Capítulo 41: Tenho espelho em casa.

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Estacionei o carro na garagem, observando Jasmine encarar as próprias mãos que estavam no seu colo, esfregando os dedos e a palma da mão em um ato de nervosismo. Tínhamos trocado poucas palavras, porque ela parecia desconfortável e eu não fazia ideia do porquê. Nosso beijo tinha sido espetacular. Eu estava quase explodindo fogos de artifício. Imaginei que ela reagiria da mesma forma que eu, mas parece que não.

—Tudo bem? —Indaguei, vendo-a olhar pra mim um pouco surpresa, como se não tivesse se dado conta de que havíamos chegado. Abri um sorriso, que desapareceu no instante que ela assentiu e desviou os olhos para a janela. —Ei, Jas, o que foi? Qual o problema?

—Não é nada. —Ela negou com a cabeça, voltando a olhar pra mim, provavelmente notando minha expressão preocupada. —É só que... todos eles sabem que fui eu quem o visitou no hospital todos aqueles dias?

—A maioria, sim. Por quê? —Falei, observando-a comprimir os lábios e encolher os ombros, antes de voltar a encarar as próprias mãos. —Jas, você não precisa sentir vergonha por isso. Não precisa sentir vergonha de nada. Todo mundo lá dentro já fez alguma loucura por estar apaixonado.

—Quem disse que eu estou apaixonada por você? —Retrucou, como sempre ficando na defensiva quando o assunto era os próprios sentimentos. —Você é muito convencido.

—Eu sei, tenho espelho em casa. —Pisquei pra ela, observando-a bufar em incredulidade. Irritá-la certamente seria meu passatempo favorito. Além do mais, só isso já foi suficiente para fazê-la esquecer do porquê estava com vergonha.

Desci do carro e dei a volta, abrindo a porta para Jasmine descer. Ela ajeitou a jaqueta que estava usando, evitando olhar pra mim enquanto eu fechava a porta. Aquilo me fez sorrir, antes de envolver a cintura dela com o meu braço e a puxar até estar presa contra o carro e eu.

—O que está fazendo? —Indagou, olhando para a porta como se alguém fosse entrar e nos pegar fazendo alguma crime. —Eles já devem ter visto que chegamos. Temos que entrar.

—Agora você está ansiosa pra ver todo mundo? —Ergui as sobrancelhas, o que fez Jasmine corar e cruzar os braços, com os lábios tremendo para se manter séria. —Só pra constar, isso aqui não anula nosso encontro de amanhã.

—Eu sei. —Murmurou, com um tom resignado adorável.

Soltei um suspiro, tocando a bochecha dela, vendo-a se desarmar um pouco quando me inclinei até nossos rostos estarem próximos. Encarei os olhos dela procurando pelas respostas das perguntas que eu tinha na minha cabeça naquele instante, ficando sem fôlego pela forma que ela me encarava.

A beijei com mais calma do que da primeira vez, aproveitando cada segundo para sentir seus lábios e seu gosto. Como da primeira vez, ela retribuiu, seguindo o mesmo ritmo que eu, enquanto suas mãos se agarravam a minha jaqueta. Envolvi minhas mãos na cintura dela e a ergui um pouco, sorrindo entre o beijo quando eu percebi que ela precisava ficar na ponta dos pés para alcançar minha boca, já que era bem mais baixa que eu.

Sabia que Jasmine gostava de mim. Podia não ser paixão, mas ela gostava de verdade de mim, porque se não não teria ido até o hospital me fazer companhia. Mas eu sentia que mesmo que eu estivesse retribuindo, aquele gelo entre nós dois ainda não havia se desmanchado por completo. Jasmine ainda estava relutante e eu não fazia ideia do porque.

—Tudo bem? —Perguntei de novo, só por precaução, assim que afastei meus lábios dos dela com uma sequência de selinhos.

Jasmine suspirou, balançando a cabeça positivamente, agora parecendo bem mais confiante. Abri um sorriso, ajeitando os cabelos dela que estavam um pouco bagunçados, antes de segurar sua mão e a puxar até a entrada. A porta da garagem dava para a cozinha, o que nos dava um segundo para nos preparar antes de ir pra sala.

Alguma coisa passou correndo entre as pernas de Jasmine, fazendo-a soltar um gritinho assustado e tombar pra cima de mim. A segurei, soltando uma risada ao vê-la olhar pra trás para ver o que era. Seus olhos se arregalando e se voltando para os meus.

—Aquilo era um mini porco? —Questionou, soltando o que parecia ser uma risada descrente.

—O nome dele é Elvis. —Falei, sem conseguir esconder a risada. —É um bichinho de estimação do Yuri e da Yasmin. Mas se está surpresa com isso, quero ver sua reação quando conhecer o bichinho do Bryan e da Jane.

—É algo mais peculiar que um mini porco? —Questionou, me fazendo tombar a cabeça de lado, porque não sabia como responder aquilo.

Nós dois chegamos na sala, vendo a confusão de conversas e risadas. Jasmine se encolheu ao meu lado, já que não havia uma alma feminina sequer no ambiente. Cocei a garganta, alto o suficiente para fazer com que eles notassem que estávamos ali. O silêncio foi quase instantâneo, seguido pelo giro de cabeças na nossa direção.

Victor, Julian, Nathan, Nicholas, Bryan, Yuri e Steven nos encararam, em um misto de reações de sorrisos gentis, sorrisos mais do que animados e sorrisos maliciosos. O único discreto o suficiente era Nathan, que acenou com a cabeça na nossa direção. Um movimento quase imperceptível, mas o suficiente para reconhecer nossa presença. Jasmine abriu um sorriso sem graça, murmurando um "oi" quase baixo demais.

—Cade as garotas? —Indaguei, já que nenhum deles disse absolutamente nada. Todos eles, exceto Nathan, apontaram para as escadas. —Por que elas estão lá em cima e não aqui?

—Por que elas estão falando mal da gente. —Bryan respondeu, fazendo Jasmine soltar uma risada genuína ao meu lado. —Oi, Jas, bom ver você.

—Vocês já se conhecem? —Indaguei, olhando de Jasmine pra Bryan e depois para os outros.

—Já frequentamos muito os Hollis, cara. —Bryan afirmou, me fazendo olhar para Jasmine, porque ela não me falou nada disso no carro quando eu contei quem era.

—Ok, então, vou levar a Jas até as garotas e já volto. —Falei, puxando Jasmine para a escada, porque não queria dividir a atenção dela com aqueles caras.

Victor gritou pra mim que elas estavam na biblioteca, mas eu não precisava mesmo dessa informação. Assim que chegamos no andar de cima, envolvi a cintura de Jasmine a puxei para dentro do meu quarto, arrancando um gritinho de supresa dela.


Continua...

Como conquistar Briar Harding / Vol. 5Where stories live. Discover now