O decreto de Natal - Parte XXXX

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Mudaram as estações e nada mudou, assim dizia a canção e também pensava Bianca que se casaria no dia de amanhã. A cada vestido que passava dentro daquela loja enorme, a cada tecido que tocava lembrando da esposa era como se passasse novamente numa mesma cápsula do tempo de bons sentimentos.

Queria rir e chorar, mas sentia no peito a sublime certeza de que nada era maior que aquele amor cultivado com tanto cuidado ao longo do tempo. Brigavam? Dia sim e dia também. Se provocavam? Quase todos os segundos, mas numa troca de olhar vinha tudo o que tinha no peito e amavam-se com fervor.

Tanto que para além das provocações recentes mantinham-se tão conectadas que Bianca quase não podia descrever como. Não era só pele, por mais que fossem incríveis sobre a cama, era realmente conhecer a outra e saber ceder.

— Porque você está assim amor? — Bianca questionou se apoiando na mesma varanda que Rafaella. O dia estava amanhecendo e se perguntava se a loira havia dormido.

— Não queria te chatear — Rafaella mencionou encolhendo os ombros e os braços reconhecendo que talvez tivesse ido longe demais. Não queria que assim fosse, Bianca até dormiu mais perto das crianças e menos dela.

— E não o fez! Acha que se eu estivesse teria me levantado a essa hora da manhã enrolada num cobertor imaginando se você não estava com frio por aqui? — A morena perguntou abrindo a colcha muito aconchegante para que sua esposa entrasse. Assim que o fez deu um beijo na cabeça da mulher.

— Então você me ama? — Rafa perguntou sabendo a resposta. Em se tratando de Bianca ela sempre sabia o que não impediu a morena de tocar abaixo do seu queixo e sorrir de lado um dos mais lindos sorrisos que já a dedicou.

— Te amo muito mais que ontem e hoje menos que amanhã — A morena disse e de uma forma suave tocou os lábios os fundindo num sentimento único de paz e acalento. Trocaram calor mas, além disso, também um pouco mais de vida enquanto beijavam os lábios felizes e atingidas por quão grande e forte era aquele amor.

— Eu também te amo — Rafa disse ao fim do beijo, depositando selinhos nos lábios da sua senhora demoradamente — Sempre — Dedicou — Sempre — E outro — Sempre — Concluiu e finalmente se afastou.

— Amanhã — Bianca cedeu retirando o ar dos pulmões olhando para Rafa que a olhou com dúvidas em sua face — Esteja pronta amanhã, na virada, não quero que passe mais um ano sem que saiba — Que ainda a amava, publicamente, com a mesma força, com a mesma intensidade e direção.

E não precisou de mais palavras. Rafaella tinha entendido sem nem tentar nada demais que aquilo era sobre a surpresa. Mas, principalmente também, tinha compreendido algo muito importante: As vezes quando menos sonhamos algo acontece diante de nossos olhos e quanto menos fazemos para isso acontecer, quanto mais entregamos a condição de realização para o destino mais isso se torna especial.

— E então você contou? — Manu questionou e Bianca fez que sim confirmando para a amiga de sua esposa — Nesse caso as expectativas agora estão muito mais altas, pois a general de alguma maneira espera algo muito incrível. Você sabe como Rafaella é perfeccionista! — A menor reiterou com sua prancheta em mãos colocando a cabeça para pensar um pouco como se fosse a dona e senhora de todo espaço — Mariana, por favor ajudar a Bianca com o vestido das noivas. Flay e Miguel conformar o horário do espaço e se poderão nos receber. Eu mesma: Ver os detalhes finais do buffet e da banda. No fim não tem muito erro — Manu esperou que assim fosse, porém mais para si, afinal, não queria alertar desnecessariamente uma noiva tão feliz e realizada.

Bianca não só parecia, mas estava nas nuvens, ainda mais envolta de vestidos brancos que a  lembravam o céu. Passeava por entre eles, sempre lembrando algum detalhe bonito da vida, de sua família, e de tudo o que tinha com muita felicidade e gratidão. Não era só a reflexão em si, mas também os sintomas do fim de ano.

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