023. DESVIO DE FOCO.

2.5K 265 77
                                    

Neymar Júnior

Cirurgia? — minha voz saí trêmula, mas alta.

– Infelizmente, sim Neymar. — doutor Lasmar confirma. – Sua lesão foi grave, mas vamos fazer o que puder pra sua recuperação acontecer o mais rápido possível.

– Quanto tempo ele vai ficar parado? — meu pai pergunta.

– 8 há 9 meses.

Não é possível.

Sinceramente. Isso é tão desanimador.

Dá vontade de parar de jogar bola e não voltar nunca mais. Dá vontade de realmente aceitar o que tantas pessoas falam a anos sobre mim... Que minha carreira acabou.

– Neymar você tá ouvindo o que o doutor tá falando? — pai me pergunta e eu olho pra ele com os olhos cheios de lágrimas. – Vai chorar cara? Você já passou por coisas pior hã!? — senta do meu lado na maca. – Vamos superar isso também.

– Não sei não pai... — passo a mão no rosto rapidamente limpando minha lágrima que escorreu. – Dessa vez vai ser foda.

– Tá tudo bem meu filho, você vai voltar mais forte do que nunca. — aperta um dos meus ombros.

Doutor Lasmar me passa algumas orientações e algumas palavras de conforto antes de sair com meu pai pra conversar.

Daí então eu desabo. Choro muito, de bater queixo e perder o ar. Me sinto péssimo. Desmotivado pra caralho.

Mais uma lesão na minha vida. Mais um tempo longe dos gramados. E sinceramente, minha vontade é de jogar tudo pro alto e desistir de vez.

Que se foda o Al Hilal, que se foda a Seleção Brasileira, que se foda todo mundo.

Mas eu simplesmente não consigo. Não consigo deixar de fazer a coisa que eu mais amo na vida. Não consigo ignorar o fato de que talvez eu realmente tenha estragado minha própria carreira me deslumbrando com festas, mulheres e bebidas.

Será que esse realmente é o meu fim? Um cara que tinha potencial pra ser o melhor jogador do mundo, terminar a carreira como um coadjuvante qualquer?

{....}

Cheguei na minha casa no Rio de Janeiro e a melhor pessoa do mundo veio me abraçar, meu filho Davi.

– Oi pai. — me abraça com cuidado. – Vai ficar tudo bem tá pai!? Pra mim você é o melhor jogador do mundo.

Meus olhos se enchem de lágrimas de novo, suspiro bem fundo pra evitar chorar na frente do meu filho. Eu o abraço com carinho, tentando transmitir segurança com meu gesto. Davi me olha com aqueles olhos inocentes, repletos de perguntas não ditas, mas no fim ele só me oferece um sorriso que foi a melhor coisa do meu dia até agora.

– Ney, tem visita pra você na sala. — Gil chama minha atenção.

– Visita? Quem? — franzi o cenho.

– Eu acho melhor você ir lá. — me responde e coça a cabeça.

Pelo semblante péssimo do Cebola, a visita não é muito boa.

Apoio minhas mãos nas amuletas e vou andando com elas de apoio até a sala. Minha sombrancelha arqueou mais ainda quando vi aquele psicopata sentado no meu sofá.

– O que esse cara tá fazendo aqui? Quem deixou ele entrar?

– Fui eu que autorizei. — meu pai responde passando por mim e sentando na poltrona. – Senta aí meu filho, vamos conversar.

𝐒𝐄𝐌 𝐀𝐌𝐎𝐑. - 𝐉𝐎𝐀𝐐𝐔Í𝐍 𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙. (EM PAUSA)Where stories live. Discover now