Fios

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07 de julho de 2008.

Takemichi Hanagaki sempre teve sua atenção, desde a primeira vez que o viu – ou que se recorda – sete anos atrás quando ele trombou em si ao estar correndo rumo a residência sano. Isso automaticamente levantou bandeiras em sua mente, principalmente quando Mikey apareceu no mesmo momento e, apesar de nenhum dos outros amigos de longa data conhecerem, ele e Takemichi aparentavam se conhecer a mais tempo do que seria possível. Era suspeito que Takemichi ao mesmo tempo que era um livro aberto era uma caixinha de pandora, ter alguém tão próximo de Manjiro tão de repente sendo de uma idade não tão próxima do que seria saudável lhe fez ficar alerta. Não era comum na idade deles que fizessem amigos de anos superiores.

Viu? Podem julgar Shinichiro Sano de ficar de olho no garoto que seu irmão nem fez questão de apresentar antes de arrastar para dentro de sua casa como se fossem íntimos? Manjiro tinha oito anos e Takemichi onze. Sua mente de adolescente já não era tão inocente e não foi difícil para ele teorizar que o mais velho estava se aproveitando do seu irmãozinho.

O que foi provado que foi contrário.

Nos primeiros dias ele desconfiou, mas ao conhecer um pouco do garoto não pode deixar de se identificar em algumas características, além disso ele parecia ser inofensivo para Manjiro, na verdade o fazendo muito bem.

Takemichi faria tudo pela felicidade de Manjiro, ele logo notou. E apesar de ainda identificar segredos dançando em volta de Takemichi se permitiu confiar. Não se afastou, no entanto. Não eram amigos próximos, mas compartilhavam certa cumplicidade, principalmente ao entreouvir conversas dos dois.

Ok, ele não era burro, juntou as peças logo sobre o que estava acontecendo, um diário que achou endereçado a si por seu eu de poucos anos atrás já havia o deixado ciente do que havia feito. Não sabia o que tinha acontecido no futuro, mas só de ver como Takemichi se empenhava e escutar os planos que traçava soube que seu irmão estava em boas mãos.

Se manteve por perto mesmo assim, atraído por sabe se lá que motivo. Bem, descobriu pouco tempo a frente o que era, na verdade. Mas não podia ser feito nada sobre, primeiro porque ao descobrir isso já era maior de idade enquanto Takemichi tinha apenas seus treze, segundo porque Manjiro já havia dado o primeiro passo. Não foi agradável escutar seu irmão explorando sua sexualidade ao lado de Takemichi, seu irmão não era silencioso.

A cumplicidade aumentou entre ele e Takemichi com isso, já que apesar de se envolverem parecia que os dois não estavam interessados em falar a ninguém, mantendo tudo no sigilo. Mas Shinichiro sabia e Takemichi sabia que Shinichiro sabia.

Mas, apesar de conhecer o envolvimento com o irmão, o mais velho nunca conseguiu se manter muito longe do garoto de olhos azuis. Foi por isso que começou a assistir as reuniões da gangue dos mais jovens, gostava que Takemichi sempre conseguia lhe encontrar. E isso podia ser tanto nas reuniões quanto em multidões quando acabavam no mesmo lugar.

Gostava de quando, ao fim da reunião, ele sempre vinha em sua direção e os dois se sentavam no chão em silencio, apenas olhando a movimentação do templo por um tempo, ou mesmo de suas caminhadas, também silenciosas, quando o garoto não estava de moto ou pegava carona e o acompanhava para casa.

Não gostava, porém, de como não o conhecia. Não se permitia isso, não sabendo que Takemichi era comprometido com o irmão e ainda assim mantinha interesse no falso loiro. Oh, o Sano se sentia tão sujo que o tempo passava e Hanagaki parecia apenas mais e mais atraente aos seus olhos. Era errado que ele desejasse o namorado de seu irmão como fazia. Os piores momentos eram quando ficava excitado e tudo que lhe vinha à mente era o mais novo.

Sujo, sujo, sujo.

Mas ele aprendeu a orbitar Takemichi, a admirar e observar.

Seu mártir pessoal era sentar-se em sua cama, sem coragem de se afastar quando Mikey achava estar sozinho em casa com Takemichi.

Os acontecimentos recentes mudavam tudo. Manjiro parecia não ver, ou não reconhecer, os sacrifícios que Takemichi fez por si, usando o garoto a seu bel-prazer e o descartando quando não lhe era mais conveniente. Podia ser seu querido irmão, mas ele não aceitaria uma conduta dessa. E talvez por estar apaixonado por Takemichi tudo era agravado.

Notou logo no início da conversa com Mikey que não adiantaria nada argumentar com ele. Mikey, sendo do jeito que é, não o escutaria. E pelo pouco que viu se livrar do Hanagaki era um desejo real.

Ok, o culpem, mas naquela última reunião que assistiu – não havia sentido comparecer se o motivo não estava mais presente – se sentiu extremamente satisfeito ao ver que Mikey não ficou feliz ao ter tantos dos seus homens perdidos para Hanagaki.

Mas isso não podia ser nada além de culpa do próprio Manjiro, é claro. Mikey era um líder nato, excepcional, admitia e tinha certo orgulho disso. Mas o comandante de Tokyo Manji era admirado pelos seus membros por sua força, não por qualquer outra coisa, enquanto isso Takemichi era admirado por muito mais.

Ele já foi um líder, ele sabia melhor que Manjiro. Ele podia ser um bom líder, mas não adiantava de nada se não era próximo de seus súditos. É claro que a lealdade de muitos não era para ele afinal.

Mas Shinichiro agora se arrependia. Se arrependia por ter demorado uma semana completa antes de tomar a decisão de que iria seguir Takemichi e o apoiar como Manjiro devia ter feito desde o início. E agora já haviam se passado dois meses e tudo que sabia é que o mais novo havia sumido por tempo indeterminado e mesmo seus companheiros da Black Dragons não sabiam sua localização ou tinham contato com ele – ao menos foi o que Wakasa lhe contou e confiava em Wakasa.

Esperava que não fosse tarde demais, que Takemichi não realizasse o desejo de Manjiro em sumir da vida deles. Takemichi não merecia isso, o Mikey merecia uma punição por seus atos. 

Eita Shinichiro... Eita.

Hoje e amanha vou postar, um presentinho para vocês já que sábado é meu aniversario.