Blanck 2 - A transformação do mal

Capítulo 47

- Isso é incrível! – anunciei. – Não é a solução, mas pelo menos é um excelente ponto de partida. Se já sabemos qual é o evento e como podemos acessá-lo, só precisamos formular um plano para ir até o local, data e horário e alterá-lo de maneira que não cause o fim do mundo.

Todos nos olhamos mais esperançosos. Meu avô anunciou que precisaria retornar para onde... vivia... nem eu e nem ele sabíamos como dar nome ao lugar. Cora ainda tinha alguns poucos minutos a mais, pois tinha vindo depois, mas não poderia demorar e eu realmente tinha acabado de chegar à conclusão de que talvez precisasse da ajuda dela para receber quaisquer mais informações a respeito de tudo aquilo. Não sabia explicar o motivo, mas realmente gostava de tê-la ali por perto. E era muito diferente da sensação que eu tinha enquanto estava na presença da falsa Cora, o que me deu um aperto no coração em lembrar que ficamos com aquela criatura durante meses sem perceber que não era a minha verdadeira avó. Zelena, por ser filha dela, provavelmente estaria se sentindo ainda pior do que eu. E a culpa também não era dela.

Henry logo teria que retornar para seu tempo real também. Já Facilier, esse poderia ficar o quanto quisesse já que, na verdade, era um fugitivo do submundo muito orgulhoso de si mesmo por ter aproveitado a incrível oportunidade de escapar. E é claro que eu gostaria que fosse ao contrário, pois queria muito continuar com Henry ali ao meu lado para que conseguíssemos dar um jeito em tudo isso juntos e meu ciúmes de Facilier permanecia intacto. Estranhamente, e de uma maneira que me fez sorrir por dentro, Henry leu meus pensamentos, mas a resposta não foi a que eu tanto queria:

- Não posso, Blanck. – ele abriu um sorriso triste. – Sei que você gostaria que eu ficasse para ajudar, mas infelizmente isso não é possível.

- Eu posso. – Facilier interrompeu, continuava muito feliz consigo mesmo, o que era bastante irritante para o restante de nós. – Assim que fugi do submundo, eu fiquei imaginando se aquela fenda que se abriu nos permitindo escapar se tratava mesmo de uma Cláusula do Tempo Mas confesso que estava bem mais preocupado em fugir e viver a minha vida do que ajudar a resolver o que quer que aquilo fosse. Inclusive porque ajudar a resolver essa Cláusula, com certeza me levará de volta ao submundo, e definitivamente essa era a última coisa que eu queria. Mas quando chegou ao meu entendimento que se tratava de Regina... não sabia que a questão se referia à ela, por isso demorei tanto. Mas agora estou aqui. E quero ajudar. Eu quero ajudar a Regina no que ela precisar.

Aquelas palavras me soaram verdadeiras, por mais difíceis que fossem de ouvir, vindo de quem vinham. Mas isso era (indiscutivelmente) o meu ciúmes correndo pelas veias e tentando sair por todos os orifícios do meu corpo, inclusive os poros da pele, as unhas das mãos e dos pés e cada ponta de cada fio de cabelo meu. Facilier não era o que poderíamos chamar de "excelente companhia", mas só de querer ajudar, já era alguma coisa. Mas declarar aberta e convictamente que preferia ajudar a minha mãe a ter seu final feliz do que continuar no mundo dos vivos, foi algo inesperado e (nem eu mesma acreditei) acolhido pelo meu coração de imediato.

- Mas vocês precisam de mais pessoas para ajudar. Isso é uma certeza. Aquela Cora, mais falsa que uma nota meio dólar, é muito poderosa. Claro que não é mais poderosa do que eu sempre fora... – minha avó parecia indignada com a possibilidade de alguém comparar os poderes delas, considerando veementemente que ela, a verdadeira Cora, era de longe a mais poderosa.

- E Aileen é literalmente a Blanck em formato de uma Evil Queen mais nova. Elas são muito poderosas juntas, sim. Disso não podemos ter dúvidas ou acabaremos por subestimá-las, o que muito provavelmente terminaria na nossa derrota por menosprezar o inimigo, que já se provou não poder ser desdenhado desta forma. – Facilier concluiu, e ele estava certo. Ele estava muito certo.

- Temos que pensar em como nos dividir para fazer as duas coisas. Precisamos distrair Aileen e a falsa Cora e também ir atrás do portal no quarto da minha mãe para tentarmos chegar o mais rápido possível no momento em que ela bebeu a tal poção sem noção. E nem sabemos se esse portal é realmente forte o bastante ou se é apenas uma leve entrada para a qual teremos que forçar a abertura. – comecei, e Henry rebateu de imediato, sorrindo esperançoso e levemente brincalhão: