Capítulo 33: Eu quero você.

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Eu e Jasmine pegamos um táxi até a casa dela. Nesse momento cheguei a me arrepender de não estar com o meu carro, porque com certeza seria muito melhor, já que passamos o caminho todo em silêncio, com Jasmine encarando a janela. Quando chegamos, ela foi a primeira a descer, me olhando de cara feia quando não deixei que ela pegasse a metade da viagem.

—Não vamos entrar? —Indaguei, apontando para o café, já que Jasmine estava indo na direção oposta a entrada.

—Vamos, mas não quero encontrar ninguém da minha família agora. —Ela indicou que eu a seguisse, enquanto soava mais controlada do que nervosa, mesmo que suas bochechas vermelhas a denunciassem. —Tem a entrada lateral.

—Está com vergonha de ser vista comigo? —Questionei, mesmo sabendo que não era isso.

Jasmine me lançou um olhar incrédulo por cima do ombro, negando com a cabeça antes de virar na lateral da construção do café, onde havia uma escada que dava para o segundo andar, até uma porta. Observei ela puxar a chave do bolso, se atrapalhando ao abrir a porta, com as mãos tremendo sem parar.

—Relaxa, Jas, eu não mordo. —Soltei, sem conseguir me conter, ouvindo ela soltar uma risada nervosa que parecia mais um grunhido quando me olhou de novo ao abrir a porta.

—Gostava mais de você quando não conseguia me responder. —Afirmou, fazendo um sorriso enorme se abrir nos meus lábios quando me inclinei pra perto dela e sussurrei um "mentirosa" que a fez estremecer e soltar uma respiração trêmula.

Jasmine fechou a porta quando entramos em um pequeno corredor, um tanto apertado também, já que eu estava praticamente grudado nela. Não que isso fosse um problema pra mim, se não fosse pela hesitação e pelo nervosismo de Jasmine. Eu só precisava quebrar o gelo e as coisas entre nós poderiam ser perfeitas. Se Jasmine odiava atenção, então nós dois acharíamos um meio confortável o suficiente pra nós dois.

—Vem, meu quarto é por aqui. —Falou, baixo demais, como se não quisesse fazer muito barulho para não chamar a atenção dos irmãos.

Sabia que Jasmine vinha de uma família que adorava adotar filhos novos. Só conhecia 2 dos 4 irmãos que ela tinha, além dos seus pais, já que eles eram os donos do café que eu mais frequentava antes e depois dos jogos de hóquei. Era engraçado o quanto sempre estive perto dela, mas nunca dei um passo na sua direção até esse momento.

—Muito legal o que você faz com as crianças. Ir visitá-las. —Comentei, assim que entramos no quarto de Jasmine e a primeira coisa que ela fez foi prender aquele desenho que havia ganhado na grade de fotos na parede, onde havia outros desenhos. —Elas parecem gostar bastante de você.

Jasmine se limitou a olhar pra mim, antes de ir fechar a porta do quarto que eu havia deixado aberta. Meus olhos a seguiram o tempo todo, antes de a deixar para observar o quarto dela. Era pequeno, tendo apenas uma cama de solteiro, um armário que ocupava uma das paredes inteira e a escrivaninha com seus livros. Mas haviam fotos por todo lado, dela com sua família e outras dela na cozinha do café.

—Por que vai até lá? —Indaguei, me virando para encara-la, percebendo que Jasmine tinha fechado a porta e agora me observava analisar seu quarto.

—Além de deixar as crianças felizes? —Ela deu de ombros, deixando claro que aquilo era uma pergunta retórica. —Morei naquela ala por alguns meses antes de conhecer meus pais adotivos. Sei o quanto é estranho estar em um lugar, cercada de pessoas estranhas e muitas vezes se sentir sozinha, quando não há nenhum familiar indo até lá para te ver.

—Seus pais de sangue...

—Meu pai foi embora um pouco antes de eu nascer. Fui criada pela minha mãe, antes de ela morrer de câncer. Fiquei com meus tios por alguns meses, até sofrermos um acidente de carro e eles morrerem também. —Jasmine comprimiu os lábios, desviando os olhos de mim, como se estivesse cansada de receber perguntas sobre aquilo. Me arrependi na mesma hora de ter perguntado, porque suas palavras soavam frias demais, como se ela já tivesse as dito várias vezes. —Eu tinha oito anos quando isso aconteceu e nove quando fui adotada.

Como conquistar Briar Harding / Vol. 5Onde as histórias ganham vida. Descobre agora