Todo o resto já foi quebrado nessas viagens do tempo. Corpo. Alma. Mente. Confiança. Vontade. Bondade. Mas seu coração se mantinha intacto, a única coisa que não lhe permitia quebrar por completo. Ele já não era o mesmo Takemichi que seus amigos con...
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13 de outubro de 2009.
— Espero que não esteja pensando em contar isso para alguém — Takemichi comentou casualmente assim que ficou sozinho com Shinichiro, os dois na praça próximo a casa do Hanagaki. Masaru havia os feito ir embora a pé após a luta e por sorte Shinichiro havia conseguido recobrar o sentido.
— Não sou louco e é assim que eles vão me chamar se eu falar sobre essa noite — Shinichiro tinha as mãos nos bolsos, o olhar baixo durante todo o trajeto, aquela bolinha prateada ainda em sua mente — Waka sabe que você tem esse tipo de contato?
— Não, e espero que não saiba. Waka tem o péssimo hábito de comentar as coisas com Benkei ignorando a presença de Senju e ela não sabe guardar segredos.
— De qualquer modo não acho que alguém vai acreditar se eu disser que fui até deviltown e ainda ganhei uma grana alta — Takemichi abriu a boca pra comentar mas Shinichiro continuou — Quem diria que você participa das lutas de um ringue ilegal? Sabia que os ganhadores de lá são apelidados de demônios?
— Não me importo muito em como me chamam. Algumas pessoas me apelidaram de bebê chorão, esse era meu apelido na linha do tempo anterior, herói bebê chorão — Takemichi parou ao lado de Shinichiro na esquina da conveniência que dividiria o caminho dos dois — Mas como ganhou dinheiro? Vendeu sua alma a um demônio? Ou seu corpo?
— Por quê? Algum interesse em comprar? — Shinichiro sorriu sacana. Os passos — Na verdade apostei em você na luta. Acertei a previsão de que seria nocaute no primeiro round. Foi uma morte, mas aparentemente eles consideram a mesma coisa.
— Você o que?!
— Apostei em você — Shinichiro repetiu — Inclusive disse que não levaria um minuto completo. Apesar de muitas apostas em você, notei que já tem uma fama, nenhuma foi tão próxima como eu. Ganhei uma grana boa — Sano tirou a mão do bolso e deu uma batidinha — Muito lucrativo devo acrescentar, uma luta de um minuto e eu tirei o mesmo que o mês na oficina. E olha que nem é pouco.
— Você nunca me viu lutar, por que apostaria em mim? — Takemichi deu um passo em direção a Shinichiro, o olhando curioso enquanto o sorriso do mais velho se tornava brando. Ele ficava muito bonito sorrindo assim.
— Porque você é Takemichi. Confio em você, acredito em você. E se você estava naquela luta, então só podia significar que você sairia vitorioso.
Shinichiro arregalou os olhos por um momento com o avanço, mas logo os fechou. A mão saiu do bolso e pousou no quadril do mais baixo. Takemichi entreabriu os lábios e, sendo um convite para aprofundar ou não, o mais velho levou sua língua a explorar cada mínimo detalhe da boca alheia, estremeceu pelo contato gelado com o piercing. O Hanagaki não planejava beijar o mais velho, ao menos não por um bom tempo, mas não poderia mentir que já havia pensado em como seria. Havia colocado o total de zero expectativa, principalmente considerando o tanto que o Sano fumava. O gosto do tabaco estava presente como imaginou, um pouco mais mentolado do que achou e um gosto melhor do que planejou. Era consenso universal que a boca de fumantes tinha um gosto de merda, mas porque caralhos parecia tão bom no Sano?
