𝐒𝐄𝐌 𝐀𝐌𝐎𝐑. - 𝐉𝐎𝐀𝐐𝐔Í𝐍 𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙. (EM PAUSA)

016. TÍMIDO?

Bruna Marquezine

Foi ótimo passar a tarde com o Piquerez. A gente deu banho no cachorro gigante dele, que pelo visto já se apegou em mim com tão pouco tempo.

Entre umas ensaboadas e outras, Piquerez me fez uma pergunta sobre meu ex relacionamento. Ele quis saber o porque do nosso término e mesmo que falar sobre qualquer coisa relacionada ao Neymar me incomode, eu fiz questão de contar pra ele.

Talvez eu tenha falado até demais, me expôs de maneira desnecessária falando sobre as inseguranças que eu já tive e morro de medo que voltem.

Nem todas elas foram causadas pelo Neymar, na verdade, acho que a maioria não foi. Porém eu estava em um momento difícil da minha vida, da minha personalidade, duvidando do meu potencial.

E nesse momento frágil é quando a gente procura uma pessoa que nós traga um certo conforto em meio a tanta confusão dentro de si. E infelizmente naquele momento da minha vida era o Neymar.

Não o culpo. De verdade.

Com tempo que a vida foi passando percebi que sou uma mulher adulta e que devo tomar conta de mim mesma.

Mas voltando ao assunto Piquerez, eu achei que ele demorou até demais pra me perguntar sobre meu antigo relacionamento. E mesmo que esse assunto me incomode, achei interessante ele querer saber sobre isso só depois de um certo tempo.

Depois de dar um banho e secar Tavo, fui na minha casa tomar um banho, mas Piquerez insistiu pra que eu voltasse pra casa dele assim que terminasse, diz ele que quer fofocar igual eu fofoquei com a Sasha.

E eu não fujo de fofocas né amores. Só fujo quando falam sobre mim.

Então estou aqui, discutindo com o fato dele não gostar de cinema. Como viemos parar nesse assunto? Não faço a mínima idéia.

– Não acredito uruguaio, como que você não gosta de cinema? — pergunto enquanto observo ele levantar minhas pernas e sentar debaixo delas, colocando-as escoradas em cima das suas coxas.

– El cine sólo sirve para dormir. (Cinema só serve pra dormir.) — abro a boca desacreditada e ele ri.

– Meu Deus que pensamento podre. — ajeito minha perna de maneira que eu não deixe meu peso todo sobre seu colo.

– Aire acondicionado, sillón cómodo, luz apagada... (Ar condicionado, poltrona confortável, luz apagada...) — estala a língua no céu da boca. – Un sueño muy placentero. (Um sono bem gostoso.)

Bem gostoso mesmo. Bota gostoso nisso. Porra, por que ele tá sem camisa? Nem calor tá fazendo. Quer dizer... Agora tá.

– Isso é por que você ainda não achou algum filme que te prendeu. — pisco os olhos algumas vezes tentando distanciar meus pensamentos profanos. – Qual foi o último filme que você assistiu no cinema?

– Crepúsculo segunda parte. — fez dois com os dedos.

– Você é fã da saga? — perguntei empolgada.

– No, fui y dormi. (Não, eu fui e dormir.) — gargalhei.

– Vou te levar pra assistir meu filme, besouro azul. — ele segura a risada. – Tá rindo de que hein?

– ¿Escarabajo azul?

– Isso. — ele ri colocando a mão sobre a boca.

– Nombre creativo, ¿verdad? Parece una película para niños. (Nome criativo né!? Parece filme de criança.) — dou um chute devagar em uma das suas coxas e ele ri. – ¿Vas a decir que no lo parece?