Capítulo 62: Controle de danos.

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Foi a mãe de Jasmine que abriu a porta pra mim. A expressão preocupada se abriu em um sorriso hesitante quando me viu, antes de ela ficar seria de novo, soltando um longo suspiro pesado. Meu coração chegou a garganta quando vi Jasmine deitada na cama, escolhida e quietinha, no quarto parcialmente escuro, porque elas haviam deixado a luz apagada.

—Senhora Hollis... —Pensei em alguma coisa pra dizer a ela, mas simplesmente nada veio na minha mente. A sensação de ter pisado na bola era quase sufocante, mesmo que eu não tivesse feito nada de fato. Aquilo não era culpa minha.

—Eu sei que não é culpa sua. —Ela deu alguns passos para frente. O que me fez ir para trás, antes de vê-la fechando a porta para que Jasmine não ouvisse. —Eu sei disso, está bem? Jasmine repetiu o tempo todo que confia em você e que sabe que você não tem nada a ver com isso. —Afirmou, fazendo uma sensação de alívio percorrer meu corpo, mesmo que um buraco ainda estivesse se abrindo no meu peito. —Mas entre você e ela, em quem você acha que a coisa vai respingar mais? Isso não quer dizer que estou colocando a culpa em você. Isso quer dizer que estou preocupada com a minha filha em primeiro lugar e eu espero que você também esteja.

—Eu estou. Eu juro que vou tentar resolver isso. —Prometi, observando-a comprimir os lábios e abaixar a cabeça, parecendo tão cansada quando o marido estava. —Eu sinto muito, Sra. Hollis. Não queria que algo assim acontecesse. Não sei quem foi, mas vou descobrir.

—Mavie arrumou um advogado. —Ela esfregou a testa, dando alguns passos para longe da porta. —Jasmine não quis conversar comigo sobre isso. Acho que ela está envergonhada. Talvez com você ela converse.

Ela se afastou, seguindo em direção a sala, deixando um peso enorme sobre meus ombros. Fechei meus olhos com força, puxando o ar com os lábios trêmulos, antes de ter coragem de entrar no quarto. Jasmine continuava na mesma posição, sem fazer qualquer menção de se virar quando fechei a porta. Acho que ela estava tão focada no próprio caos que não ouviu que eu havia chegado.

Me aproximei da cama, me sentando com cuidado contra a cabeceira, ao lado dela. Quando toquei o ombro de Jasmine, ela se encolheu consideravelmente, estremecendo no que parecia ser um soluço. O ar escapou com força nos meus lábios, porque vê-la daquele jeito me fez perceber o quanto eu queria protegê-la de tudo e o quanto eu gostava dela.

—Ei, meu amor... —Chamei, engolindo em seco quando Jasmine se virou rapidamente, parecendo finalmente se dar conta de que era eu ali e não sua mãe. —Jas, eu sinto muito.

Jasmine balançou a cabeça negativamente, antes de nós dois nos abraçarmos ao mesmo tempo. Ela escondeu o rosto no meu pescoço, enquanto eu me recuperava do baque de ver seus olhos vermelhos se enchendo de lágrimas. A puxei para o meu colo, a apertando contra meu peito tanto quanto conseguia.

—As pessoas ficaram olhando pra mim. Sussurrando coisas, como se eu não fosse ouvir. Me julgando como se soubessem o que tinha acontecido naquele vestiário. Tudo isso por causa de uma foto alterada. —Sussurrou, enquanto eu fechava meus olhos e tentava ignorar a pressão insuportável no meu coração.

—Eu sinto muito. Juro pra você que não tenho nada a ver com isso, Jas. Eu não fazia ideia. Não faço ideia de quem fez isso. —Afirmei, tocando as bochechas de Jasmine quando ela se afastou para olhar nos meus olhos. Meus dedos deslizando pelas bochechas molhadas. —Mas isso não vai ficar assim. Vamos descobrir quem alterou essa foto e a espalhou. Essa pessoa vai pagar pelo que fez.

—Eu acredito em você. —Jasmine fechou os olhos, soltando o ar com força, com os lábios tremendo sem parar. —Mas isso não vai mudar o fato de que a foto já está por aí e a universidade toda já viu. Vão continuar falando sobre isso, com ou sem o culpado sendo punido.

—Eu sinto muito. —Sussurrei, fechando meus olhos quando escorei minha testa na dela, sentando as mãos de Jasmine no meu rosto também, antes de nós dois nos inclinarmos e nos beijarmos. As lágrimas trazendo um gosto salgado para o beijo. Mas isso não me impediu de a puxar mais pra mim, querendo que ela tivesse certeza de que eu estava ali ao lado dela.

[...]

Acordei com um raio de sol batendo contra meu rosto. A fresta da cortina me permitia ver que já havia amanhecido. O peso de Jasmine sobre mim me impedia de me mover. Tinha passado a noite toda ali. Em nenhum momento pensei em ir embora. Quando tirei meus tênis e me deitei ao lado dela ontem a noite, sabia que faria qualquer coisa pra deixar Jasmine feliz.

Tinha dormido com os lábios grudados nos dela. Não tinha certeza de quando foi, mas sabia que nós dois estávamos grudados um no outro. Agora ela estava com o corpo parcialmente sobre o meu, dormindo de forma tão tranquila, que nem parece que ontem não conseguia parar de chorar.

Acariciei os cabelos dela, sentindo aquela coisa quente e eufórica tomando conta do meu coração. Eu sabia o que era. Tinha certeza do que significava. Com cuidado, beijei a testa dela por um longo minuto, antes de tirá-la de cima de mim com cuidado. Jasmine estava tão cansada que nem acordou quando deixei a cama e sai do quarto.

Esfreguei as mãos no rosto, me preparando para enfrentar Joe e talvez até mesmo os pais dela, porque não tinha certeza se eles aprovavam o fato de eu ter dormido ali depois do que aconteceu. Mas a visão que eu tive quando cheguei a sala foi algo que eu não estava esperando de jeito nenhum.

Victor estava sentado na mesa de jantar, com três notebooks abertos, digitando sem parar, enquanto intercalava a atenção nas três telas na sua frente. Millie e Julian estavam atrás da cadeira dele, olhando atentamente para o que ele fazia. Minha irmã estava ao lado de Nathan, enquanto os dois ajudavam a senhora Hollis a arrumar a mesa para o café da manhã.

—O que está acontecendo aqui? —Questionei, chamando a atenção de todos eles enquanto olhava para o lado e via o senhor Hollis junto com Mavie e um homem que eu não conhecia.

—Nathan voltou pra casa ontem a noite e nos contou o que aconteceu. Então a gente resolveu fazer o que sabe fazer de melhor, resolver o problema dos outros. —Julian afirmou, me fazendo erguer as sobrancelhas quando me senti ainda mais confuso. —Victor está tentando descobrir quem espalhou a foto primeiro, além de termos ligado pra um advogado, porque achamos que vocês podiam precisar disso quando descobrirmos quem foi o culpado.

—Chamamos de controle de danos. —Victor deu de ombros, enquanto eu fazia uma careta. —A propósito, esse é o Luc. Ele é advogado e vai ajudar caso você e a Jas queiram enfiar o culpado na prisão.

—Eu aprovo a ideia. —Mavie deixou claro, enquanto eu me virava para encarar o homem ao lado do pai de Jasmine. —Porque se não prenderem essa pessoa, quem vai pra cadeia sou eu, por assassinato.

Continua...

Como conquistar Briar Harding / Vol. 5Where stories live. Discover now