𝐒𝐄𝐌 𝐀𝐌𝐎𝐑. - 𝐉𝐎𝐀𝐐𝐔Í𝐍 𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙. (EM PAUSA)

025. CEDER.

Joaquín Piquerez

– Meu casal Bruaco tá vivíssimo. — Endrick fala chamando a atenção do resto do elenco que olha pra mim e pra Bruna passando no corredor.

– Bruaco? — Bruna pergunta com as sombrancelhas arqueadas.

– É o shippe de vocês, tá sabendo não? — o menor continua. – Pra nós vocês já namoram.

Bruna dá risada e nega com a cabeça.

– Vai negar? — Veiga passa por nós. – O cara me deixou aqui sozinho pra ir lá atrás de você.

– Te dije que se iba a quejar. (Falei com você que ele ia reclamar.) — sussurro pra Bruna que ri.

– Inclusive, você foi fazer o que lá hein? — Endrick pergunta cruzando os braços.

– Dormir. — ele dá um sorrisinho de lado. – Prefiero dormir al lado de Bruna que al lado de Raphael. (Prefiro dormir do lado da Bruna, do que ao lado do Raphael.)

– Eu vou lembrar disso quando a gente dividir quarto no CT. — dou de ombros com a resposta de Raphael.

– Bora descer gente, bora bora. — o preparador físico chama nossa atenção. – Ué, Bruna Marquezine? O que você tá fazendo aqui? — passo a mão no rosto pela delicadeza que ele abordou ela enquanto Bruna dá risada.

– Eita, como ele é educado. — Zé Rafael se pronuncia. – Oi Bru. — passa por nós tocando no ombro de Bruna.

– Bru? — franzi o cenho.

– Ciúmes do Zé Rafael? Que decadência Pique. — Weverton comenta. – Dá uma lincencinha aqui vocês dois... Inclusive, bom te ver Bruna.

– Bom te ver também Weverton, como que tá a Jaque e as crianças?

– Todo mundo bem graças a Deus. — Weverton responde e eu observo os dois interagirem em uma conversa super íntima.

Fico pensando de onde vem essa intimidade toda e logo me lembro que provavelmente ela estava em todas as resenhas da seleção brasileira quando namorava com aquele... Gosto nem de falar o nome.

– A cara do Piquerez. — Veiga fala dando risada. – Calma cara, ninguém tá querendo furar teu olho.

– Ni siquiera dije nada. (Nem falei nada.)

– Nem precisa, essa sua cara de bosta... — Zé fala e Veiga gargalha.

– O papo tá muito bom, mas eu preciso que vocês desçam. — o preparador pede mais uma vez. – Vamos?

– Vamos lá acabar com a raça do Botafogo. — Endrick fala esfregando as mãos. – Você vai né Bruna? Torcer pra gente.

– Ella es flamenguista. — faço cara de nojo e ele me acompanha.

– Sério Bruna? Que mal gosto. — Veiga nega com a cabeça. – Com todo respeito.

– Tá tudo bem, todo flamenguista tá acostumado com esse ódio gratuito. — ajeita a mochila nas costas.

– Pero ella ni siquiera es tan flamenguista así. (Ela nem é tão flamenguista assim.) — Bruna cerra os olhos pra mim. – En mi casa ella usa blusa do Palmeiras. (Na minha casa ela usa blusa do Palmeiras.)

– Nossa, usei uma vez. Vai ficar jogando na minha cara? — passa por mim e vai andando na minha frente enquanto o resto se amuntua atrás de mim pra sair do avião também.

– Tá fraquinho em Piquerez, ela usa roupa na sua casa? — Endrick fala batendo no meu ombro e Veiga gargalha.

– O que ele falou? Não ouvi. — Bruna pergunta olhando pra trás.

– Habló mierda, como siempre. (Falou merda, como sempre.)

Descemos do avião um atrás do outro onde Bruna é a primeira da fila. Era uma confusão tão grande pra descer e eu confesso que era tudo culpa minha. Fiquei um pouco afastado de Bruna que era a primeira, causando um engarrafamento de pessoas atrás de mim.

