Capítulo 71 - A guerra permanece indefinida

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Desculpem se o capítulo de hoje estiver muito técnico, mas essa uma fic cujo o plano de fundo é educação e é escrita por uma professora. Portanto, vocês que lutem com os temas pedagógicos!

O debate já iniciou acalorado. Por, sobretudo, ter sido inflamado desde os bastidores.

O primeiro tema era a alimentação saudável na escola. E Rafa, por mais que fosse a pessoa mais viciada em doces que Bianca conhecia saiu rapidamente em vantagem.

— Concordo que é de suma importância entender que alimentação saudável é fator preponderante para a o desenvolvimento da criança e que a escola, nesse sentido, deve se envolver nisso. Mas falar que compreendemos e parar por aí é ver o problema e não buscar soluciona-lo. Por isso, para resolver a questão evidente, proponho que em minha gestão trabalhos voltados para o estudo dos rótulos serão frequentes. E porque através de um gênero textual especificamente? Por ser mediante eles que cumprimos uma função social, porque é por meio do da pesquisa sobre os componentes nutricionais, na leitura, numa lição de casa e até na hora da merenda que a criança poderá cumprir e absorver o necessário para uma boa educação alimentar e, ainda, estimular e exercer comunicação — Rafaella falou com sua oratória impecável e Bianca sequer pediu a palavra para si novamente.

Melhor deixassem o assunto alimentação de lado. Naquilo Rafa sempre seria melhor mesmo, pois a mineira era impressionante na cozinha.

O que Bianca Andrade sabia mesmo veio em seguida.

Escrita e nos anos iniciais.

— Durante muito tempo áreas responsáveis pelo estudo da língua tratavam-na como algo que requeria única e somente um padrão específico, portanto, o ensino tinha como foco mais um processo que partia das unidades menores, os fonemas, para as maiores, a fala. Mas, felizmente, isso se alterou e hoje o objeto de estudo da língua está mais voltado para o processo que para o resultado da aprendizagem. O estudo da escrita passa, nesse sentido, a levar em conta erros e acertos como fases da aquisição de um conhecimento que, mais que tudo, deve ser estimulado pela família... —Rafaella riu de canto triunfo apenas esperando que Bianca terminasse para pedir uma réplica.

— Interessante seu ponto de vista, Senhorita Andrade. Inclusive, acho que essa ideia da família como ferramenta para o bom desenvolvimento psicossocial foi muito discutida por esses dias... — A dona de casa pontuou com desdém fingindo lembrar de onde viu isso — Me recordei. Foi na minha apresentação e, em seguida, no meu evento — A presidente pontuou lambendo os lábios na direção de Bianca.

Não achou que cairia tão rápido. Ao menos achou que daria batalha.

— Sua ideia? Engraçado... Ao ler Vygotsky não vi nenhuma referência a você ou ao seu evento. Lev, especificamente, fala em sua obra que o aprendizado na criança parte das interações do homem com o ambiente, de maneira que a relação com a família não pode ser excluída disso de forma alguma. Então, sinto te informar, que você não foi a pioneira nessa prática meramente associativa. Assim, se me deixa continuar, eu proponho que os pais sejam mais ativos no processo de aquisição da escrita por meio de atividades rápidas que podem ser realizadas no dia a dia, inclusive, em seguida se chega da escola. Alfabetos construídos através de massa de modelar, canudos e objetos que se encontram com facilidade em casa e que tem alguma coisa. E, principalmente, que tudo isso seja feito mediante o pensamento de que confundir o "l" com o "r" ou coisa do tipo fazem parte do processo para chegar ao pensamento adequado — Bianca discursou deixando, em sua acepção, Rafaella comendo poeira.

A general pensava mesmo que ela não tinha calculado cada palavra que disse?

Da mesma maneira que a plateia em algum momento havia brigado com Rafaella passou a fazê-lo por Bianca.

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