004. VULNERÁVEL.

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Bruna Marquezine

Odeio me sentir vulnerável. Odeio demonstrar meus sentimentos, minhas fraquezas.

E isso só acontece comigo quando estou em locais públicos, cercada de pessoas que não importa oque seja, só querem algum motivo pra fofocar da minha vida.

E foi pensando nisso que eu neguei a carona de Piquerez.

– E-eu não posso. — fungo o nariz. – Si me pillan saliendo contigo va a ser una catástrofe. — misturo o português com espanhol, me lembrando que ele não entende português.

¿Ellos quiénes? — pergunta.

Ainda estamos grudados um ao outro, sinto seu peitoral levantar enquanto fala, e então eu me afasto, mesmo não querendo, mesmo me sentindo confortável em seu abraço.

La prensa. — respondo passando a mão pelo nariz. – No pueden verme contigo. Ya estoy mejor, voy pedir un Uber. — firmo a voz.

No dejaré que te vayas en un Uber. — nega com a cabeça tirando uma chave do bolso. – Mi auto está ahí, nadie nos verá. — aperta a chave na mão e as luzes de um carro preto bem no fim da rua acendem.

Mordo o lábio inferior com força me sentindo nervosa. Não sei se deveria aceitar, eu mal o conheço.
Na verdade, agora que estou pensando, eu desabei nos braços de um "desconhecido".

Minha ficha caí e agora além de nervosa, estou envergonhada.

Por favor Bruna, entiende esto como un agradecimiento por ayudarme ayer. — ele fala já perto do carro sendo que eu ainda nem aceitei e muito menos movi um músculo desde a hora que me soltei dele. – ¿Quieres que vaya y te abrace? — fala em tom debochado, dou risada.

No será necesario, tengo dos personas. — respondo no mesmo tom enquanto ando até o carro.

Los puedo ver bien desde aqui. — dá um sorrisinho de lado.

É impressão minha ou isso foi um flerte? Eu até retribuiria se estivesse no clima.

Entro no carro e sento no banco ao lado do motorista em silêncio enquanto ele ajusta o retrovisor, seus olhos refletindo preocupação e incerteza. O motor ronca indicando que ele ligou o carro, mas nenhuma palavra é trocada. O silêncio pesado paira no ar, carregando o peso das minhas emoções não ditas e das perguntas que eu sei que ele quer fazer.

Abro um pouco a janela quando nos afastamos o suficiente dos paparrazzis e dos repórteres permitindo que um vento suave e fresco entre no carro. É um breve alívio para pressão que ainda está em meu peito.

Seus lábios se movem como se estivesse prestes a quebrar o silêncio, mas ele recua, desviando o olhar para a estrada mais uma vez. A tensão entre nós permanece, e pra quebrar o clima quem abre a boca sou eu.

¿Cuál es su ocupación? — me ajeito pra olhar pra ele que esta atento na estrada.

Soy jugador, lateral del Palmeiras. — sorri sem mostrar os dentes no final da frase

¿Jugador? Con todo respeto, pero no lo parece. — solto uma risadinha pelo nariz e ele me acompanha.

¿No parece? ¿Por qué?

No eres arrogante, no crees que el mundo gira a tu alrededor y eres amable. — ele aproveita o sinal fechado pra olhar em minha direção. – Pareces tímido y odias ser el centro de atención.

𝐒𝐄𝐌 𝐀𝐌𝐎𝐑. - 𝐉𝐎𝐀𝐐𝐔Í𝐍 𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙. (EM PAUSA)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant