Capítulo 26

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Mal chegamos em Storybrooke e já foi aquela correria para se esconder. Essa cidade exerce aquela famosa lei de que quando você não se importar em ser visto, não terá ninguém na rua, mas quando precisar aparecer em um lugar sem ser visto, com certeza terão mais de vinte pessoas caminhando a sua volta.

Nos escondemos em um beco no qual eu mesma havia me escondido algumas vezes durante os meses passados quando estava em missão de salvar minha mãe da minha tia. E assim que entramos no beco, Zelena olhou para mim, parecendo levemente brava, para dizer o mínimo:

- Blanck! – acho que ela queria me esganar naquele momento e eu nem sabia o motivo. – Por acaso quando eu disse que vínhamos para cá você ficou pensando em Storybrooke enquanto viajávamos? – agora eu sabia o motivo de ela querer me matar e, sinceramente, não tirava a razão dela, não.

- Sim ... – entortei a boca e fechei os olhos, muito arrependida.

Zelena bufou e revirou os olhos, do jeitinho que havia feito há alguns momentos atrás quando disse que minha avó estava fazendo muito drama. Honestamente acho que tia Zelena estava pegando até leve comigo, devido ao que eu acabara de fazer.

- O que houve? – perguntou Cora.

- A lembrança que eu tinha que vir não era aqui. Quer dizer, é aqui em Storybrooke, mas é em outro lugar bem longe da avenida principal da cidade. – respondeu Zelena, explicando onde estávamos e que não deveríamos estar.

- E então como viemos parar aqui? – Cora estava sem entender nada, então me adiantei e expliquei.

- A culpa foi minha. Quando Zelena disse que vínhamos para Storybrooke, minha mente se encheu de pensamentos de lugares onde eu havia estado nessa cidade, ou seja, interferi diretamente no local para onde o feitiço da viagem estava nos levando. Ao pensar em vários lugares ao mesmo que Zelena pensava no lugar correto, o feitiço "ficou confuso" e nos largou mais ou menos no meio do caminho entre o local correto onde Zelena quer nos levar e algum dos lugares que eu mais pensei nos últimos minutos: a casa da prefeita, a casa da minha mãe aqui.

Naquele instante todas as minhas ressalvas contra Zelena foram embora de uma só vez. Todo meu sentimento de "será que posso confiar nela" com certeza saíram pela janela de um único pulo. Simplesmente porque ela olhou para os lados, fez uma leve careta e disse:

- Ok, só temos que criar um novo plano de como chegar onde precisamos em tempo recorde, porque já deve estar começando a cena que eu me lembro de ter passado e que trouxe vocês para ver.

Em qualquer momento do passado em que estivemos juntas, a raiva de Zelena era tanta que, quando ela passava por situações que não foram previstas e/ou desagradáveis, ela gritava, praticamente esperneava e extravasava de maneira quase descontrolada. Se estivéssemos no passado e eu tivesse cometido um erro desses, com certeza ela teria me matado por atrapalhar seus planos nos levando para o lugar errado.

Confesso que meu alivio foi imenso. Imenso de verdade. Porque eu já tinha começado a gostar dela, gostar de ter uma tia que gostava de verdade de mim e que se preocupava comigo. Sem contar o fato de ela dizer que realmente é amiga da minha mãe e que também quer o bem dela. Família sempre foi um tema muito complicado para mim justamente porque nunca consegui ter uma depois que Alma morreu e eu fiquei sozinha tendo que me virar para pensar em um jeito mirabolante de salvar a minha mãe. Então já estava gostando muito de Zelena durante nossas viagens. Seria muito ruim, muito ruim mesmo se eu descobrisse que era tudo mentira. Perceber a mudança de atitude, na verdade a mudança e personalidade dela naquele momento fora tão importante e em uma situação que eu tinha feito uma besteira grande (não era assim tão grande, mas era grande sim) foi como literalmente ganhar uma tia de presente em meio ao caos.

Minhas vestes se mexeram um pouco e meu vidrinho de remédio para não envelhecer caiu do meu bolso. Cora o segurou e, vendo que estava vazio, disse:

- Está vazio. Você não encheu da última vez que acabou? – antes que eu pudesse responder, ela já completou. – Deixa que eu reponho.

Eu não estava em posição de brigar com ninguém naquele momento devido a ter estragado a chegada da nossa viagem em questão, então só revirei os olhos e deixei minha avó fazer o favor de encher o vidrinho para que eu pudesse tomar mais tarde.

Ao perceber que a rua estava muito menos movimentada do que segundos atrás quando chegamos, fiz um gesto para que fôssemos em frente. Mas tia Zelena me impediu, me dando quase um tranco quando me segurou pela mão:

- Como você sabe para onde estamos indo? – ela arregalou os olhos para mim.

- Se você quer nos mostrar um momento no qual Regina fez alguma maldade e, para chegarmos até aqui eu pensei na casa da minha mãe e paramos no meio do caminho do local correto onde deveríamos estar, estamos indo para o cofre dela, onde ela mantém todas as coisas que trouxe da Floresta Encantada, bem abaixo de um onde meu avô está enterrado. Entendi errado? – fiz uma cara um pouco confusa na última frase.

Zelena continuava me encarando com os olhos arregalados e a boca aberta, até que suspirou e disse:

- Às vezes é um pouco assustador o quanto você é inteligente.

Eu sorri, enquanto Cora também fazia cara de surpresa e orgulhosa ao mesmo tempo (isso sim me assustava). Então decidimos realmente não caminhar até o cofre da minha mãe, mas sim usarmos nossas fumaças para chegar o mais próximo possível e, só então, realmente andar até o cofre. Afinal, estava de noite e nossa direção era um local que pouquíssimas pessoas conheciam e iam. O que poderia dar errado?

Blanck 2 - A transformação do malWhere stories live. Discover now