048. PAPÁ

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Joaquín Piquerez

¿Amor? Bru? ¿Esta ahí? — minhas perguntas saem seguidas.

– Joaquín, eu preciso desligar tá bom!? — escuto o barulho de algo caindo do outro lado da linha. – Daqui a pouco... Já já eu tô aí. — desliga, sem esperar minha resposta, sem falar um tchau.

E aqui estou eu, deitado na minha cama depois de mais um dia de festa natalina, com o corpo pedindo descanso, mas a cabeça a mil por hora. Tudo por causa de uma ligação com a Bruna. Algo na sua voz, no jeito rápido como ela quis desligar, me deixou com uma pulga atrás da orelha.

Eu tento não ser o cara ciumento ou paranóico, mas não consegui sacudir a sensação de que ela estava escondendo algo. Ontem, quando ela disse que estava se sentindo mal, foi tão por cima, tão... sei lá, parecia que não queria entrar em detalhes, como se tivesse alguma coisa ali que ela não queria que eu soubesse.

Eu percebi uma coisa estranha na voz dela, um tremor, talvez. Me bateu uma preocupação, um medo de que ela pudesse estar passando por algum aperto e não quisesse me contar. Quero acreditar que é só paranoia minha, que talvez o estresse e a pressão estejam fazendo minha cabeça viajar. Mas não consigo evitar. Eu amo a Bruna, e a ideia de que ela possa estar me escondendo algo, passando por algum problema sozinha, isso me deixa mal.

E se ela estivesse realmente passando por algo sério e achasse que precisava enfrentar sozinha? Não, eu não podia deixar isso acontecer. Eu precisava estar lá por ela, mostrar que ela não esta sozinha, independentemente do que fosse.

Ei — Matteo chama minha atenção batendo na porta do meu quarto. – Tu novia ha llegado. (Sua namorada chegou.)

Levantei da cama em um pulo só, a ansiedade e o nervosismo misturando-se de uma forma que fazia meu coração bater mais rápido.

–Ya voy! ( Já vou!) — respondi Matteo, dando uma última olhada no espelho.

Quero ter certeza de que estou apresentável, afinal, o dia tinha uma importância que eu não conseguia explicar nem pra mim mesmo. Era mais do que apenas um almoço de Natal; era a chance de fortalecer os laços com a Bruna, de deixar pra trás qualquer sombra de dúvida e realmente começar a construir algo duradouro.

Rapidamente, ajustei minha camisa e passei a mão pelos cabelos, tentando domar os fios rebeldes que insistiam em fazer o que bem entendiam. Não havia tempo pra mais nada; cada segundo a mais era um segundo a menos com ela, e isso era algo que eu simplesmente não podia permitir hoje.

Desci as escadas quase correndo, sentindo um misto de excitação e nervosismo. Ao chegar à sala, lá estava ela, conversando com minha mãe, que já a tinha sob seu encanto. A Bruna tinha esse efeito nas pessoas, uma luz própria que atraía todos ao seu redor, e vê-la ali, tão à vontade, tão parte da minha vida e da minha família, preencheu meu peito de uma forma que eu não sabia ser possível.

Ela se virou ao ouvir meus passos, e o sorriso que ela me deu foi o melhor presente de Natal que eu poderia receber.

– Oi, amor. — disse ela, simples e diretamente, mas carregado de um calor que me fez querer atravessar a sala e beija-lá sem motivo algum.

Hola, mi vida. — respondi, com um sorriso que eu sabia estar refletindo todo o meu coração naquele momento. Aproximei-me, dando-lhe um abraço apertando e sentido o perfume dela, que sempre tinha o dom de me acalmar. – Me alegro de que hayas venido. (Fico feliz que você veio.) — sussurro só pra ela ouvir, e o sorriso lindo que ela me entrega de volta diz mais que qualquer coisa.

𝐒𝐄𝐌 𝐀𝐌𝐎𝐑. - 𝐉𝐎𝐀𝐐𝐔Í𝐍 𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙. (EM PAUSA)Where stories live. Discover now