de derrotar o forte oponente.

Caminhou pelos cantos até onde o gelo aguentava bem o seu peso, e com passos leves chegou ao outro lado da lagoa, medindo a espessura do gelo a cada passo. Do outro lado, a coisa observava curiosa os seus movimentos.

— Desgraçado! Está com medo de vir até mim? —Merko incitava a fera para ir atrás dele.

A besta rugiu alto e algumas partes de gelo soltaram da montanha por sobre eles quase acertando o capitão que olhou para o alto e se desviou para o lado para não ser atingido. O gigante branco o seguiu até o meio da lagoa e com alguns passos já dava para ver a trinca que se formara na fina camada de gelo por debaixo dele. Merko torcia para que a fera andasse mais alguns passos.

— Venha filho da mãe, somente mais um pouco. Ande....

O ser continuou a caminhar, quebrando todo o gelo à sua volta. Com o peso, como previsto, acabou afundando dentro do lago. O capitão contornou a área de perigo e voltou ao ponto de partida, onde a ameaça gelada havia aparecido.

Era hora de tentar descansar um pouco, mas seria possível?

Na parede de uma encosta cheia de neve, uma porta se abriu para Merko. Ele se deparou com um corredor fechado, iluminado de azul. Começou a seguir por ali quando duas caveiras se materializaram no final da passagem, os olhos emitindo uma luz vermelha que aumentava o aspecto assustador daqueles seres.

Foi a última coisa que ele viu antes da luz se apagar. Os esqueletos partiram para cima dele, apenas o som das armas se chocando se faziam ouvir.

Por instinto, o capitão esperou até o momento certo e revidou, cruzando sua lâmina com as deles. Uma luz se acendeu no elmo de seu uniforme de combate e, no escuro, as faíscas se transformaram em golpes furiosos. Ele arrancou uma cabeça com um soco poderoso, utilizando a sua mão direita após prender a espada do rival com a sua que estava na mão esquerda.

O outro monstro o atacou por trás, quando ele se defendeu com a espada posicionada em suas costas. Em seguida, com um movimento lateral, acertou o inimigo e o dividiu em duas partes, fazendo com que sua cabeça em forma de caveira caísse no chão. Esses monstros se desintegraram ao serem destruídos e um vento carregou seus restos em forma de poeira. As luzes de cor anil se acenderam mais uma vez.

Depois deste nível concluído, uma porta de elevador se abriu e ele subiu para outro andar no labirinto.

"O que será que vem agora?", pensou.

Era a vez do rival. Kirubi entrou por um caminho que parecia uma trilha de uma floresta. Logo nos primeiros passos, um mundo virtual novo foi criado diante dele, que se viu diante de pássaros ocupando um céu aberto, emoldurando uma paisagem cheia de verde, recheado por copas de árvores que se elevavam, exuberantes.

Ele ficou atento porque um ambiente selvagem como aquele podia esconder muitas armadilhas. Para Kirubi, não foi diferente do seu oponente. De repente, soldados virtuais saíram das árvores e começaram a atacá-lo ferozmente.

Ele acertava alguns com a pistola e outros com a lança, eliminando os adversários com movimentos laterais e precisos. O capitão usava as suas habilidades nas artes do combate com eficientes golpes corporais.

Ao extinguir os algozes, em um piscar de olhos eles desapareciam rapidamente. Mas não era isso que ele e Merko sentiam ao lutarem no labirinto virtual. Tudo parecia ameaçador, a morte se aproximava deles tocando-lhes a pele, gritando os seus nomes, chamando-os para perto dela.

Quando viu os militares armados sumirem, Kirubi pensou que teria um minuto de paz, mas estava redondamente enganado.

De repente, o cenário mudou. Uma caverna se formou diante dele e adentrou-a, pronto para encarar o próximo desafio. Permaneceu em estado de alerta. O espaço ficou escuro a cada passo, fazendo com que ele acendesse a lanterna em seu capacete, clareando o caminho.

Logo ele percebeu que havia um riacho correndo sobre o chão e decidiu segui-lo, na esperança de encontrar a saída. E, apesar de andar com cautela, em um momento da caminhada o chão desapareceu, pegando-o de surpresa. Kirubi despencou no vazio, mergulhando abruptamente dentro de um tanque cheio de água.

Imediatamente, o capacete do extraterrestre se fechou, impedindo-o de se afogar. O acessório começou a liberar oxigênio para a respiração dele, mas ele sabia que não teria muito tempo de ar. Precisava sair dali rapidamente, encontrar a superfície. Começou a nadar em direção a única claridade que vislumbrava, determinado a sobreviver quando sentiu algo se agitar na escuridão.

"O que diabos está acontecendo?"

Uma escotilha se abriu próxima a ele e dois crocodilos saíram para devorá-lo. Eram criaturas hediondas, com cerca de sete metros de comprimento. Um deles abriu a enorme boca e partiu ao encontro do capitão, já sentindo o sabor de sua carne fresca. Kirubi nadou com velocidade e pegou a lança, que se estendeu pronta para o ataque. Ele disparou contra o animal, porém o outro arrancou a lança de sua mão com seus poderosos dentes afiados.

Kirubi deu novas braçadas, fugindo do gigantesco animal, e chegou rapidamente ao outro lado. Percebeu que estava dentro de algo parecido com um tanque. Como não havia como fugir, tirou uma adaga da cintura e atacou o crocodilo, que vinha em sua direção, furando a parte inferior de mandíbula, rasgando-a. O crocodilo começou a sangrar, deixando as águas subterrâneas rubras. Sem esmorecer, o capitão continuou a aplicar golpes contínuos na criatura, até que ela parou de atacá-lo e mergulhou ao fundo, de encontro à morte.

Kirubi começou então a procurar a lança que havia perdido, jogada longe pela criatura. Como se pudesse pressentir o movimento, o outro crocodilo veio em sua direção, para abocanhá-lo. Quando ele se virou, deu de cara com o animal assassino.

O povo observava pelas telas holográficas toda a ação e aplaudia, entusiasmados a cada perigo que os capitães enfrentavam para salvarem suas vidas. Muitos estavam loucos para ver o sangue derramar.

Nícolas permanecia nervoso porque os desafios eram piores do que imaginara e torcia para que seu pai escapasse incólume.

Kirubi usou toda a sua força, girando os maxilares do crocodilo para fora do eixo de rotação. Foi grande a força empregada pela fera para devorar-lhe, mas o esforço do capitão para segurar a fúria do monstro foi maior. Subitamente, ele quebrou a mandíbula do crocodilo, que sangrou abundantemente e ficou zonzo.

Isso deu tempo ao competidor de encontrar a lança que, com um movimento frontal o golpeou letalmente, destruindo o que restou do segundo réptil. Assim que se viu só, uma janela se abriu e a água sangrenta do tanque escoou, permitindo também que o capitão saísse com movimentos de nado embora já estivesse cansado.

A água escorreu de seu corpo e Kirubi voltou ao corredor que se formou diante dele, na caverna. Quando uma parede se abriu expondo uma passagem para outro setor, junto a um elevador, ele subiu para o próximo nível sem hesitar, disposto a conquistar aquela batalha.

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Os Filhos do Tempo 3 - A Batalha dos DeusesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora