Capítulo 54: Raiva e Lágrimas.

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Não importa para que lado eu olhasse tudo que eu conseguia ver uma enorme caverna, vazia e escura. Quando eu gritava a minha voz não ecoava. Eu nem mesmo conseguia ouvi-la.

Comecei a andar pelo o que parecia ser um corredor de rochas, mas não importava o quanto eu andasse, ou até mesmo corresse, pois por um longo tempo eu tentei correr, eu não chegava a lugar nenhum.

Foi quando eu senti a mana pairando no ar. Bem lentamente uma neblina foi se formando a minha volta e então foi como se eu despertasse de um sonho. Ou para um.

Eu estava no meio de um campo de batalha. As árvores a minha volta se contorciam e se agitavam como se estivessem vivas. A alguns metros a frente havia uma pequena cratera de onde chamas azuis dançavam sobre a terra e pilares de fumaça se erguiam, serpenteando até o céu.

Olhei para o lado e vi Gwen parado logo ali. Seus olhos brilhavam em um azul intenso, mais intenso do que o normal, e eu conseguia sentir o poder concentrado neles. Também conseguia ver os rastros por onde lágrimas haviam escorrido pelo seu rosto.

Tentei falar com ela, mas não consegui. Tentei me mover, mas também não consegui. Foi quando o desespero me atingiu. Tentei gritar, me contorcer, pular ou correr. Tentei fazer qualquer coisa. Mas não fiz nada. Eu não consegui fazer nada.

Nesse momento eu escutei uma voz rindo em minha cabeça. Podia sentir o divertimento. E quando eu reconheci a voz eu também soube o porque eu não podia me mover.

O meu corpo não era mais meu. Eu não era mais eu. Eu estava apenas observando enquanto Eragon, o Deus Dragão, assumia o meu corpo e me controlava sem que eu pudesse fazer nada.

— Vamos lá, Aidem. Não me diga que isso te matou. Você é mais forte que isso. Vamos lá, saí logo daí. — Gwen murmurou em súplica. Parecia desesperada, e lágrimas ameaçavam escorrer de seus olhos novamente.

Eu, quer dizer, Eragon apenas desviou o olhar na direção da cratera e disse, com a minha própria voz soando estranha e ridiculamente arrogante.

— Ele está vivo, minha Criança. Nem sequer se machucou... — Houve uma pequena pausa e então um sorriso se formou no rosto dele, no meu rosto. — Mas Flammae também está vivo, antes que pergunte. —

Uma explosão de energia vermelha iluminou a cratera e Aidem saiu voando lá de dentro.

Três raios vermelhos dispararam atrás dele, mas Aidem rebateu os três com extrema agilidade. A lâmina brilhando na cor negra toda vez que entrava em contato com a energia vermelha.

Flammae saiu correndo de dentro da cratera assim que disparou os raios. Quando Aidem bloqueou os três raios e aterrissou no chão o Deus do Fogo já estava goleando horizontalmente com a lança.

Aidem se abaixou no último instante e a lança dourada passou por cima dele sem oferecer perigo. No mesmo instante o espadachim girou sobre os calcanhares e completou o giro golpeando com a espada.

A lâmina atingiu a barriga do Deus do Fogo e uma pequena explosão de energia vermelha arremessou ele para longe. O impacto fez Aidem cair para trás, rolando duas vezes na terra antes de conseguir se recompor e se levantar.

— O que estão esperando? Vamos atacar. Todos juntos dessa vez. — Aidem falou enquanto olhava para nós por cima do ombro.

Gwen saiu correndo na direção dele no mesmo instante, já eu, Eragon, abriu o par de asas em suas costas e ergueu a espada cima. Um raio negro caiu sobre ela como se fosse um para-raios.

O campo de batalha repentinamente se tornou um borrão. Eu comecei a correr pela floresta, serpenteando entre as árvores e indo em direções aleatórias. As árvores pelas quais eu passava não eram nada mais do que borrões de movimento que eu logo deixava para trás. E outra coisa que eu deixava para trás era eletricidade.

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