Capítulo 61: O Inigualável Rei.

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Aidem e Robert foram os primeiros a passarem pelo portal de Core, e Nero, instantaneamente, começou a me bombardear com um milhão de perguntas.

Obviamente eu as ignorei. A curiosidade falava mais alto.

O continente Demoníaco sempre foi um dos meus mais principais pontos de interesses. Um que acabei ignorando por motivos óbvios.

Agora, a apenas um passo de distância, estava a minha chance de entrar naquele continente sem iniciar uma Guerra apenas por estar lá.

— Você confia nele? — Ouvi Nero perguntando.

Olhei para ele com seriedade, tentando decidir qual seria a forma mais correta de responder essa pergunta... Mas não era tão difícil assim.

— Confio nele com a minha vida, mas não confiaria a vida dos meus companheiros a ninguém.

Seus olhos se arregalaram de surpresa e, a princípio, ele não disse nada, apenas me encarou chocado. Então a surpresa se desfez, primeiro com um largo sorriso e depois uma gargalhada empolgada.

— Hahahahaha. Se mudou demais, Terceiro. Tu nunca falaria uma merda dessa antes! Hahahahaha.

— Olha só quem tá falando, você parou de procurar briga e correndo atrás da sua Elfinha todo lado agora.

A risada do Nero foi cessando conforme seu sorriso também murchava, e essa foi a minha deixa passar pelo portal. Foi como se alguém tivesse dobrado o mundo em cima de mim, como um cobertor cobrindo uma criança em uma noite fria.

Um Vórtex negro, um turbilhão de escuridão que me puxou para dentro, me engolindo por completo e me cuspindo em um lugar diferente. Em um mundo diferente.

O céu era vermelho escuro, como se sangrasse em agonia constante, as nuvens negras se espalhavam estranhamente no céu, pareciam seguir algum padrão bizarro que eu não conseguia reconhecer.

Estávamos no pico de uma montanha, e o próprio terreno parecia grotesco, enegrecido, com aparência doentia, e até mesmo o ar parecia carregar constantemente um cheiro insuportável de enxofre.

Por um momento eu achei que estava nevando, mas logo percebi que não era neve, estava quente demais para ser isso. Eram cinzas. Provavelmente haviam dezenas de vulcões por aqui.

Encontrei Aidem sentado no chão em frente ao portal, e, para a minha surpresa, ele estava com os dois pés. Quando notou a minha chegada olhou por cima do ombro, mas logo voltou a sua atenção para os próprios pés — principalmente o pé esquerdo, que ainda tinha a pele meio rosada, como o único sinal de que fora reconstruído.

Olhei ao redor, procuro por Robert em meio aquela paisagem apocalíptica — não, apocalíptica não, demoníaca. E lá estava ele, a alguns metros à frente, no limite da montanha, observando o horizonte com as costas voltada para nós.

Comecei a me aproximar dele sabendo que algo estava errado. Primeiro pensei que fossem só suas roupas, elas estavam ligeiramente diferentes de antes, o cachecol de plumas em seu pescoço também estava maior.

Mas quando me aproximei percebi que não era só isso. Seu cabelo estava um desarrumado, a franja perfeitinha de antes completamente desfeita. Seu rosto parecia ter envelhecido, ganhando destaque em seus traços mais sérios.

No geral toda sua aparência tinha mudado, como se ele tivesse envelhecido dezenas de anos ao atravessar o portal. Mas, só quando percebi a falta do seu colar de crucifixo em seu pescoço, que eu fui realmente entender o que estava acontecendo.

Enquanto estava no nosso mundo original — que eu vou passar a chamar simplesmente de Planeta Terra, para facilitar — Robert estava usando uma magia de ilusão em si mesmo.

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