Fios

024

17 de outubro de 2009.

— O que tem a me falar sobre meu Takemichy?

— Seu? Tá ficando louco Manjiro? — Shinichiro deu uma risada de indignação, fechou a porta entrando em casa — Ele nunca foi seu pirralho.

— Ele sempre foi meu, não é porque eu o afastei um pouco que isso muda. Mas eu não sei nada dele no momento, preciso entrar em contato para que ele volte para seu lugar ao meu lado.

— Você está com o Draken, Manjiro, não é o que queria? Deixa o Takemichi em paz.

— Você não entenderia Shini, então só faz o que eu quero e me deixa em contato com Takemichy, me diz o que ele está fazendo, onde mora, sei lá. Só quero o que é meu de volta!

— Ah, você quer? — Shinichiro elevou um pouco a voz, o rosto vermelho em raiva — Então vai pra puta que te pariu moleque. Eu não vou mover uma agulha por você mais, e enfia na sua cabeça. Takemichi. Não. É. Seu. E eu não vou te falar merda nenhuma. Já não basta estar atrapalhando minha vida não, Manjiro? Tem que ser esse encosto na de todo mundo?

— Shini, não precisa agir como uma criança — Mikey fez um bico.

— Você não vai vir na minha casa, que eu não tinha te passado o endereço com um motivo, me tratar como a droga de uma criança quando a criança aqui é você, e achar que está tudo bem! Não importa se é meu irmão ou o caralho. E pare de tratar o Takemichi como se fosse um objeto!

O braço do mais novo foi agarrado e foi arrastado para fora de casa pelo irmão mais velho. Em seguida a porta foi fechada com força em sua cara.

Takemichi piscou algumas vezes. Reproduziu o vídeo novamente. Mais uma vez. E outra. E outra. E mais uma no qual não assistiu, apenas escutou. Saiu do vídeo voltando a conversa.

Kazushi: Mikey gritou que voltaria depois que o irmão parasse com birra. Não consegui mais gravar depois disso porque Shinichiro fechou tudo.

Kazushi: Mas dava para escutar. Ele arrastou algumas coisas e estava fazendo muito barulho.

Kazushi: Disse algo sobre ir para outro apartamento e garantir que Mikey não encontrasse dessa vez ou bateria no irmão.

Kazushi: Takuya seguiu o Mikey durante o dia e disse que ele tentou falar com Shinichiro várias vezes, mas sempre foi ignorado. Quando ele chegou em casa Mikey tinha invadido o apartamento.

Takemichi simplesmente não sabia o que sentir. Shinichiro não estava se aproximando por Mikey. Shinichiro não estava cumprindo alguma ordem. Shinichiro havia guardado seu segredo mesmo após Mikey expressar sua vontade. Não o contou sobre seu número de telefone, a frequência que aparecia em sua antiga casa, os lugares que frequentava, a sede da BD, seu apartamento ou deviltown.

Ele teve a chance de o trair, de fazer o que Mikey queria que ele fizesse, e não o fez. Se manteve fiel a ele, as palavras que lhe disse.

E havia Mikey. O que merda estava passando pela cabeça do anão idiota? Dele? Ele nunca chegou a ser totalmente dele para que ele tivesse qualquer sentimento de posse sobre si, agora então estava longe disso, gostaria de evitar estar no mesmo ambiente que ele, que dirá voltar para sabe-se lá o que Mikey precisasse, porque a única explicação que encontrou é de Mikey querendo lhe usar novamente.

Isso era repulsivo. Mikey estaria disposto a trair Draken, de mantê-lo como amante na esperança de conseguir sua boa vontade novamente? Ele pretendia que Takemichi esquecesse tudo que ele lhe disse, o comprando com alguma merda que nem queria imaginar? Ele achava que o sentimento que tinha por ele antes era o suficiente para se humilhar dessa forma?

Takemichi balançou a cabeça. Mikey não era um bom namorado, nem chegou a ser um bom amigo para si. O sexo também nem era grande coisa, Mikey sabia usar força mas nada além disso. Takemichi tinha que se diminuir para caber no espacinho que Mikey o dava, jamais voltaria a isso.

Se olhou no espelho do banheiro. Depois de sair do avião precisou vir jogar uma água no rosto, mandando uma breve mensagem para Shinichiro lhe esperar que logo voltava aonde combinaram. Mikey se tornaria um incomodo logo, quando isso acontecesse...

Será que o akai ito supera a morte de um irmão? Porque minha paciência para Mikey é inexistente no momento. Se ele se aproximar eu posso, sem querer, acabar socando-o mais do que deveria.

Takemichi riu ao lembrar da linha do tempo original onde Mikey havia matado Kazutora no soco, lembrava de achar nojento o estado do Hanemyia em consequência, a foto era uma das coisas mais horríveis que já tinha visto até aquele momento. Adoraria deixar Mikey igual.

Bem, hora de se encontrar com seu futuro namorado. Ou será que nem chegaram aos pedidos antes de morrer?

[...]

Shinichiro estava com um sorriso bobo desde que viu Takemichi e foi cumprimentado com um abraço, o que ele sempre fazia com os amigos. O Hanagaki era uma pessoa que gostava de contato físico com quem gostava. Shinichiro então subiu na moto sentindo o mais novo lhe segurar pela cintura. Seu sorriso se abriu um pouco mais. Admitiu que ao sentir Takemichi lhe segurar com mais força com curvas fechadas passou a fazer todas assim. Até que finalmente parou no estacionamento de um restaurante.

— Você não comeu nada né? — Shinichiro perguntou antes que Takemichi descesse da moto — Masaru comentou comigo que você não gosta do sabor da comida que servem no avião, aí eu pesquisei esse restaurante e pensei que talvez você pudesse gostar de conhecer. Ou não, podemos ir pra sua casa e pedir algo. Ou posso só te deixar lá também.

— Ei, vamos? — Takemichi sorriu divertido. Era legal ver Shinichiro se atrapalhar com ele. E se esforçar por ele. Shinichiro não é muito fã de esforços.

— Você aceita? Eu sei que devia ter perguntado antes de só trazer você até aqui — Shinichiro desceu da moto também, ficou à frente de Takemichi.

— Sim, aceito sim.

— Eu estou te chamando para um encontro, sabe. Do tipo quero te beijar de novo...? — O Hanagaki riu.

— Sim, Shiro. Eu estou aceitando sair em um encontro com você. Do tipo que talvez eu te beije de novo. Se for bem o suficiente para merecer isso.

— Shiro?

— Se tiver algum problema com isso então nós dois temos um problema, porque acho que Shinichiro é um pouco longo e nossos interesses um sobre o outro permitem apelidos — O Sano pareceu entrar em curto por um momento. Mas abriu um sorriso brilhante. Takemichi admitia entender por que os outros diziam que tinha um sorriso sol. E agora entendia por que falavam o mesmo de Shinichiro.

— Tudo bem, eu gostei de Shiro, raposinha.

Takemichi corou e se virou rapidamente.

— Vamos logo, estou com fome. 

Eles vão avançar rápido, a enrolação já acabou kkkkk