Capítulo 63: My Dear Sister.

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A sala do trono estava completamente vazia quando passei pelas enormes portas duplas ornamentadas com detalhes intrincados. Meus passos ecoaram pelas paredes decoradas com tapeçarias, o candelabro de cristal preso ao teto era a única iluminação da sala ampla, já que a luz do sol mal havia desbotado no céu ainda.
Caminhei com passos deliberadamente lentos na direção do trono, parando em frente a escadaria que levava até ele e fique lá, observando não o trono em si, mas os retratos dos Reis anteriores atrás dele.
Meu avô estava retratado lá, o grande Eratos Falckhan, O Conquistador.
Nunca o conheci, na verdade, mas ele parecia tão familiar naquele retrato, e isso não era só porque olhar para seu retrato era como olhar para meu pai — que provavelmente tem a mesma idade que Eratos tinha quando foi destronado e morto.
Ouvi tantas histórias sobre ele. Historias essas que nem sempre se tratavam apenas do Rei tirano e ambicioso que ele foi, às vezes detalhavam as melhorias que ele trouxe.
A mais ou menos oito anos meu pai ficou conhecido como O Rei Pacifico, e, durante essa ocasião, ele desabafou, dizendo que estava feliz pelo renome, mas que sabia que não seria lembrado. Quando o perguntei porque, ele me deu a maior lição que eu já aprendi na vida.
Ele me disse que um Rei que travou uma grande guerra e venceu, como o Rei Alexandre Hawise, O Grande, seriam lembrados por sua vitória. Reis que passaram por uma grande crise a superaram, como Milo Grannus, O Sabio, seriam lembrados por sua perseverança.
Contudo, um Rei que governou sempre sobre um longo período de paz e prosperidade, não passou por algo realmente grande do qual a população o lembrar.
Ele concluiu dizendo, com um largo e resoluto sorriso no rosto, que nem sempre a glória é acompanhada de fama, e que um bom Rei é, geralmente, aquele cujo povo não tem nada do que comentar.
Meu avô era um conquistador. Ele guerreou por terras, e as tomou para ele. Foi o Rei que mais expandiu o território de Haiford em mais de 600 anos. O mais poderoso Rei humano, pelo menos é o que meu pai costuma dizer.

— Você escolheu esse lugar devido à ironia nisso tudo… irmãzinha? — Eu sussurrei para o quadro, para o trono, e, quando me virei para trás, e, como esperava, encontrei Sabrine parada a alguns metros da entrada.

Ela parou de se aproximar instantaneamente. Imagino que pensou que eu não a notaria, afinal, tenho quase certeza que ela usou alguma magia para ocultar sua presença.
Bom, isso não aconteceria. Conseguia sentir a presença dela de alguma forma. Na verdade, tem um tempo que eu sinto a presença de todos a minha volta, como se cada pessoa emanasse ondas de energia que apenas eu podia notar.
Ninguém podia se aproximar de mim sem que eu percebesse mais.

— Não, eu o escolhi para que o trono fosse a última coisa que você olhasse enquanto eu acabo com você, irmãzinha. — Ela ergueu o rosto e me olhou nos olhos, e parecia outra pessoa. Sem sorrisos falsos, sem fingimento, apenas um olhar carregado o mais sincero desprezo.

Foi quando eu percebi que não importava o que eu fizesse ou dissesse, Sabrine Falckhan, minha irmã mais nova, simplesmente me odiava e continuaria odiando.

— Mas admito, tem muita ironia envolvida, né? — Ela brincava com o cabelo enquanto falava, sempre me olhando com desdém. — Aqui foi o último lugar onde o Papai e o Vovô se viram, e também estavam lutando. Vamos fazer igual agora… Aqui também é onde você começou, pouco a pouco, a tirar tudo de mim… vou fazer igual agora.

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