Como conquistar Briar Harding / Vol. 5

Capítulo 6: Ele vai acordar.

Briar estava daquele jeito desde o jogo. Ele não acordou depois que foi trazido ao hospital, mesmo depois que todos os exames deixaram claro que ele estava bem. Mas independe disso, ele estava em coma desde o jogo. Os primeiros dias depois disso foram estranhos. Os pais dele eram pessoas públicas, o que fez a mídia cair em cima tentando descobrir qualquer coisa sobre o bem estar dele.

Na universidade todos sussurravam seu nome pelos corredores, se perguntando se ele iria acordar ou não. Alguns idiotas chegando até mesmo a fazer apostas sobre quanto tempo ele iria demorar pra acordar. Nos primeiros dias o hospital ficou caótico, porque todo mundo queria o visitar. Mas depois de um tempo, apenas aqueles que realmente se importavam com ele continuaram vindo.

E então tinha eu. Não éramos amigos. Não éramos sequer conhecidos, porque tinha certeza que se alguém perguntasse de mim para ele, Briar não ia fazer ideia de quem eu era. Mas Briar estava no mesmo hospital que eu vinha todos os dias. Da primeira vez, jurei a mim mesma que estava fazendo isso pela promessa a Mavie, que fiz segundos antes de tudo acontecer.

Da segunda vez eu estava indo embora do hospital e meus pés simplesmente me guiaram até ali. Fiquei o observando do lado de fora do quarto, antes de acabar entrando e passando algum tempo com ele. Então eu passei a visita-lo todos os dias. O atualizava sobre a liga profissional de hóquei. Contava sobre as mais novas fofocas da universidade e sobre os jogos do nosso time. Depois eu ia embora com um simples "até logo", torcendo para que ele acordasse. Sabia que se isso acontecesse, tudo iria voltar ao normal.

—Está ficando cada vez mais frio. Estão apostando que vai nevar mais cedo esse ano. —Falei, olhando pelas janelas do quarto, o tempo apagado e nublado do lado de fora. —O dia de Ação de Graças também está chegando. Acho que estão todos esperando que você acorde antes disso. Eu também. —Olhei para Briar, comprimindo meus lábios ao observar os fios pretos que caiam sobre sua testa e o quão estranho era vê-lo ali, com os olhos fechados e sem dizer nada. —Tenho certeza que você vai acordar antes disso. Você não faz do tipo que perde um feriado tão importante quanto esse. Não agora que sua família está completa de novo. Graças a você, certo? Então eu realmente acho que você vai acordar antes disso.

Deslizei meu polegar pelas costas da mão dele, soltando um suspiro ao fechar os olhos com força. Então abri os olhos e encarei o chão, afastando minha mão da dele ao ficar de pé. Coloquei a cadeira de volta no lugar, ajeitando meus cabelos atrás da orelha.

—Preciso ir embora. Mas não se preocupe, eles já devem estar chegando para te fazer campainha. Você não vai ficar sozinho por muito tempo. —Falei, pegando minha bolsa sobre a poltrona e caminhando até a porta, sentindo como se alguém estivesse enfiando algo afiado no meu peito. —Eu volto amanhã à tarde.

Parei na porta, olhando-o por cima do ombro, esperando que ele abrisse os olhos e me flagrasse ali. Que ficasse confuso o suficiente para parecer até mesmo irritado. Mas que pelo menos acordasse. Mas ele não fez isso. Seus olhos azuis não se abriram e não me encararam.

—Até mais. —Sussurrei, saindo do quarto e puxando a porta.

Me virei para ir até o elevador para ir embora, mas as portas se abriram no final do corredor, revelando Abigail, sua mãe e Julian. Disparei para dentro de uma sala qualquer para que eles não me vissem, sentindo meu coração disparar com o medo de ser vista. Aquilo seria muito além de constrangedor.

Os três vieram direto para o quarto de Briar. Assim que estavam lá dentro, sai da sala de limpeza, caminhando para perto, apenas o suficiente para vê-los lá dentro. A mãe de Briar estava trocando as flores que haviam lá por novas, enquanto Julian a ajudava. Abigail estava puxando aquela mesma cadeira que eu usei para se sentar perto de Briar. Vi que ela estava sorrindo e conversando com ele, enquanto puxava um livro da mochila.

Já tinha a visto fazer isso outras vezes, também de longe. Ela levava livros e se sentava ali, ficando horas lendo para Briar. Sabia que era um dos hobbies dele e era fofo da parte dela fazer isso. Abigail, que até um tempo atrás era uma completa estranha, antes da história dela se espalhar e todos saberem que ela era na verdade irmã de Briar.

Quando a conheci, a adorei no mesmo instante. Porque ela era gentil e doce, além de um pouco tímida. Briar tinha um jeito diferente com ela, que me fez pensar que ele tinha algum interesse a mais por ela. Isso me fez sentir muitas coisas diferentes, que variavam entre eu sentir ciúmes e também me sentir patética, porque eu não tinha qualquer direito de sentir ciúmes sobre algo assim. Era idiota. Mas eu não conseguia controlar, infelizmente.

Abri um sorriso quando Abigail começou a ler pra ele, antes de aproveitar aquele momento para ir embora. Briar teria a comprinha da família pelo restante do dia, o que era suficiente para me deixar feliz. Sabia que ele não ia se sentir sozinho e não estaria sozinho em nenhum momento.

[...]

Entrei no café, observando os clientes que estavam ali. Era quase onze da manhã, o que significava que em breve o movimento aumentaria. Segui para trás do balcão, vendo minha mãe atendendo alguns clientes, antes de sorrir pra mim quando viu que eu tinha voltado. Acenei pra ela, sem conseguir nem mesmo fingir que estava animada.

Quando entrei na cozinha, encontrei Mavie e Taylor em frente a bancada, brigando sobre que ingredientes haviam colocado ou não dentro da travessa. Não olhei para nenhuma das duas, mesmo que minha irmã mais velha tenha erguido a cabeça assim que entrei, sempre atenta a qualquer coisa ao seu redor.

—E então? —Gritou pra mim, me fazendo comprimir os lábios e balançar a cabeça negativamente. —Ele vai acordar, Jas.

—Eu sei. —Foi a única coisa que eu consegui responder, antes de subir correndo as escadas para o segundo andar. Iria me esconder no meu quarto, até precisar interagir com o mundo de novo.

Continua...