Parte Dois: Capítulo 5

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Remus passou o resto da noite se amaldiçoando pelo desenho. Eles mal eram amigos e, mesmo assim, quem faria um desenho de um amigo?

Mas era tarde demais, ele lembrou a si mesmo, e tentou impedir que suas mãos tremessem quando imaginou Sirius lendo o bilhete. O que ele pensaria? Nada de bom, certamente. Remus não deveria ter esses sentimentos, ele sabia que não deveria, mas não conseguia se conter mesmo que tentasse. E ele estava começando a perceber que não queria tentar.

Remus evitou a estufa o dia todo, mas à noite reuniu coragem e atravessou o terreno, com as mãos enfiadas nos bolsos. Porém, havia algo na luz do entardecer que o relaxou e, quando chegou à estufa, conseguiu se acalmar o suficiente para sentir também alguma excitação. Ele queria ver Sirius novamente, conversar com ele como fizeram na noite anterior. Foi bom ter uma conversa adequada, em vez de apenas por bilhetes.

Ele ousou olhar para cima e foi recompensado com a visão de Sirius sentado no parapeito, os pés apoiados na moldura interna da janela. Ele estava olhando para algo em seu colo e Remus presumiu que ele devia estar lendo.

Após um momento de deliberação, Remus gritou tão alto quanto ousou: "Sirius!"

Sirius virou a cabeça e acenou animadamente para Remus, e os nervos de Remus começaram a se acalmar. Claramente, Sirius não se incomodou com o desenho de Remus ou com seu bilhete, e Remus ficou feliz. Ele não queria perder essa estranha amizade que ele e Sirius construíram

Uma vez na estufa, Remus olhou para Sirius novamente, mas ele voltou sua atenção para seu livro, então Remus se concentrou em suas próprias tarefas, sentindo uma estranha sensação de companheirismo com Sirius apesar dos quatro andares da Casa Grimmauld que os separavam.

O sol estava quase totalmente abaixo do horizonte quando Remus terminou, e Sirius ainda não havia enviado uma carta. Remus acenou para Sirius várias vezes durante a hora em que esteve lá, mas Sirius nunca fez nada além de acenar de volta e depois voltar para seu livro, então Remus se resignou a passar um dia sem Sirius e começou a arrumar as coisas dele. Ele puxou a bolsa por cima do ombro e deu uma última olhada na janela.

Sirius aparentemente havia terminado seu livro e estava de volta à sua posição habitual, parado em frente à janela. Ele acenou freneticamente para Remus, e Remus fez uma pausa, imaginando o que Sirius estava fazendo. Assim que se convenceu de que Remus iria esperar, Sirius pegou um pedaço de papel do parapeito da janela e começou a dobrá-lo. Mesmo com sua habilidade limitada de ver o que Sirius estava fazendo, Remus sabia que ele estava fazendo um daqueles passarinhos. Ele se perguntou se Sirius algum dia o ensinaria a fazer um.

O bilhete, quando Remus o desdobrou, não era realmente um bilhete. Foi um desenho. Deve ter sido isso que Sirius estava fazendo, Remus percebeu. Não lendo, mas desenhando.

Foi muito bem feito e Remus soube imediatamente que era ele. Ele estava na estufa, rodeado de flores, e seu rosto estava inclinado para cima. Ele estava sorrindo feliz e segurando um vaso de planta nas mãos. Embaixo, Sirius havia escrito: Gostaria de conhecer você um dia.

Remus sentiu suas bochechas esquentarem e sabia que seu rosto devia estar vermelho brilhante. Seu sorriso para Sirius foi um tanto tímido, mas claramente Sirius entendeu o que Remus estava tentando dizer, porque ele parecia absolutamente encantado. Remus saiu da estufa e trancou a porta atrás de si, quase deixando cair a chave em sua distração.

You Hold The Key To My Heart •Tradução•Onde histórias criam vida. Descubra agora