Como conquistar Briar Harding / Vol. 5

Capítulo 21: Não posso lidar com isso.

Jasmine Hollis

Joe ficou distraído o restante da noite, enquanto Mavie me encarou o tempo todo com uma expressão preocupada, mesmo que eu evitasse olhar pra ela em qualquer momento. Quando chegamos em casa, corri para me trancar no quarto, porque não queria conversar com ninguém. Tirei o maldito vestido e limpei a maquiagem do meu rosto, deixando a verdade Jasmine voltar.

Quando tive certeza que meus irmãos já estavam dormindo, sai do quarto e fui para o banheiro tomar banho. Tinha deixado a água do chuveiro quase fervendo, mas ainda pude sentir o calor das lágrimas salgadas que escorreram pelas minhas bochechas até meus lábios. Foram poucas, mas faziam eu me sentir a pessoa mais idiota do universo. Não tinha certeza de porque chorei, só sei que doeu.

Quando sai do chuveiro já tinha conseguido controlar meus sentimentos, evitando a qualquer custo pensar me Briar ou em todo o momento que passei com ele durante a festa. Era demais pra mim. Eu me sentia sufocada só de me lembrar. Deveria ser uma lembrança boa, mas não era. Porque isso só fazia eu me sentir uma covarde.

Levei um susto quando entrei no meu quarto e encontrei Mavie sentada na minha cama, encarando o vestido que estava jogado sobre a cadeira em frente a minha escrivaninha. Ela me encarou assim que fechei a porta, mas eu logo desviei os olhos e atravessei o quarto para pendurar minha toalha úmida.

—Pensei que estivesse dormindo.

—Eu não iria antes de falar com você, Jas. —Mavie afirmou, soltando um suspiro pesado. —Queria saber como você está. Queria entender o que aconteceu e...

—Não aconteceu nada, simples assim. —Falei, dando de ombros, sentindo um nó se formar na minha garganta. —Não tenho nada pra falar sobre isso. Eu fui falar com Briar e acabou, ponto afinal.

—Acabou, ponto final? —Mavie repetiu, parecendo incrédula. —Jas, por que não contou a ele que era você? Caramba, eu os vi dançando juntos. A química, a troca de olhares e os toques calorosos deixava claro que vocês dois estavam mais do que envolvidos. Por que não contou que era você?

—Porque eu não sou corajosa como você! —Me virei para Mavie, praticamente explodindo de frustração, falando mais alto do que deveria. —Eu ia contar a ele, ok? No meio da dança, eu ia mesmo contar. Mas então a D'Angelo apareceu, me encarando como se eu fosse um inseto que ela adoraria pisar. Eu me dei conta de toda atenção que eu e Briar estávamos chamando. Tudo simplesmente desmoronou. A química, os toques e tudo isso que você viu, simplesmente acabou. Briar pode amar a atenção que recebe, mas eu não. Eu me senti sufocada quando voltei a realidade. Aquilo não é pra mim. Não posso lidar com isso.

Passei a mão pelo meu rosto, ignorando a expressão cautelosa nos olhos da minha irmã. Eu não queria conselhos e nem nada parecido. Eu só queria esquecer que tudo aquilo aconteceu. Ir até o hospital falar com Briar tinha sido um erro desde o início. Eu deveria ter parado de fazer aquilo. Não posso consertar o que já rolou, mas posso mudar as coisas agora.

—E pra piorar a gente esbarrou depois disso. Mas eu já tinha tirado a máscara, aquela peruca rosa e Joe tinha me emprestado a capa da sua fantasia. Briar olhou pra mim e... —Encolhi meus ombros, limpando a lágrima que escorreu pela minha bochecha. Não tinha sido rápido o suficiente para evitar que minha irmã visse. Mas não importava. —Eu não sou o que ele espera. Não sou quem ele acha que eu sou.

—Você não sabe do que está falando, Jas. Briar não tem como adivinhar que é você. O cara deve estar super perdido agora que acordou do coma. —Mavie ficou de pé, tentando se aproximar de mim, mas eu balancei a cabeça negativamente e ergui a mão. —Ele queria conhecer você. Não pode ignorar isso. Não depois de...

—Chega, Mavie. —A cortei, apontando para a porta do meu quarto. —Eu estou cansada e quero dormir. Por favor, vá se deitar também. Não quero mais falar sobre isso.

—Mas, Jas... —Mavie parou de falar quando lancei um olhar afiado na direção dela. Seus ombros caíram em frustração e ela saiu do quarto, batendo a porta com mais força do que era necessário, provavelmente acordando a casa toda.

[...]

Não falei com a minha irmã na manhã seguinte. Era sábado, o que me dava uma oportunidade de ficar em casa fazendo o que eu mais gostava de fazer, inventar coisas na cozinha. Taylor costumava me ajudar nesses dias, mas tinha acordado com febre, então meu pai havia a levado no hospital. Joe tinha um trabalho da universidade para fazer, então tinha saído cedo para casa de um colega. Não vi Mavie e ela também não estava em casa quando acordei.

—Você não parece de ressaca. —Minha mãe entrou na cozinha, sorrindo pra mim quando olhei pra ela.

—Não bebi quase nada na festa ontem. —Dei de ombros, fazendo uma certa quando Wyatt gritou no quarto, provavelmente jogando algum vídeo game que o fazia explodir com milhares de palavrões. —Vocês conversaram com ele sobre a briga?

—Já sim, assim como ligamos para a escola para falar sobre a questão do bullying. —Minha mãe se aproximou, se escorando no balcão ao meu lado, me observando separar os ingredientes do que ia fazer. —Eu escutei a sua discussão com a Mavie ontem a noite.

Parei o que estava fazendo, olhando pra ela na mesma hora, sentindo o calor subindo para as minhas bochechas, imaginando o que minha mãe tinha ouvido e o tipo de interpretação ela podia ter tido daquela discussão.

—Mãe, eu não...

—Não precisa me explicar, meu bem. Não entendi nada do que aconteceu, na verdade. Mas sei que havia um rapaz envolvido. —Ela parou na minha frente, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, enquanto sorria de forma calorosa. —Não quero me meter, a não ser que uma de vocês duas me peça pra isso. Mas não posso ouvi-la dizer que não é corajosa como Mavie.

—Eu não sou. Nunca fui. —Afirmei, vendo minha mãe rir e negar com a cabeça, parecendo se divertir com a minha negação. —Mavie sempre sabe o que quer e sempre corre atrás. Ela não tem vergonha de dizer o que quer ou o que pensa.

—Você acha que essa é a definição de ser corajosa? —Minha mãe ergueu as sobrancelhas, enquanto eu hesitava. Então ela riu, tocando minha bochecha. —Acho que todos aqui em casa poderiam concordar com o que vou dizer agora, Jasmine. De todos os meus filhos, você é a mais corajosa deles, por vários motivos. Uma hora vai perceber isso.

—Mãe? —Chamei, mas ela já estava se afastando, me deixando congelada no meio da cozinha, sem saber ao certo o que pensar sobre o que ela havia dito.

Um dos funcionários do café chamou no andar de baixo, me fazendo sair do estado de estátua viva e descer lá, observando o movimento do café logo cedo. Ajudei no que eles precisavam, antes de passar pela porta para ajudar a atender os clientes. Minha próxima inversão na cozinha teria que esperar mais um pouco.

—Bom dia. Alguém já o atendeu? —Indaguei, pegando um dos bloquinhos e uma caneta, levando um susto quando ergui a cabeça e dei de cara com Briar, sentado do outro lado do balcão com uma expressão fechada.

Continua...