O decreto de Natal - Parte X

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Rafaella não se contentou com a resposta, mas não permaneceu insistindo, primeiro porque preferia ouvir as verdades sem ter que pressionar e segundo porque não tinha tempo. Precisava das malditas framboesas para terminar sua receita!

Antes, no entanto, tinha que se livrar do caos instaurado na cozinha naquela metade de dia.

— Devemos começar desde agora porque assim todos poderão comer às oito da noite — Mônica pontuou passado meio dia começando a vasculhar pelas panelas de Rafaella. A loira teve a mão segurada por Bianca. Haviam pelo menos três mulheres acostumadas a cuidar de uma cozinha e de refeições para suas respectivas famílias e a receita para o desastre estava diante dos seus olhos.

— Não é necessário se vamos comer apenas às zero horas — Genilda pontuou pegando as panela na tentativa de guardá-las. Mais duas mãos na sua Panela Day By Day 24cm + Sauté Grand 24cm + Tampa 24cm Polishop.

Bianca sussurrou um suave "vai ficar tudo bem" ao pé do ouvido a título de calma para esposa. Isso só durou dois segundos. Bem até Dani aparecer na cozinha insistindo que queria fazer uma receita de pavê e precisava começar o quanto antes.

— É pavê ou "pa" comer? — Renato perguntou segurando uma risada indo no encalço de Dani, sendo aquelas pessoas que fica na cozinha aguardando uma panela ou outra de brigadeiro sobrar no meio da receita.

— É para enfiar no... — Já se encontrava um tanto quanto irritada e poderia pontuar pelo menos cinco tragédias anunciadas dentro da cozinha e todas seriam resolvidas se acaso decidissem uma única pessoa para cozinhar. Ou para não cozinhar.

— Rafinha! — Bianca impediu tapando sua boca rapidamente. Aquilo não era forma de extravasar a bolha de estresse.

— Vão acabar com a minha cozinha! — Dramatizou a loira fingindo um desmaio e sendo socorrida por uma Bianca que somente segurou a risada que era metade graça e metade alívio. Era realmente cômico ver a mulher desesperada por um conjunto de panelas que a empresária poderia comprar aos montes. E compraria.

— Se acabarem eu te compro uma nova — Brincou a carioca beijando a bochecha da esposa só por brincadeira, mas Rafaella não parecia muito vulnerável a suas gracinhas.

O que porra está acontecendo?

— Não posso confiar que compre algo. Afinal, segundo me deixou saber, sequer tem presentes para as crianças. E já devem abrir amanhã — Com sua fala Rafaella sutilmente deu abertura para que a esposa entregasse a verdade que ela já sabia. Não seria constrangedor, não seria idiota, era fácil. Somente falar.

— Mais uma razão para deixar essa cozinha de lado e somente sair daqui. Compramos presentes, compramos a cozinha e até uma casa nova se você quiser, só não quero te ver irritada num dia tão especial para nós — A morena disse levando a mão da loira até a sua barriga, promovendo uma carícia com os dedos maiores se movimentando guiados pelos seus. Rafa sentiu que suas defesas se romperam todas ali. Porque tão absolutamente amável?

— Você vai me comprar framboesas? — A general fez um beicinho para a tenente que respondeu sua pirraça com um selinho totalmente demorado.

— Uma feira, uma plantação, a porra de uma fazenda, tudo para ver esse sorrisinho exatamente onde está — Apontou assim que a maior colocou aquela meia lua estampada no seu rosto. Os olhos brilhavam como estrelas e de repente seu rosto inteiro era uma noite mansa que fazia Bianca sonhar só que acordada com uma vida linda e cheia de mais e mais momentos como aquele em que o mundo parava numa troca intensa e silenciosa.

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