– Caralho, para de empurrar. — alguém grita.

– Os cara desaprenderam a descer de avião normal. — mais um reclama.

– OH PIQUEREZ SUA ANTA, ANDA RÁPIDO AÍ. — Gabriel Menino grita.

Bruna olha pra trás percebendo o bololo que está atrás de mim e dá risada.

– PORRA PIQUEREZ, ANDA RÁPIDO, TÁ ATRAPALHANDO A FILA. — Veiga grita e o resto concorda com xingamentos.

– JÁ TÁ ERRADO QUE NÃO PEGOU NEM A MALA DA MENINA NÉ PAE. CADÊ O CAVALHEIRISMO? — Murilo é mais um que grita.

Desço o último degrau da escada do avião e recebo um tapa na nuca de Raphael, semi cerro os olhos pra ele e penso em correr atrás pra devolver o tapa, mas mantenho a postura quando observo Bruna andar em minha direção.

– Bem que você me avisou que eles são meio doidos né. — dou risada.

– ¿Meio? Son completamente. (Meio? São completamente.) — ela ri e olha ao redor.

– Bom, eles não estão mais aqui... — dá um passo em minha direção. – Quer se despedir? — da mais um passo e seu rosto fica a centímetros do meu peitoral.

– ¿Eso es una pregunta? (Isso é uma pergunta?) — abaixo a cabeça já sentindo sua respiração.

– Por que? Queria que eu chegasse te beijando? — fala um pouco mais baixo e isso me faz umidecer os lábios.

– Ah, no. — aproximo ainda mais nosso rosto, ela fecha os olhos formando um beicinho e esperando um beijo, mas eu recuo dando risada. – Me gusta cuando preguntas. (Gosto quando você pede.)

Bruna ri pelo nariz. Deslizo minha mão entre seu pescoço e sua nuca puxando seu rosto pra mais perto, nossos lábios se tocam devagar e ela entreabre um pouco soltando uma respiração leve.

Gosto de provocá-la, por mim eu ficaria aqui a tarde toda só insinuando beijá-la. Sinto um clima tenso, as trocas de olhares e as palavras carregadas não ditas, dá uma ansiedade gostosinha. Sinto o desejo crescer quando ela encosta o corpo no meu e responde às minhas provocações com um sorriso malicioso.

– Vai ficar me provocando é!? — as mãos dela entram debaixo da minha camisa e ela desliza os dedos na minha barriga. – Quer apostar quem vai ceder primeiro? — sussurra sobre meus lábios e eu dou risada.

– Yo quiero.(Eu quero.) — olho ao redor pra vê se tem alguém nos olhando antes de puxar ela pela cintura e apertar sua bunda com força, ela abre a boca surpresa com minha atitude, mas em seguida ri. – Estoy seguro de que serás tú. (Tenho certeza que vai ser você.)

– Ah, então beleza. — cruza os braços ainda com o corpo encostando no meu e fecha a cara. – Vamos ver.

– Eres tan sexy cuando estás enojado. (Você fica tão sexy quando tá brava.) — mordo o lábio inferior com força e ela revira os olhos rindo.

– OH PIQUEREZ, SÓ FALTA VOCÊ. — alguém da comissão me grita, olho e levanto a mão mostrando que já vou.

– Tengo que ir. Nos vemos en Engenhão. (Tenho que ir. Nos vemos no Engenhão.)

– Vou pensar se você tá merecendo minha presença. — estala a língua no seu da boca.

– Repito, no fue una pregunta, te digo que te vayas. (Repito, não foi uma pergunta, eu tô mandando você ir.) — imito seu gesto de estalar a língua.

– Se você mandasse em mim. — escuto ela falar antes de me afastar.

– En el avión no dijiste eso. (No avião você não falou isso.) — olho pra trás só pra piscar.

Tenho quase certeza que ela xingou algum palavrão e mesmo não entendendo muito bem, dei risada.