046. ENJÔO NATALINO.

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Bruna Marquezine

Não estou me sentindo bem desde cedo, mas agora, no meio da festa de natal, o mal estar se intensificou.

Comecei a me sentir tonta e um aperto no peito tomou conta de mim. Entre as luzes piscantes e a música alegre, procurei desesperadamente por um lugar tranquilo.

As vozes ao meu redor se transformaram em um murmúrio confuso enquanto lutava contra a sensação de mal-estar. Minha preocupada se aproximou, me entregando um copo de água.

– O que foi? O que você tem? — minha irmã pergunta preocupada.

– Não sei. — coloco a mão na testa e me escoro na bancada. – Acho que é só um mal estar, já já passa.

– Você comeu alguma coisa no almoço?

– Comi... Na verdade, comi bem pouco porque meu estômago não tá legal hoje.

Minha irmã me encara, meio que assustada, enquanto eu tento disfarçar o mal estar. Mas a coisa piora rápido demais, então eu saio em disparada na direção do primeiro banheiro que vejo, praticamente arrebentando a porta. É uma cena digna de filme de comédia, só que na vida real, e eu tô ali, aliviando o estômago e rezando pra essa festa não virar uma lenda familiar.

Lavo o rosto e me encaro no espelho. Os olhos refletem o cansaço da noite, e o rímel meio borrado denuncia que a festa está sendo mais intensa do que eu planejei. Respiro fundo, tentando recuperar a compostura antes de voltar para a celebração, mas o reflexo no espelho conta uma história diferente da animação lá fora.

– Você tá grávida. — tomo um susto com minha irmã me esperando atrás da porta. – Não acredito, vou ser titiaaaa. — dá pulinhos de alegria.

– O que? Não, não e não. – Rapidinho, desfaço o mal-entendido. – É só um mal estar da festa, nada de bebê por aqui.

– Ah, para, não esconde não. Tenho certeza de que é um baby a caminho. — ela insiste, ignorando minhas negativas .

– Para de ser maluca Luana, que gravidez o que. — me afasto quando ela tenta passar a mão na minha barriga.

– Cara, eu tô sentindo que têm neném aí. — aponta pra minha barriga. – Vem mini Piquerez. — cruza os dedos

Solto uma gargalhada.

– Mini Piquerez nada. Só se for mini pizza, porque olha, o tanto que eu comi e a gente nem chegou na ceia. — sinto um enjôo de novo só de lembrar do gosto da pizza.

– Qual foi a última vez que você usou camisinha? — cruza os braços.

– Não é da sua conta Luana, você tem 15 anos só, some da minha frente. — tento sair, mas ela me cerca.

– Bruna, só um conselho... — balança o pescoço. – Faça as contas, e depois, faça o teste.

Ela sai, enquanto eu fico ali ainda tentando me recuperar. Será que eu realmente devo fazer as contas? Porque assim, camisinha eu tenho certeza que não tô usando.

Mas, sei lá, é meio louco pensar nisso. Fico aqui me perguntando se a Luana tá só na zoeira ou se tem um fundo de verdade nessa paranoia dela. Preciso deixar esse assunto de lado, curtir a festa e depois pensar nisso com a cabeça mais fria.

{....}

Resumo do meu natal; não consegui comer quase nada, o que eu consegui, vomitei depois, passei a metade da festa sentada, tomando Coca Cola com gelo e limão.

Agora, são 1:30 da manhã, e foi o momento que eu consegui ter uma privacidade pra conversar com o Piquerez por chamada de vídeo.

– Feliz Natal, meu amor. – tento transmitir um clima animado pra ele. Conheço bem meu namorado, e sei que se ele perceber que não estou bem, ele vai arrumar um jeito de brotar aqui em casa.

𝐒𝐄𝐌 𝐀𝐌𝐎𝐑. - 𝐉𝐎𝐀𝐐𝐔Í𝐍 𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙. (EM PAUSA)Where stories live. Discover now