Todo o resto já foi quebrado nessas viagens do tempo. Corpo. Alma. Mente. Confiança. Vontade. Bondade. Mas seu coração se mantinha intacto, a única coisa que não lhe permitia quebrar por completo. Ele já não era o mesmo Takemichi que seus amigos con...
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25 de outubro de 2009.
Para Takemichi as coisas eram simples. Deviam ser. Talvez por ter passado por tantas situações complicadas priorizou a simplicidade em sua vida. Ou talvez, só talvez, justamente por toda complexidade anterior as coisas pareciam simples agora.
De qualquer modo era fácil. O trabalho lhe traria dor de cabeça? Não pegue. Não é como se o dinheiro fosse fazer alguma falta. Desconfia de algo? Mande suas belíssimas divisões investigarem. Deviltown? Não conte aos outros para não se envolverem. Guerra da Yakuza? Vá para quem lhe propor o melhor acordo. Não fará diferença para ele um lado ou outro, é ele que fará diferença no lado que entrar. Shinichiro? Foda-o. Os dois querem, não há nada que o impeça de chamá-lo até sua casa e esquecer do mundo por algumas horas. Tenjiku? Não importa quem ele deseja vingar, quem vai morrer, não é como se Izana quisesse matar alguém importante para ele. Mamba? Ele era o mamba negra, no comando a um ano e usando a gangue para seu fim, violência. BD? Sua família, seus amigos. Protegidos do submundo e dos verdadeiros perigos.
Simples, fácil, tranquilo.
Talvez a única dor de cabeça que sua vida possuía nesse momento era que seus amigos não ficavam satisfeitos com o fato dele os deixar de fora em alguma coisa, qualquer que fosse. Era horrível que os capitães o tenham procurado assim que sua agenda ficou disponível para saber o que merda estava passando em sua vida. Então Takemichi fez seu melhor como um bom amigo e mentiu, ou melhor, omitiu. Para os proteger, claro.
Contou que Mamba funcionava como um pacto, algo como derrote o Taipan e a gangue é sua, e que em sua viagem com o velhote ele acabou derrotando justamente esse Taipan em uma briga qualquer que se meteu.
Disse que algumas pessoas estavam o chamando de rei depois disso, o que era acentuado por ele controlar duas poderosas gangues e agora influenciar uma terceira – desconsiderando Toman claro. Explicou que confrontos pessoais como o com Yakuza seriam resolvidos com Mamba, que visava a supremacia da força e violência, e BD, quem ele queria seguros, no máximo assistiria.
E explicou que o apelido do velhote era Cão do inferno, ou Cérberos.
Mas agora, com Shinichiro ajoelhado aos seus pés o ajudando a enfaixar o corpo para a luta enquanto Masaru estava com a Suzuki, Takemichi só pode se amaldiçoar por não ter sequer pensado que Kokonoi Hajime e Imaushi Wakasa teriam visto através de suas palavras.
É claro que eles estavam desconfiando.
— Quer que eu os chame até aqui? — Shinichiro sugeriu sabendo exatamente onde Takemichi estava olhando.
É claro que os dois conseguiriam acesso a deviltown. Wakasa tinha contato com Giran pelo restaurante, devia saber que ele era um corretor. E Koko era um agiota grande, apesar da sua falta de interesse no lugar é claro que averiguaria após os últimos acontecimentos.
— Tenho certeza de que após a luta eles irão me procurar — O Hanagaki murmurou — Vai apostar hoje?
— Não é uma luta grande. As apostas obviamente estão em você, não vou tirar nada disso — Shinichiro deu de ombros. Já era sua terceira semana no lugar, já tinha algum conhecimento.
