O Limiar da Existência

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— Filha? — Levi permaneceu impassível, mas eu havia despertado sua curiosidade — Outra descendente de sangue real. Então, isso significa que não precisamos de você. Poderíamos te dar para essa criança comer e teríamos um novo portador de titã com sangue real.

— Minha filha não será usada como peão em seus jogos. — Respondi, mantendo a calma diante da provocação. — Ainda assim, se quiserem tentar colocar as mãos em nossa filha, serão vocês a sofrerem a ira da minha rainha!

O silêncio tenso pairava entre nós, como se o impacto das minhas palavras ainda ecoasse no ar. Levi, normalmente tão assertivo, parecia momentaneamente desconcertado. Seu olhar penetrante buscava algo em minha expressão, enquanto eu mantinha uma postura firme, desafiando-o silenciosamente.

— Você... chamou a S/n assim também no dirigível... vocês... não! — Levi arqueou uma sobrancelha, seu olhar oscilando entre surpresa e perplexidade. Uma expressão de descrença tomou conta de seu rosto enquanto processava a informação.

Permaneci em silêncio por um momento, permitindo que a revelação se instalasse. Um sorriso sutil brincou em meus lábios, observando a reação inesperada de Levi diante da descoberta.

Levi permaneceu impassível, enfrentando minhas palavras e gestos com a frieza habitual. No entanto, algo nos seus olhos indicava que as lembranças eram mais difíceis de ignorar do que ele gostaria de admitir.

— O que foi, Levi? Eu disse algo que não deveria? — Sabendo do risco que corria, não pude deixar de aproveitar cada pedacinho da minha vingança. — Você já deveria saber que assim como no xadrez, a rainha funciona melhor com o rei.

Alcancei o bolso do sobretudo, retirando a foto da família que construímos: eu, S/n, e nossa pequena Rory. Desdobrei a fotografia e a ofereci para que Levi pudesse ver.

— Essas são minha esposa e filha. Tenho certeza de que você conhece a S/n, não é? Ela realmente não é a pessoa mais fácil de lidar, então aconselho a ficarem bem longe da criança. — Continuei, cada palavra uma faca afiada em direção ao coração de Levi. O jogo estava em andamento, e eu estava determinado a jogar cada peça com maestria.

Levi permaneceu em silêncio por um momento, seus olhos fixos na fotografia que agora segurava. A expressão habitualmente fria e implacável começou a ceder, substituída por uma mistura de emoções que ele lutava para esconder.

— S/n... filha... — murmurou Levi, como se as palavras estivessem lutando para escapar de sua garganta. A foto parecia ter desencadeado lembranças e sentimentos que ele preferia manter ocultos.

Observando sua reação, eu mantive a postura firme, ciente de que havia mexido com algo profundo dentro dele. A vingança, ainda que momentânea, era uma doce conquista diante das hostilidades que enfrentávamos.

Levi ergueu o olhar da foto, seus olhos ainda refletindo uma mistura de surpresa e resignação. Notei suas lâminas se levantando novamente, mas dessa vez, se ele me acertar, transformarei esta floresta em um campo de batalha.

A atmosfera ao nosso redor tornou-se eletricamente carregada, com a iminência de um confronto latente. Levi, ainda segurando a foto, lançou-me um olhar afiado, seus olhos revelando uma mistura complexa de emoções reprimidas.

Diante da ameaça representada pelas lâminas de Levi, respirei fundo, mantendo-me firme. Exatamente naquela hora, alguns soldados gritaram, dando alarde sobre a chegada do mensageiro. Levi paralisou como se estivesse retomando a consciência. Sem dizer nada, ele guardou a fotografia consigo e me deu as costas, subindo até um tronco alto onde outros soldados estavam.

Mesmo de longe, eu conseguia ouvir parte da conversa. Tranquilamente, me servi com chá quente, e não demorou até que o baixinho voltasse até onde eu estava.

Freedom Wings - Levi AckermanWhere stories live. Discover now