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20 de setembro de 2009

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20 de setembro de 2009.

O grito alto e animado seguido de uma gargalhada rompeu da garganta de Takemichi se misturando com o som dos motores. Masaru olhou por segundos sorrindo pela alegria espontânea do filho enquanto o seguia costurando no trânsito noturno de Tóquio. As sirenes de polícia próximas fazendo o coração bombear mais rápido, o sangue circulando na mesma velocidade que as motos. O velocímetro travado no marcador de 210 km/h mesmo em curvas, o que fazia Takemichi ter o joelho quase tocando o asfalto e a moto quase batendo nos carros, mas o sorriso selvagem o acompanhava a cada segundo sem vacilar.

Seus olhos variam as ruas em busca de novos caminhos para despistar a viatura que o seguia, Masaru já bem adaptado em seguir o filho em suas bruscas mudanças de rota. Ambos Hanagakis já viam como passatempo provocar policiais para em seguida dar fuga, mesmo em cidades desconhecidas. O que Masaru não esperava era que seu filho fosse fazer isso duas quadras após saírem da loja em que compraram a moto, ainda sem placas e com os documentos frescos na mão.

Não faria diferença, não pegariam eles de qualquer modo.

Takemichi assobiou chamando sua atenção e diminui por um momento, movimentou a cabeça em direção a frente deles, no fim da rua duas viaturas travando o trânsito na entrada da avenida que pretendiam entrar.

— Nem fizemos uma bagunça grande para estarem tão a fim de nos prender — Masaru balançou a cabeça, o sorriso não deixando os lábios finos.

— Aí, tem um beco um carro antes dos cana — Takemichi parou a moto, quinhentos metros a frente alguns homens fardados saiam do carro em direção a eles — Acha que essa belezinha me acompanha?

— Nem vem, minha kawasaki tem mais personalidade que a sua bmw — Masaru se inclinou e acelerou a moto tomando frente. Escutou gritos dos policiais enquanto apontavam as armas, mas sabia que eles não atirariam ali onde tinham tantos civis.

— Eu não tô falando da potência da sua moto, tô falando de você velhote — Takemichi gritou e virou fechando Masaru para entrar no beco antes do pai. Agradeceu que não era um sem saída, não conhecia tanto essa área quanto shinjiku e shibuya.

Ao saírem na terceira rua que o beco cortava os policiais não estavam mais os perseguindo, seguiram então rumo Shinjiku, mas pouco antes de saírem de Shibuya novas viaturas apareceram atrás do pai e filho. Mesmo após derrapagens e curvas de última hora eles não tiveram sucesso em os tirar de sua cola. Mas, por sorte, quando Takemichi identificou a entrada de uma fábrica abandonada ao lado do parque soube exatamente o que tinha que fazer, além de estar a distância o suficiente para que não vejam exatamente onde ele entrou.

Virou no parque que para sua sorte estava vazio e deixou seu pai ultrapassar antes de virar para fora do caminho e entrar onde sabia ter uma falha na arborização que servia de cerca entre a fábrica e o parque, muito bem escondido pelas folhas que não eram podadas. Derrapou por causa da velocidade que estava ao parar a moto e levou a mão ao pequeno aparelho que pendia de sua camisa, levando-a a orelha e apertando para conseguir falar com seu pai, um ponto de radio que sempre tinham para qualquer emergência, algo adotado a cerca de oito meses após uma bagunça que participaram na primeira ida ao Brasil.

FiosWhere stories live. Discover now