Tíbor estava empolgado com a chance de usar sua força ciborgue. Nícolas jamais perderia a chance de lutar em um jogo de verdade. Estava acostumado a jogar games na adolescência, mas isso agora era real.

Teria a chance de mostrar a sua capacidade, vencendo os inimigos. Os outros também pesavam os prós e contras deste grande desafio.

Merko sabia que precisava agir com cautela e queria que todos os seus tripulantes fizessem o mesmo e pensassem a respeito. No dia seguinte, eles poderiam trocar ideias e tomar a melhor decisão para o futuro da humanidade.

O comandante Merko esticava os braços, enquanto duas mulheres da tripulação lhe colocavam a armadura de combate. Pensava no desafio do tirano: "Por que aquele traidor fugaz está tão confiante ao propor estes jogos? Ele deve ter algum plano diabólico escondido em sua mente sórdida. Precisamos dobrar a nossa atenção." Concentrado no holograma que lhe mostrava as armas disponíveis para a luta, ele parou por um instante e se ajeitou, deixando encaixar a vestimenta. Deu então a ordem ao imediato na ponte:

— Tenente Kator, abra um canal com a nave de Mirov!

Em seguida, Merko apareceu em um holograma na Genesis e Mirov, que estava de costas para a imagem, ao ver os outros voltarem os olhares na direção da tela holográfica, se virou, ansioso em saber a resposta. Kirubi também se aproximou, pois sabia que o combate final somente poderia ser travado entre ele e Merko.

Mirov seria incapaz de sujar as mãos.

— Nós participaremos! — O comandante do cruzador de batalha Star Hunter respondeu enfaticamente, embora percebesse certa malícia na proposta de seu arqui-inimigo.

— Boa escolha, capitão. Seus homens não são páreos para os meus, será interessante ver vocês perderem estes jogos — retrucou Mirov, com um sorriso prepotente. — Preparem-se porque eu, pessoalmente, coordenarei a organização dos jogos. Daqui a alguns dias convocarei todos para a grande competição.

A Star Hunter voltou para uma região neutra, entre o Egito e a Mesopotâmia. Enquanto isso, o mundo civilizado da época se preparava para os jogos alienígenas. O faraó e o rei sumério foram avisados da competição e convidados ao testemunho da força do deus deles, Mirov. Um grande campo foi aberto em um território neutro e uma arena preparada para a realização dos Jogos dos Deuses.

Ambos os reis e suas comitivas foram transportados para o lugar da competição. Entre eles, estava aquela considerada uma das mulheres mais bonitas entre as civilizações, a esposa de Kaenematon.

Kyra, como era chamada, possuía longos cabelos pretos como a noite e lisos, escorriam por sua pele morena emoldurando os lindos olhos castanhos claros que pareciam feitos de puro mel. Ninguém conseguia deixar de apreciar aquele exemplo de beleza egípcia. Em seus punhos, braceletes cobertos de pedras preciosas revelavam a sua posição na corte e sua cintura fina estava envolta por um cinto entrelaçado de couro.

Um adorno branco com fios dourados lhe contornava a cabeça, e os lábios grossos davam o toque final, pintados de vermelho, prometendo saciar desejos inimagináveis.

Assim que chegaram, todos foram convidados a ver as obras de construção que seu povo estava ajudando a edificar. Kaenematon e sua comitiva pararam para conversar com um de seus arquitetos que ajudavam os engenheiros de Mirov. Naquele momento, o capitão Kirubi andava na direção oposta a deles, perto do vão central da arena, e fitou Kyra. Ela retribui-lhe o olhar, enquanto o faraó conversava e observava os detalhes da obra.

Kyra sentiu algo forte no peito e respirou fundo. Um arrepio percorreu-lhe a pele e, o coração se agitou por um instante. Era um fato: Kirubi havia mexido profundamente com ela.

Os Filhos do Tempo 3 - A Batalha dos DeusesWhere stories live. Discover now