Capítulo 52: Destino.

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Nós dois ficamos em silêncio por longos minutos, enquanto ela se acalmava. Posso me sentir sufocado com o extremo cuidado e preocupado que eles estavam tendo comigo nos últimos dias. Mas não posso dizer que não entendo. Eu entendo absolutamente tudo que minha mãe possa estar sentindo, porque vi tudo que ela e meu pai passaram por conta da minha irmã.

—Não estou ficando afastado de vocês por causa disso, tá bom? —Falei, querendo tranquiliza-lá ainda mais. —Eu só estava ocupado demais querendo voltar pro gelo e tentando descobrir quem era a garota que me visitava no hospital. Não parei um segundo desde que acordei e peço desculpas por isso, porque sei que isso só deixou vocês mais preocupados. Mas prometo que está tudo bem.

—Eu sei, querido. Eu sei. —Minha mãe limpo as lágrimas, se ajeitando com o rosto no meu peito, enquanto eu continuava a abraçando. —Então essa garota realmente existe?

—Tive um encontro com ela hoje. —Afirmei, fazendo minha mãe se afastar na mesma hora, me encarando surpresa, enquanto eu abria um sorriso enorme. —O nome dela é Jasmine. Ela estuda gastronomia na universidade. Eu já a conhecia, só não éramos próximos.

—E por que ela visitava você? —Minha mãe pareceu confusa e curiosa ao mesmo tempo, enquanto eu imaginava o quanto Jasmine ficaria com vergonha quando descobrisse sobre essa conversa.

—Porque ela se importava e se preocupava comigo, mãe, mesmo que não fôssemos amigos. Porque ela tem um coração enorme e é tão atenciosa e gentil. —Falei, observando o sorriso que começou a se abrir nos lábios da minha mãe ao me ouvir falar assim de Jasmine. —Mas ela é um pouco tímida também, o que a fez ficar com vergonha de me contar que era ela. Na verdade, ela esperava que eu não me lembrasse.

—Mas você se lembrou. —Os olhos da minha mãe quase brilharam, como se ela pudesse ver todos os meus sentimentos expostos no meu rosto. —Você se lembrou dela no instante que acordou.

Concordei com a cabeça, pensando no que aquilo poderia significar. O quanto eu queria ter feito algo em relação a Jasmine muito antes. Poderíamos ter ganhado dias, semanas e até mesmo meses.

—Você acredita em destino, mãe? —Indaguei, observando as sobrancelhas dela se unirem quando ouviu minha pergunta, como se estivesse pensando sobre isso.

—Acredito. É claro que acredito. E sabe por quê? —Ela riu, negando com a cabeça. —Sua irmã foi tirada de nós por anos, Briar. E graças a uma única pessoa ela voltou pra nós dois. Foi coincidência que ela acabou na mesma turma de direito do Julian, e que de todas as pessoas da sala, foi com ele que ela acabou sendo colocada pra fazer um trabalho? Foi coincidência que você, Briar, irmão dela, tenha ido morar justamente na mesma casa que Julian mora? Que tenha tido a oportunidade de conhecê-la e reconhecê-la? —Ela segurou minha mão, apertando com carinho, enquanto seu sorriso poderia iluminar uma noite toda. —Prefiro acreditar que tudo isso foi destino, Briar. Ele queria que nós três a reencontrássemos.

—Acho que estou começando a acreditar nele também. —Falei, lembrando da conversa que havia tido com Jasmine quando estávamos no meu quarto. Estava começando a acreditar que ele desejou que eu e Jasmine nos encontrássemos apenas agora, porque antes disso tudo parecia existir para nós afastar.

Jasmine Hollis

Ainda não me acostumei com a ideia de que estou mesmo saindo com Briar. Estamos mesmo ficando, ou o que quer que isso seja. Mas não posso dizer que não estou adorando cada segundo com ele. Depois das nossas últimas conversas, qualquer medo ou receio que eu tinha simplesmente evaporou. Quero aproveitar cada segundo com ele, porque esperei muito por isso.

—Todo mundo tá bebendo. Alguém vai precisar ligar para o pobre do Nathan vir nos buscar depois. —Millie afirmou, enquanto pegávamos mais uma rodada de cervejas.

Estávamos sentadas em uma das mesas no canto do bar, que estava lotado. Julian, Victor e Briar estavam jogando sinuca do outro lado, com alguns caras que haviam acabado de conhecer. E havia a música desregular e engraçada que vinha do palco, das pessoas que estavam se arriscando nó karaokê.

—Achei que ele iria vir com a gente. —Falei, me virando para Millie e Abigail, observando as duas darem de ombros ao mesmo tempo.

—Acho que ele não estava afim de ficar segurando vela pra nós seis. Além de ele não gostar de lugares assim. Festas e bares no geral.

Franzi a testa ao ouvir a resposta de Millie, porque já tinha visto Nathan em algumas festas da universidade com Briar. Ele parecia um pouco deslocado, mas nunca pensei que pudesse não gostar. Briar era praticamente o rei das festas. Ele estava sempre em todas, chamando a atenção e se divertindo com todo mundo.

—Pensei que ele gostasse. Sempre o vi nas festas com o Briar. —Comentei, observando as duas trocarem um olhar significativo.

—Ele não gosta, na verdade. Ele costuma ir por causa do meu irmão, mas normalmente ele vai embora depois da primeira meia hora. —Abigail murmurou, girando a garrafa de cerveja que estava na sua mão. Sua primeira, porque ela estava bebendo muito lentamente, diferente de Millie e eu. —Você sabe que ele tem autismo, né?

—Ah! —Soltei, surpresa, observando Millie e Abigail confirmarem com a cabeça. —Eu não sabia. Não fazia ideia.

—Bom, Nathan não sai por aí contando isso pra todo mundo. Mas também não é segredo. —Millie deu de ombros, enquanto eu absorvia aquela pequena informação. Sempre fiquei muito ligada em Briar. Mas mesmo com Nathan sendo seu melhor amigo, nunca percebi isso, provavelmente porque nunca olhei de fato pra ele.

—Ele é um fofo. —Foi a minha resposta, antes de sentir as mãos de Briar nos meus ombros. Olhei pra cima, abrindo um sorriso pra ele.

—Sabe jogar sinuca? —Indagou, se inclinando e deixando um beijo na ponta do meu nariz, enquanto eu confirmava com a cabeça, o que fez meu coração derreter inteiro dentro do peito. —O que acha de jogar comigo?

—Não sei se isso é uma boa ideia. —Afirmei, já negando com a cabeça, soltando uma respiração assustada quando Briar agarrou minha cintura e me colocou de pé na frente dele.

—Jogo de sinuca ou karaokê, você que escolhe. —Exclamou, me fazendo abrir e fechar a boca várias vezes, tentando pensar em qual dos dois seria pior. —Se escolher jogar comigo, podemos fazer uma aposta.

—Que tipo de aposta? —Indaguei, deixando que Briar me afastasse da mesa onde Julian e Victor se aproximavam para ficar com Millie e Abigail.

—Quem ganhar, pode pedir qualquer coisa ao outro, e o outro precisa aceitar independe do que seja. —Sussurrou no meu ouvido, me fazendo estremecer dos pés a cabeça e engolir em seco.

Continua...

Como conquistar Briar Harding / Vol. 5Where stories live. Discover now