Blanck 2 - A transformação do mal

Capítulo 17

Antes de descansarmos, eu propus que conversássemos a respeito de tudo para que pudéssemos traçar a tal estratégia para o próximo dia, mas tanto Zelena quanto Cora discordaram, argumentando que era melhor descansarmos para que no dia seguinte, mais tranquilas e com a cabeça fria e os pensamentos mais claros, essa estratégia fosse muito melhor pensada e discutida.

É claro que cada uma (Zelena e Cora) tinham seus motivos bem diferentes e, não sei exatamente o porquê, mas os motivos de Zelena me pareciam bons, já os de Cora... eu já estava um pouco desconfiada neste momento, mas como nada estava concreto e eu não tinha suspeitas de coisas reais, deixei de lado meus pensamentos negativos a respeito e fui descansar, aceitando a proposta de conversarmos apenas no dia seguinte.

A discussão que tivemos foi... bom... calorosa. Por assim dizer. Zelena argumentava veementemente a respeito da "reflexão em cada evento" para só então irmos para o próximo, decidindo se o alterávamos ou não. Já Cora acreditava que tínhamos que ver o maior número de eventos possíveis da Rainha Má, pois sem conhecer a maioria deles, não teríamos como saber qual exatamente era o acontecimento que deveríamos mudar. E eu concordava com as duas. Achava que realmente precisávamos conhecer o maior número de eventos, conforme proposto pela minha querida avó, pois não tínhamos no momento muitas pistas a respeito de qual seria o tal acontecimento a ser alterado. Aliás, na verdade tínhamos apenas uma convicção a qual todas concordávamos: o acontecimento que precisava ser mudado era relacionado com a Rainha Má destruindo ou separando famílias, e assim por diante. O importante era que tinha a ver com a minha mãe causando a infelicidade de alguma família específica. Ou várias, vai saber.

Porém, sem refletir em cada evento, poderíamos fazer alguma besteira enorme a qual teríamos um trabalho ainda maior para consertar. Isso se realmente tivesse conserto. E eu com certeza não estava muito disposta a prejudicar o futuro de forma que minha mãe não lembrasse de mim novamente ou, pior, definíssemos certeiramente que o destino dela era esse mesmo: ser impedida de ser feliz no amor. Sem contar a provável (e inevitável) morte do meu pai. Eu não achava muito agradável, satisfatório ou esse cenário, não. Então, precisávamos seguir as duas vertentes de pensamento, a de Zelena e a de Cora. O que nos fez entrar em uma discussão de como seguir dali para frente.

- Acredito que precisamos presenciar um evento por vez e depois voltar para cá para analisá-lo. No máximo dois eventos por vez. – sugeriu Zelena.

- Bobagem! Temos que visitar o maior número de eventos por dia e, mais para o fim da noite, voltamos para... conversar... sobre cada um deles. Deveríamos passar por pelo menos cinco eventos por dia antes de voltarmos. É o mínimo. – defendia Cora loucamente.

- Ok, vocês duas! – parei a discussão. – Estamos em três pessoas e isso quer dizer que o voto de decisão é meu. – as duas me olharam imediatamente. Zelena pedindo aprovação para o que parecia óbvio na cabeça dela e Cora me olhando como se eu devesse levantar uma bandeira com o nome dela e gritar que ela era um gênio. – Então eu não vou nem para um lado e nem para o outro, ok? O meio termo aqui são três eventos por dia. – elas iam começar a protestar quando levantei ambas as mãos, sinalizando que permanecessem quietas me escutando. – Nem cinco eventos e nem apenas um evento. Vamos visitar três por dia. E ponto final. – encerrei o assunto.

Nenhuma das duas ficou extremamente feliz, mas meio termo era melhor do que dar razão para alguma delas e deixar a outra descontente ou, pior, errar em algum julgamento escolhendo uma só opção como correta e correr o risco de ser a opção errada.

Visitaríamos três eventos por dia. E como eu disse: ponto final.