O decreto de Natal - Parte XXIV

458 45 12
                                    

— Amarelo? Você acha que eu tenho uma esposa que tem cara de que vai gostar de amarelo? Se eu aparecer com flores assim ela vai comer meu cu e não é do jeito que eu gosto — Pontuou Bianca dispensando o cerimonialista da sala sobre as risadas de Flay e Miguel.

Na última vez que se casou com Rafaella não tinha como dizer que foi um mar de rosas. Brigaram muito para decidir algumas coisas, quase não chegaram a um consenso, mas no fim se acertavam. Claro que isso acontecia mediante a duas doses de cama e um Bianca dizendo "sim, senhora", mas não questionaria os métodos se apresentassem resultados.

Agora, entretanto, o cenário era distinto. Havia pedido Rafaella em casamento em plena manhã de natal, propondo uma renovação de votos e queria tornar aquilo uma realidade antes do ano novo, o que lhe pareceu desde o princípio uma grande ideia.

No meio se demonstrava diferente. Mesmo que dispusesse de tanta pompa e riqueza se apresentava impossível organizar tudo sem que ficasse no pico do seu estresse. Nesse instante já estava tomando água, o pé para cima e um ventilador ligado. Casar era insalubre, porque alguém faria isso duas vezes?

— Eu estou maluca não é? Vou ligar para Rafaella dizendo que não vamos mais casar — Tentou pegar o celular, mas seu amigo impediu como se ela estivesse louca não por desistir, mas por ousar ligar para sua esposa — Ela vai entender — Persistiu Bianca e Miguel negou — Vou te demitir — Ela disse e ele entregou o aparelho caindo no blefe que Bianca nunca concretizaria. Flay, sabendo disso, começou a recrimina-lo enquanto Bianca destravava a tela do aparelho.

Nela uma foto tirada nesse último natal. A general acariciava a barriga da tenente e se olhavam com todo amor do mundo enquanto as crianças não desviavam os olhos delas. Fora pouco depois do pedido de casamento e por isso ainda tinham lágrimas nos olhos. Era uma emoção captada e guardada num frame atemporal.

— Eu vou casar — Disse quando a amiga estava prestes a ela mesma demitir o pobre Miguel.

— É claro, no fim se você assume com tanta avidez que alguém come seu cu e você gosta acho que o jeito é mesmo casar — Disse Miguel recebendo uma almofadada de Bianca e em seguida uma de Flay também. Não havia tristeza no escritório, a bigboss ia se casar (de novo).

Quando desistiram de vez da cerimonialista tudo pareceu finalmente caminhar como deveria. Bianca passou a pesquisar as coisas a seu modo, montando como o fazia com suas campanhas, a partir do zero, mas sempre levando em conta os gostos de sua esposa. Com o tempo, e sabendo como ela era, ficava mais fácil supor do que se agradaria e do que não.

Ainda assim também concluiu que com o tempo que teria precisaria contar com mais pessoas, o que também a motivou a algumas ligações de amigas amigas antigas antes que efetivamente desse por terminada aquela tarde de trabalho.

Depois de tanto pensar em Rafaella e na família acabou sentindo uma saudade dos seus que a obrigou a encerrar tudo mais cedo para que pudesse finalmente chegar em sua casa onde se encontrou com uma visão sempre estonteante:

Rafaella ajeitando seu biquíni laranja enquanto bebia distraidamente. O sol parecia cair sobre seu corpo como uma água ansiosa por banhar um corpo que atraía toda luz. Mais que bonita era bela, bela como uma tarde de sol.

Suas curvas apenas ficaram mais acentuadas com o passar dos anos. Havia começado a malhar tinha pouco tempo, mas tão bem como sempre esteve agora só aumentava a quantidade de partículas de gostosura sobre seu corpo.

Bianca estava atraída, terrivelmente, e esse quase foi o motivo para continuar da porta do jardim sem mover um músculo. Temia que se fechasse a boca finalmente toda baba escorresse.

— Lenço? — Renato, o cunhado, ofereceu. Engraçadinho como era fazia bem o seu estilo interromper suas divagações com gracinhas de tiozão.

— Se for para enfiar no seu... — Não concluiu, afinal, percebeu a sogra passando e apenas calou as palavras. Renato apenas riu mais alto. Se Bianca tinha medo da filha era de se esperar que tivesse também da mãe — Salvo pelo gongo — Implicou ela abaixando seu óculos no rosto e tirando o blaser, jogando a roupa sobre o parente para que se aprimorasse da esposa a quem finalmente provocou aquela vez no dia.

O Decreto Kalliman Onde as histórias ganham vida. Descobre agora