Capítulo 14

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Minha querida avó estava super tranquila e, inclusive, parecia muito satisfeita com o feito da própria filha separando pai e filhos naquele evento. Mas era de se esperar. Tudo. Era de se esperar tudo. O que minha mãe fez, a reação de Cora e até mesmo a minha reação. Zelena, no entanto, estava um pouco mais preocupada comigo, mas respirei fundo e realmente tentei relevar tudo aquilo, afinal, passaríamos um bom tempo presenciando esses eventos da Rainha Má e se eu passasse mal em todos eles, isso sim seria um enorme problema.

Depois que comi alguma coisa, pedi para descansarmos um pouco, cerca de algumas horas apenas. Nós três concordamos que poderíamos descansar esse tempo, depois faríamos mais uma viagem e daí então encerraríamos aquele dia e dormiríamos. Com certeza eu não dormiria feliz da vida, mas como mencionei, precisava me acostumar com a rotina. Só queria mesmo descansar um pouco porque aquelas pontadas de fome e cansaço tinham me incomodado, mas nada que algumas horas bem quietinha não me fizessem melhorar.

- Que tal se distrair um pouco ao invés de ficar sentada fazendo absolutamente nada? – Zelena sorriu ao meu lado, estendendo a mão para que eu a acompanhasse. Senti um sentimento de tristeza por ela não ter sido essa tia que estava tentando ser agora, mas com certeza os sentimentos de alívio e alegria por ela estar sendo essa tia agora ganharam em menos de dois segundos.

Cora ficou para trás, aparentemente não se importando, enquanto Zelena e eu fomos para a floresta treinar algumas magias. A ideia não poderia ter sido melhor.

*****

- Não acredito que foi esse feitiço que você lançou em mim no meio de Storybrooke! Ele é tão...

- Fácil! Sim! – ria ela enquanto praticamente jogávamos vôlei com bolas de fogo na cor verde que ela havia criado.

Não seria nada engraçado dar uma cortada em alguém com aquelas bolas, pois com certeza causariam a paralisação de vários órgãos, inclusive os pulmões e o coração. Que loucura eu estar brincando com aquelas bolas junto com Zelena horas depois de nos arremessarmos essas mesmas esferas, querendo praticamente destruir uma a outra.

- Cuidado! – ela gritou quando eu me distraí com esses pensamentos. – Está maluca? No que estava pensando?

- Me distraí. – eu ri. – Vou tentar conjurar uma bola dessas, mas um pouco maior.

- Não. – ela fez a bola que estava em sua mão desaparecer e deu alguns passos para o meu lado, sentando em um galho de árvore no meio da floresta. – No que você estava realmente pensando? – ela perguntou e ficou esperando que eu fosse até ela para conversar.

Aquilo era tão estranho para mim. Ter alguém com quem conversar. Claro que eu já tinha me acostumado com minhas conversas com Ruby e Henry... que saudade deles. Sem contar que eu queria muito me acostumar com conversas longas e de todos os tipos com a minha mãe. Mas estar ali no meio da floresta com Zelena me distraindo e ainda querendo conversar, como se fosse... minha tia... aquilo realmente era super estranho. Fiquei com uma dúvida e resolvi perguntar:

- Zelena...

- Você sabe que pode me chamar de tia, não sabe? – sorriu ela, muito sem graça, mas pelo menos deixando claro o que estava pensando e, aparentemente, querendo.

- Ah... eu sei... é que... – eu não sabia muito bem o que dizer, queria ir para a minha dúvida o mais rápido possível e ela ajudou.

- Eu sei. – ela deu uma pausa e depois questionou. – O que você tem em mente?

- Muitas coisas! – eu ri espontaneamente.

- Eu posso imaginar! Hahaha! Mas comece por alguma delas.

- Bom, uma delas é que eu gostaria de saber como você se lembra de termos lutado em Storybrooke se quando eu saí de lá, os acontecimentos mudaram e deram lugar a novos na mente de todos, inclusive na sua, com você fazendo muito mais estragos, aparentemente.

- Hahaha! É, eu fiz alguns estragos depois que você foi embora. Bom, você lembra quando a Emma quebrou a primeira maldição? A maldição que sua mãe colocou em todos levando-os para Storybrooke e que Emma chegou depois de vinte e oito anos e... "vamos festejar, ela é a salvadora, ela quebrou a maldição, blá blá blá"? – eu ri do deboche e concordei, então ela continuou. – Quando todos acordaram da maldição, eles tinham então a lembrança de quem eles realmente eram e a lembrança das memórias que não eram reais, que a Regina colocou na cabeça deles ao lançar a maldição. Eles todos chamavam de "lembranças de dentro da maldição". Branca de Neve sabia quem ela era e lembrava-se de toda a sua vida, mas as lembranças da vida de mentira da Mary Margaret permaneceram dentro da cabeça dela. Foi mais ou menos isso que aconteceu quando te reencontrei. Ao te ver, lembrar-me de você, inclusive por conta do feitiço que você colocou, de que não lembraríamos até te vermos novamente, essas lembranças antigas foram voltando, aos poucos, para a minha memória e fui recordando de tudo o que passamos. Ficam então duas memórias, como se fossem de momentos diferentes. Elas não se sobrepõem, elas apenas se complementam, ficam paralelas na minha mente. E acredito que seja isso mesmo que vá acontecer a todos os que te reencontrarem no futuro.

- Entendi. – respondi, realmente compreendendo os fatos e ficando muito mais aliviada com as palavras de Zelena.

- Eu sei que você está com medo de Regina não se lembrar de você novamente...

- Bom... não temos um histórico muito animador quando se trata de lembranças nossas. – eu sorri, estava preocupada, mas um pouco mais tranquila com a explicação de Zelena. Coloquei a mão em um dos meus bolsos e puxei as nossas fotos (minha e da minha mãe) que eu tinha tirado no quarto dela antes de deixá-la em Storybrooke e começar essa viagem maluca ao lado de Cora e mostrei a Zelena. – Acho que no momento essas são algumas das melhores lembranças que eu tenho dela comigo.

- São lindas. – Zelena disse, abrindo um sorriso enorme ao ver as fotos de minha mãe comigo em minhas mãos. – Tirou para guardar antes de deixá-la, não foi?

- Como você sabe?

- Ah, é simples... eu teria feito a mesma coisa. – ela sorriu carinhosamente.

Blanck 2 - A transformação do malOnde histórias criam vida. Descubra agora